Capítulo 132 - Ilusões

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A fera deu uma investida com suas duas patas enormes, e Dumbledore a repeliu agitando a varinha. A Manticora porém usou seu ferrão para tentar atingir Ella, que saltou para trás rapidamente, seus olhos concentrados em Carrow que agora recebia ajuda de Émilie para se soltar, a fera lançou um jato de espinhos e Dumbledore e Ella aparataram para se desviar, enquanto Maylos pulou para o lado com os olhos no céu.

- Olhem! - disse ele apontando para cima.

Carrow deu uma gargalhada maldosa.
- Eu trouxe alguns amigos, se não se importam. - disse ele debochado.

A chuva parou de repente e um silêncio mortal foi tomando conta da floresta, enquanto coisas que pareciam com guarda chuvas negros, desciam sobre aquela parte da floresta, Ella arregalou os olhos quando percebeu o que era.
- Mortalhas vivas! - sussurrou ela surpresa.

Dumbledore que lutava contra a Manticora que parecia determinada em matá-lo, ordenou rapidamente.
- Afastem essas criaturas daqui, Ella invoque seu patrono.

- Não será preciso - gritou Maylos se transformando em cervo, sua luz irradiada fazendo os vultos negros pararem de se aproximar.

Dumbledore sorriu, e continuou a duelar contra o grande animal que rugia ferozmente e dava investidas, ora com os dentes de tubarão, ora com a cauda que tinha um ferrão de escorpião na ponta, ora batendo as patas com força no chão fazendo tudo estremecer.
Ella duelava com Carrow, e Maylos os protegia das mortalhas, e duelava contra Émilie.

Ella lançou um feitiço que parecia com uma parede de fogo, Carrow aparou o feitiço, mas seus pés deslizaram no chão tamanha a força.
- Está mais forte minha querida, mas não pense que isso vai proteger seu filho de mim - zombou Carrow lançando uma maldição da morte contra ela.

Ella desviou olhando surpresa para ele.
- Quer me matar agora, Carrow? - perguntou ela apertando os olhos e lançando um feitiço que explodiu uma árvore detrás quando Carrow se desviou.

- Não preciso mais de você, depois que eu matá-la, terei um brinquedo mais divertido para meus testes. - disse ele com escárnio, rindo com perversidade.

- Não vai tocar um dedo no meu filho! - gritou ela lançando um feitiço que atingiu Carrow no peito e o lançou há uns cinco metros de distância.

Émilie olhou para seu mestre com o semblante angustiado, e correu para ajudá-lo, Ella tentou segui-los pois sabia que iriam fugir, mas a Manticora bateu a pata no chão, e ela se desequilibrou caindo no chão, Dumbledore rapidamente se colocou ao lado dela para defende-la do animal. E Ella aproveitou sua posição no chão, e apontou a varinha por debaixo do animal e lançou um feitiço não verbal que atingiu a varinha de Carrow em cheio, a explodindo em faíscas vermelhas, como fizera com a varinha de Mundungo anos atrás.

- Boa mira Ella. - elogiou Dumbledore satisfeito, enquanto lançava seu patrono para ajudar Maylos, que agora enfrentava centenas de mortalhas vivas.

Carrow deu um berro de puro ódio, e fez menção de que iria atacar, mas Émilie o segurou, e os dois correram floresta adentro.

- Ele vai fugir - disse ela, mais pra si mesma do que para Dumbledore. E se levantou rapidamente correndo atrás deles, só para descobrir que ambos desaparataram poucos metros a frente.

Dumbledore estava levando a melhor contra a manticora, o animal bufava de cansaço, e seus ataques estavam mais lentos, logo ela cairia em algum feitiço, Maylos também estava se saindo bem, havia intensificado sua luminosidade, e agora ajudava Dumbledore com a manticora.

Ella ficou satisfeita em ver que estavam bem, mas um sensação estranha chamou sua atenção, e ela olhou para a escuridão da floresta, sentindo uma presença, não poderia ser uma pessoa, seria outra criatura?
A coisa se aproximou passando dentre as árvores, e quando Ella finalmente viu o que era, a varinha caiu de sua mão, e ela ficou paralisada em choque.
Um homem muito bonito, com cabelos negros e cacheados se aproximava, seus olhos cinzentos encaravam Ella com um ar de mistério, seu sorriso doce fez o coração de Ella se partir, isso é, se fosse possível um coração morto voltar a se partir.
Sírius Black a encarava e havia mais alguém além dele ali, porém Ella não conseguia reagir, nem desviar os olhos de seu único e grande amor, sua única reação foi uma lágrima solitária escorrendo de seu olho esquerdo.

- Ella... - uma voz feminina em tom de soprano perfeito, a chamou dentre as árvores, e ela desviou o olhar rapidamente para ver quem era.

Era uma versão dela mesma, mais forte, mais imponente, e implacável... os olhos eram de um vermelho injetado, como os de Voldemort, e seus dentes eram afiados como de um vampiro, no entanto ela conseguia ser ainda mais bonita que a Ella original.

A falsa Ella abraçou Sírius e deu um sorriso para sua igual.
- Você sabe que essa é a unica saída para nós. - disse a cópia se aproximando com passos lentos e elegantes. - Se você for poderosa o suficiente poderá trazer Sírius de volta, poderá ter sua vida de volta. Sabe o que deve fazer...

A Ella verdadeira observou sua cópia com um olhar intrigado, ela conseguia ouvir gritos abafados que ecoavam por detrás dela, mas ela não conseguia distinguir o que diziam, ela não queria saber o que Dumbledore e Maylos tinham a dizer, ela só queria ouvir sua cópia e olhar para Sírius uma última vez.

- Não existe magia que possa trazer os mortos a vida - balbuciou ela para sua cópia.

A Ella falsa sorriu com compaixão.
- Claro que existe, o poder se manifesta de diversas formas, mas você é covarde demais para conquistar o que quer... o que merece...

- Mas isso seria magia das trevas... Não posso...- murmurou ela olhando para Sírius que agora estendia os braços para ela suplicante.

- Veja o que a luz me fez Ella, passei 12 anos preso por um crime que não cometi, e morri por uma causa perdida, olhe tudo o que você sacrificou pela luz, tudo o que perdeu, me diga... Valeu a pena? - disse Sírius com lágrimas nos olhos.

Ella começou a chorar e deu um passo a frente, a voz de Dumbledore se tornava mais alta a cada segundo, mas ela ignorou, Sírius chorava, e era só o que ela podia ver naquele momento.
- Antes eu pensei... Achei que valia a pena, mas agora... - a voz dela se perdeu entre o pesar e a dúvida.

- Sabe o que deve fazer Ella - disse a falsa Ella - precisa fazer! Renuncie a luz, abrace as trevas! E poderá ter Sírius de volta, poderá ter sua vida de volta! Nem Dumbledore ou Riddle serão páreo, se você ousar tomar o poder que lhe é merecido.

- Faça isso Ella! Faça por mim! - pediu Sírius desesperado correndo para abraça-la.

Ella o apertou em seus braços, sentindo seu coração satisfeito e feliz pela primeira vez desde que ele se foi.
  A sensação era maravilhosa, mas não podia ser real, não era verdadeiro, a única coisa que a fazia se sentir viva nos últimos dias era a dor, e sem toda aquela dor, nada mais existia...

Ella se afastou e olhou para Sírius, gravando em sua mente cada detalhe daquele rosto bonito, afagando os cabelos dele e chorando dolorosamente. Era isso, a dor sim era real, aquele Sírius não.
- Me perdoa... Não posso...- sussurrou ela se afastando.

No mesmo momento Dumbledore chegou e lançou um jato de luz azul que atingiu Sírius no peito, e ele se desintegrou no ar.
A falsa Ella tentou atacar, mas foi impedida por Dumbledore que rapidamente acionou seu desiluminador fazendo a cópia de Ella se transformar em uma espécie de mosquito gigante.

Ella meio que acordou de seu transe, sentindo um desconforto no peito, e viu que o tal mosquito estava sugando seu sangue, direto do coração. Não era Sírius, não era uma versão dela, era apenas uma ilusão causada por um parasita das trevas.

Então Maylos apareceu correndo em sua forma de cervo e acertou o mosquito com a sua galhada prateada, e o monstro se desintegrou desaparecendo no ar com uma fumaça densa, de odor adocicado.

A chuva voltou a cair, e o mundo parecia vazio e triste como antes, Ella se ajoelhou no chão chorando, a visão do corpo de Sírius sendo desintegrado ainda viva em sua memória, mesmo sabendo que era falso ainda lhe causava dor.

Dumbledore se ajoelhou ao lado dela, e Maylos voltou a sua forma humana, ambos a abraçando, dando apoio a sua dor.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora