Capítulo 129 - Ausência e Destino

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Ella havia recebido um recado enigmático de Dumbledore, eles deveriam se encontrar em um local afastado, longe de Hogwarts, em uma vila bem afastada.
Ela chegou primeiro a casa, um local velho mas limpo, era notável que ninguém morava ali, e que seja quem fosse fazia apenas visitas ocasionais para manter tudo limpo.
Dumbledore chegou logo depois, entrando com uma longa capa de chuva para se proteger do granizo que caía lá fora.

- Alvo? Porque me chamou para essa casa? De quem é? Há resquícios de uma magia incomum vinda do andar de cima. - disse ela sem o cumprimentar, ambos já tinham o costume de ir direto ao ponto, ultimamente não havia tempo a se perder.

- Magia maligna? - perguntou Dumbledore desconfiado.

Ella franziu o cenho tentando sentir.
- Não. Magia normal, mas bem incomum para um bruxo. - respondeu ela tocando a parede de leve.

Dumbledore sorriu, seu corpo relaxou rapidamente.
- Sei ao que se refere, esta foi minha casa de infância Ella. Foi aqui que cresci. - contou Dumbledore com um olhar nostálgico e triste.

Ella olhou novamente para as paredes como se avaliasse o local.
- Tá, legal. Porque me trouxe aqui? - perguntou ela de forma prática.

Dumbledore riu baixinho.
- Deve pensar que sou um velho tolo, e que estar a beira da morte me deixou nostálgico. - disse ele bem humorado.

Ella não sorriu.
- Sei que a morte é uma lei natural para tudo o que vive, mas ainda não me... acostumei a idéia.

- Compreendo - respondeu Dumbledore com brandura. - Sente falta de Sírius?

Ela olhou para a janela ao responder.
- Não existe um segundo sequer que eu não sinta falta dele. A saudade me corrói por dentro com mais intensidade que a magia negra.

- Eu sinto remorso, e por isso não aceitei a morte de minha irmã, você sente saudade, seu corpo padece pela falta, e ainda me diz que não é uma pessoa melhor que eu. - comentou Dumbledore gentilmente tocando o ombro dela.

Ela fechou os olhos.
- Ele está vivo nas minhas lembranças como na primeira vez que o vi, eu fecho os olhos e consigo vê-lo sorrir, e quando abro os olhos, desejo poder dormir para sempre, só para poder olhar pra ele. Eu me agarro desesperadamente as lembranças boas, esperando que isso me livre da tristeza, mas me vejo boiando em um mar aberto, sozinha e sem esperança. - disse ela com a voz monótona, havia mais sentimentos naquelas palavras do que houve em suas lágrimas.

- A vida não foi justa com você e Sírius. - comentou Dumbledore empático.

- A vida não foi justa comigo, Sírius está em paz, enquanto eu sou obrigada a arrastar essa carcaça vazia que sobrou de mim, fingindo estar viva para poder criar meu filho da melhor forma possível. - disse ela com mágoa na voz

Dumbledore a observou com um olhar penoso.
- Eu sei que é difícil, e compreendo sua dor. Mas você encontrará a felicidade em outros lugares, e com o tempo a dor da perda se tornará mais fácil de lidar, por enquanto você pode se conformar com o fato de que a vida continua, Sírius está vivendo uma nova aventura, e vai te esperar o tempo que for necessário, e sei que você o encontrará novamente, e toda essa dor não passará de uma lembrança. - Dumbledore deu um suspiro - É um fato que seu filho precisa de você, mas ele não será feliz se você não estiver verdadeiramente bem. Sírius não iria querer isso para você.

Ella o encarou com tristeza.
- Como posso ficar bem, se logo perderei você? - perguntou ela amargurada.

Dumbledore deu um sorriso bondoso.
- Nós nunca perdemos as pessoas, elas continuam vivas... Aqui. - Dumbledore colocou a mão no próprio peito - quando se ama alguém, ela viverá em seu coração... Para sempre.

Ella se virou de costas, e respirou fundo algumas vezes, quando o encarou de volta, seu olhar estava claro e calmo, ela havia escondido seus sentimentos.
- Agora me diga, porque me trouxe aqui?

Ela mudou de assunto antes que sua pose se quebrasse, e Dumbledore respeitou sua decisão.
- Estou apenas cuidando das possibilidades. - disse ele com simplicidade - estou treinando Harry para que procure pelas horcruxes, e continue a missão, encontrando seu destino. Mas depois que eu me for, pode chegar um dia em que a confiança e lealdade que Harry tem em mim, pode ser abalada de tal forma, que ele possa escolher não seguir em frente com o plano. - comentou ele enigmático.

Ella pensou por alguns segundos.
- Harry é uma pessoa sincera, de coração puro, se ele descobrir suas estratégias pode bem ser que tenha dificuldades em aceitar. E ele não teve um passado sombrio para poder compreender certas coisas que entendemos. - confirmou Ella ponderando - o que quer que eu faça se isso acontecer?

- Quero o acompanhe de longe, seja discreta e não se intrometa, e se acontecer dele desistir do que planejamos, preciso que conte a verdade a ele. - pediu Dumbledore com os olhos brilhando.

- A verdade sobre o que? - perguntou ela já sabendo que haviam diversas coisas que Harry ignorava.

- A verdade sobre mim, quem eu fui, o que fiz, quem realmente sou, e o quanto eu o considerei e amei como um filho. - disse Dumbledore com serenidade.

- Quer que eu faça o garoto retomar a fé em você, para que ele não odeie a sua memória? - perguntou ela com uma careta sarcástica.

- Não, Harry é forte, ele pode perder a fé em mim e continuar a missão, mas se, e só se ele desistir de seguir em frente, preciso que se mostre, e conte a ele o que deve realmente fazer. - explicou Dumbledore calmamente.

- Posso fazer isso, trarei o garoto a sua antiga casa, contarei que você era um velho caduco, que teve um passado do qual não se orgulha, e que gostava de ser maluco. - Dumbledore riu baixinho enquanto ela falava a contragosto - e sobre o fato que ele deve morrer no final? Quando contará a ele? - perguntou ela com um olhar de desconfiança.

- Deixarei esse trunfo para o momento certo, quando Voldemort estiver vulnerável, quando as horcruxes estiverem todas destruídas, Harry terá mais chances de sobreviver. - explicou Dumbledore dando de ombros.

- E conseguiu encontrar mais alguma? - perguntou ela curiosa.

- Não, vasculhei algumas pistas somente, mas não me atrevi a ir sozinho, aliás não cometerei o mesmo erro novamente, e é por isso que te chamei aqui hoje. - explicou Dumbledore com um olhar penetrante.

- Pelo menos não perdeu a prudência. - comentou ela sarcástica.

- Humm, talvez sim, talvez não... - retrucou Dumbledore rindo de novo.

- Vou sentir falta da sua loucura. - comentou ela dando um suspiro - Vamos então, aonde quer que seja. - disse ela indo em direção a porta, mas Dumbledore ficou parado.

- Suponho que... Não seja necessário irmos muito longe. - disse ele calmamente.

- Elabore. - pediu ela impaciente.

- Só aguarde mais alguns minutos. - pediu ele com um sorriso amigável.

Eles ficaram em silêncio, e Ella já estava perdendo sua paciência, quando uma luz invadiu toda a sala, Dumbledore colocou o braço sobre os olhos para proteger a vista, mas Ella manteve seus olhos abertos, já estava acostumada a aquela intensidade luminosa.
Quando a luz cedeu, Maylos estava lá, os olhando com seriedade.

- Ah! Agora podemos ir. - disse Dumbledore animado indo até a porta.

- E aonde vamos? - perguntou ela confusa.

- Passear - disse Dumbledore sorrindo misteriosamente.

Ella fez uma careta e o seguiu, com Maylos logo atrás.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora