A chuva pesada caía em torrentes, como se o céu estivesse chorando a perda de todos os que haviam sucumbido nas mãos das trevas. Ella, Dumbledore e Miles avançavam pela aldeia, as capas encharcadas colando-se aos corpos, enquanto o granizo chicoteava suas faces. No entanto, para Ella, o desconforto físico era insignificante comparado à tempestade que rugia em sua mente.
- Alvo, por que simplesmente não aparatamos até o nosso destino? - indagou ela, exasperada. - Vamos ficar aqui tomando chuva? Está gelada e perigosa. Qual é a necessidade disso?
Dumbledore parou, a luz suave de seus olhos azuis contrastando com a escuridão ao redor. Ele observou Ella com um olhar sábio, o tipo que fazia você sentir que havia muito mais por trás das palavras do que se deixava ver.
- Precisamos percorrer essa parte a pé, Ella. É importante - respondeu ele ajustando a capa contra o vento cortante que sussurrava entre as árvores, como se murmurasse segredos esquecidos.Eles se aproximavam da antiga casa dos Potter, um lugar que carregava o peso de memórias e tragédias, o tipo de história que não poderia ser desfeita, mesmo pelo tempo.
- O que estamos fazendo aqui? - indagou ela, lançando um olhar desconfiado para Dumbledore.Dumbledore suspirou, a expressão dele revelando o desafio de explicar algo tão complexo e carregado de emoção.
- Estamos aqui em busca de uma forma de magia que talvez possa ajudar não só na sua jornada, mas também na do garoto contra o mal. O tempo é urgente, recebi a informação de que Voldemort também está atrás dessa fonte de magia - explicou, seus olhos se fixando em Miles, que assentiu em compreensão.Ella franziu a testa, processando as palavras de Dumbledore. A casa diante deles, embora em ruínas, parecia vibrar com um tipo de energia, um eco de esperanças e desilusões.
- Isso não faz sentido. Riddle se acha bom e poderoso o suficiente. Por que ele procuraria por uma magia que subestima? - questionou ela, sua voz transbordando ceticismo.Dumbledore começou a responder, sua voz tranquila, mas firme.
- Voldemort não quer cometer os mesmos erros de antes, primeiro ele quis ir atrás da profecia, e como não conseguiu, ele esta agora atrás de uma fonte de magia que possa intensificar seus poderes. Ele não compreende a verdadeira essência da magia antiga, mas acredita que pode encontrar um poder que lhe dê vantagem contra mim, principalmente agora, que está tão intrigado com Harry Potter.Ella revirou os olhos, não disfarçando a incredulidade.
- Severo fez um voto perpétuo, e Riddle sabe disso... - começou ela, mas foi interrompida por Dumbledore.- Voldemort acredita que Severo irá duelar comigo, e perder. E se Severo perder será preso em Azkaban ou morrerá por não cumprir seu voto.
Ele também sabe que meus poderes são um tanto mais intensos do que ele pensava, e acha que vai ter que me vencer pessoalmente se quiser chegar a Harry, mas ele teme a idéia de duelar comigo novamente, por mais que odeie admitir isso, então está atrás de uma fonte de magia que possa de certa forma, me superar. - explicou Dumbledore de forma modesta e sábia.Ella fez uma careta, percebendo a tolice do plano de Voldemort.
- Ou ele está louco, ou é mais burro do que eu pensava. O corpo dele é moldado por magia negra. Se ele absorver a magia antiga, que é baseada no equilíbrio natural dos seres vivos....- Ele será aniquilado. - completou Maylos calmamente.
Dumbledore riu suavemente, mas havia uma tensão subjacente em sua risada.
- Certamente ele vai, mas temos de nos lembrar que ele ainda tem horcruxes, e somente esse corpo atual seria aniquilado. Então não podemos permitir isso, não por enquanto. - disse Dumbledore com um olhar enigmático.Ella assentiu em silêncio, se lembrando de uma conversa que teve com Dumbledore no dia da morte de Sírius, o corpo de Voldemort carregava o sangue de Harry e o sacrifício de Lílian, e aquele corpo, por mais maldito que fosse, era a única saída de manter Harry vivo após a aniquilação de todas as horcruxes, a única forma de fazer com que o sacrifício de todos não fosse em vão.
Miles olhou para Dumbledore com um sorriso bondoso, como um velho olha para uma criança.
-Você é bem autoconfiante para alguém que está prestes a morrer.Dumbledore soltou uma gargalhada contida, a bravura em seu tom iluminando o ambiente escuro.
- A morte é apenas uma grande aventura, meu amigo. Você sabe melhor que muitos - respondeu Dumbledore, olhando para o horizonte onde relâmpagos iluminavam o céu tempestuoso.Ella interrompeu, impaciente, as gotas de chuva escorrendo por seu rosto.
- Podemos parar de filosofar? Isso está ficando chato. Se Voldemort quer explorar alguma fonte de magia, precisamos impedi-lo. Vamos lá, antes que eu perca o que resta da minha força de vontade!Dumbledore deu uma palmadinha nas costas dela, sua risada leve um breve alívio antes de se direcionarem para a antiga casa dos Potter Ao entrar, o cheiro de mofo e madeira velha envolveu-os, como um manto de recordações.
O segundo andar, era uma área que parecia carregada de uma presença quase palpável. Miles apontou para as marcas de destruição que ainda permaneciam visíveis.
- Foi aqui que aconteceu - disse ele com a voz reverente.Ella se aproximou, sua sensibilidade aguçada sentindo uma mistura de morte e uma outra magia, uma energia familiar e vibrante, diferente da que ela estava acostumada. Algo que lembrava a magia de um Anhangá.
- É incomum esse tipo de magia ter estado aqui - murmurou Ella, tocando as paredes ruídas com dedos trêmulos. - Foi isso que deu a Harry proteção contra a maldição da morte.
Miles dirigiu-se a ela, seu olhar agora intenso e sério.
- Você, Ella, é mestiça. Suas habilidades sensoriais são mais aguçadas. Precisamos da sua ajuda para encontrar essa fonte de magia antes que Voldemort consiga.- E o que quer que eu localize? Exatamente? - perguntou ela olhando de Maylos para Dumbledore com a expressão desconfiada.
- Sinta esse ponto de magia antiga, e tente encontrar a direção para um local por perto onde há a mesma magia, só que mais intensa. - pediu Dumbledore.
A resistência de Ella começava a esmorecer, desde que a marca negra fora tatuada em seu corpo, uma sombra de incerteza a seguia, como um lobo à espreita, ela se sentia desconfortável, suas emoções mais obscuras, como se a marca intensificasse seus sentimentos ruins. Ela olhou hesitante para Maylos que assentiu a incentivando a continuar.
Ella se abaixou e tocou o chão frio e úmido, a magia pulsava sob seus dedos, direcionando-a como um farol em meio à tempestade. Maylos fez o mesmo, e ambos se olharam com convicção.
Dumbledore esperava educadamente, quando Maylos apontou para o norte.
- É para lá, cerca de uns...- 30 quilômetros, mais ou menos. - completou Ella.
Dumbledore assentiu com um sorriso satisfeito, e tocou o ombro dos dois com expectativa.
- Vamos até lá então.
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A Princesa Mestiça e a Ordem da Fênix
FanficElla Prince é uma bruxa elegante e respeitável, mas também uma mestra das travessuras quando provocada, especialmente com seu padrinho Severo Snape, alvo constante de suas brincadeiras. Snape, que a trata como uma criança, o que desperta sua rebeldi...