Rabicho entrou na cripta sem notar Ella, que permanecia oculta nas sombras, observando-o com atenção. Ele estava tenso, os olhos se movendo rapidamente por entre os objetos no local, como se estivesse desesperado para pegar o que precisava e sair dali o quanto antes. Prudente, pensou Ella, pois a magia negra impregnada nas paredes daquele lugar poderia esmagar um bruxo adulto em segundos, sufocando-o sob o peso da energia maligna.
Ella esperou pacientemente, os minutos se passarem, até dar tempo suficiente para garantir que não seria pega. Era estranho que Rabicho não tivesse notado sua presença. Ela havia deixado a capa fora do lago, então se ele tivesse entrado pelo mesmo caminho, teria visto a capa. Ou Rabicho era mais tolo do que ela imaginava, ou havia uma outra entrada para a cripta, de qualquer forma, valia a pena conferir.
Ela seguiu o rastro deixado por ele, seus sentidos aguçados detectando o caminho que ele havia tomado. Encontrou uma outra saída, uma caverna, quase oculta no topo de um penhasco íngreme.
Isso explicava por que ele não havia notado nada, ela suspirou aliviada e aparatou de volta para a margem do lago, recolhendo sua capa antes de sumir dali, direto para a sala de Dumbledore.Alvo Dumbledore estava de pé, dando instruções a Minerva McGonagall, quando Ella apareceu subitamente na sala, gotas de água escorrendo de suas roupas.
- Oh céus, Senhorita Prince! – exclamou Minerva, dando um passo para trás com o susto – Não pode entrar nos lugares como uma bruxa normal? E por que está toda molhada?
Ella soltou um pequeno riso sarcástico.
- Não sou uma bruxa normal, Minerva. Nem reparei que me molhei, acho que estava chovendo.McGonagall ergueu uma sobrancelha, avaliando-a com seu olhar severo, mas logo suavizou o tom.
– Você está bem?- Muito bem, saudável como um cavalo – respondeu ela num tom educado, mas impaciente, ela estremeceu de frio traindo um pouco o que dissera, mas prosseguiu demonstrando pressa.
– Preciso falar com Alvo.Minerva olhou para Dumbledore, que fez um leve aceno de cabeça.
- Pois bem. – Minerva suspirou. – Deixo vocês a sós, terminaremos nossa conversa mais tarde, professor.- Claro, Minerva. – Dumbledore respondeu calmamente, com um leve sorriso. – Prometo que considerarei suas preocupações quando falar com o professor Moody.
McGonagall lançou um último olhar desconfiado para Ella antes de sair da sala, a capa esvoaçando atrás dela.
Assim que a porta se fechou, Ella franziu o cenho, confusa.
- O que há com Minerva?Dumbledore suspirou e tirou os óculos para coçar os olhos, parecia cansado.
– Minerva está preocupada com os métodos pouco ortodoxos de Alastor.Ella riu, imaginando o rabugento auror em uma sala de aula.
– Ele ameaçou algum aluno da sonserina?Dumbledore deixou escapar um leve sorriso.
– Não, mas transformou um aluno em uma doninha.Isso é difícil de ignorar. – murmurou Ella imaginando a cena.
Com um movimento sutil da varinha, Dumbledore secou as roupas dela e depois acendeu a lareira.
- Seus lábios estão azulados, Ella. – disse ele com preocupação – Aproxime-se do fogo.
Ella fez como ele sugeriu, e a sensação de calor invadiu seu corpo, relaxando-a.
- Obrigada. – disse ela, olhando para as chamas dançantes.- Agora, o que encontrou no primeiro local? – Dumbledore perguntou se aproximando.
- Não havia nenhuma horcrux. – ela começou, de forma direta. – Era uma cripta subterrânea, logo abaixo do lago. A entrada fica uns dez quilômetros a leste.
Dumbledore assentiu lentamente.
– E o que havia lá?- Uma sala secreta, acredito que seja uma espécie de depósito para as coisas de Riddle, como livros e poções. O local era... inóspito, dificilmente alguém o encontraria sem uma boa dose de sorte ou conhecimento prévio.
Dumbledore refletiu por um momento, o olhar perdido no crepitar das chamas.
– Quais feitiços protegiam o local?Ella pensou um pouco antes de responder.
– Não mexi nas portas ou passagens, mas senti a magia negra por toda parte. Havia também um feitiço de desorientação temporal... bem simples.- Desorientação temporal não é nada simples. – comentou Dumbledore, a preocupação se instalando em seu olhar.
- Severo me ensinou quando eu tinha oito anos. – disse ela, erguendo uma sobrancelha, quase desafiando o diretor.
Dumbledore sorriu levemente.
– Severo sempre foi um prodígio, e você... bem, sua genética fala por si.Antes que a conversa se desviasse demais, Ella soltou, rapidamente:
– Rabicho esteve lá.O rosto de Dumbledore se iluminou com surpresa.
– Rabicho? Ele estava sozinho?- Estava, pegou alguns ingredientes e saiu às pressas. Parecia nervoso, ou preocupado. – disse Ella, dando de ombros.
Dumbledore franziu o cenho, claramente preocupado.
– Muito curioso...- Você acha que ele está ajudando Riddle a recuperar seu corpo? - perguntou ela de supetão.
Dumbledore deu um suspiro.
– Provavelmente, há muitas coincidências, coisas demais acontecendo ao mesmo tempo para serem obra do acaso.Ella esfregou os braços, sentindo o peso do cansaço se abater sobre ela.
- Aquele lugar drenou minha energia, vou descansar por alguns dias e seguir vasculhando as próximas coordenadas.Dumbledore assentiu silenciosamente, mas antes que ela pudesse se mover, ele disse:
– Ella, antes de você ir, gostaria de lhe pedir um favor.Ella o encarou com curiosidade.
– O que precisa?Dumbledore hesitou por um instante, olhando para as chamas antes de se voltar para ela com uma expressão suplicante.
– Sírius está de volta ao país e precisa de um lugar seguro, gostaria que ele ficasse em sua fazenda, é próxima daqui, e é seguro para ele.Ella fechou os olhos por um breve momento, um misto de emoções passando por sua mente. Quando abriu, sua voz saiu firme, com um leve tom de desagrado no final.
– Você é que manda.Dumbledore pareceu genuinamente surpreso.
– Pensei que seria mais difícil convencê-la, considerando os... acontecimentos recentes.Ella o olhou com uma expressão compreensão. – Não sou tão cabeça-dura quanto pareço, Alvo. Posso ver a situação pelo que ela é. Sírius é imprudente, inconsequente... mas ele quer proteger o afilhado.
Dumbledore a observou com uma expressão suave, quase paternal.
– Sua responsabilidade e maturidade sempre me pegam de surpresa. Você é tão parecida com Severo.Ella arqueou uma sobrancelha incomodada com o comentário.
– Isso era pra ser um elogio?Dumbledore sorriu cordialmente.
– Você esconde o que tem de melhor, mas todas as características estão aí.Ella bufou, cruzando os braços, mas com um leve brilho no olhar.
– Não sei se fico lisonjeada ou ofendida.Dumbledore soltou uma leve risada, quebrando a tensão.
– Eu enviarei uma carta a Sírius explicando onde ele deve ir. Espere ele chegar e explique que ele não deve sair da casa, são ordens expressas minhas.Ella o olhou desconfiada.
– Está tentando me manipular para que eu converse com Sírius, não é?- Sem sombra dúvida. – respondeu Dumbledore num tom brincalhão, porém sincero.
Ella revirou os olhos.
– Vou considerar a sua ideia. – disse ela com expressão de desgosto, antes de desaparatar sem se despedir.Dumbledore riu, divertido com a teimosia da jovem.
Apesar das sombras e incertezas daquele momento, com o retorno de Voldemort se mostrando cada vez mais próximo, havia algo de reconfortante em ver que havia um pouco mais de amor no mundo, mesmo que complicado como o de Ella e Sirius.
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A Princesa Mestiça e a Ordem da Fênix
FanficElla Prince é uma bruxa elegante e respeitável, mas também uma mestra das travessuras quando provocada, especialmente com seu padrinho Severo Snape, alvo constante de suas brincadeiras. Snape, que a trata como uma criança, o que desperta sua rebeldi...