-Vamos dançar! -Puxei o Guilhermo para a pista de dança. Diferente dos garotos clichês de filme, ele não recusou.
-Eu quero pegar alguém. -Ele gritou no meu ouvido. Vi uma garota meio bonitinha atrás da gente, que estava de olho no Guilhermo. Dei um empurrão nele e ele acabou batendo na menina. Ele ia brigar comigo quando olhou para a garota.
É, fiquei sozinha na pista. Literalmente. Continuei dançando.
Um pouco longe de mim, vi uma mulher que achei muito parecida com a minha...
-Mãe... -Sussurrei e fui atrás da mulher. Sei que estava sendo meio maluca mas não me importei. Segurei no braço dela e a mesma se virou para mim.
Ela me olhou e me reconheceu. Então ela era mesmo a minha mãe.
-Carol...-Não ouvi o que ela disse, mas consegui ler os lábios dela. Fazia tanto tempo que ela não nos via, que me confundiu.
Não sei o que me deu na hora que saí correndo para fora da boate e sem querer esbarrei no Guilhermo. Não me importei e continuei correndo até estar do lado de fora.
Me encostei na parede da boate e comecei a chorar.
-Elena! Elena! -Ouvi o Guilhermo me gritar. Olhei para ele e atrás dele vi a minha mãe. Corri e abracei ele.
-Será que a gente pode conversar, Elena? -Minha mãe perguntou.
Me soltei dos braços do Guilhermo e limpei as minhas lágrimas.
-O que você quer? -Perguntei curta e grossa. Não precisávamos mais gritar, pois o som da boate era interrompido pelas portas.
-Eu quero saber de você e da sua irmã. Como vocês estão, a escola, os namorados, a vida.
-Se você quisesse mesmo saber, não teria ido embora. -Guilhermo queria me confortar só não sabia como. Ele ficou quieto do meu lado.
-Eu tive meus motivos...
-Que motivos? Um argentino 5 anos mais novo que você? Praias? Conchas e pedras? Ah, e como vai seus filhos? Ainda mora com eles, ou os abandonou também? -Ela deu um tapa na minha cara. Coloquei a mão no meu rosto, onde ela havia me batido.
-Desculpa, Elena...Eu...
-Agora já chega! -Guilhermo se enfiou entre mim e aquela mulher. -A Elena está ótima e a Carol também. Agora, tchau. -Guilhermo falou e me puxou para irmos embora.
Ele andou comigo até sentar na beira da praia, em um banquinho na orla.
-Quer conversar? -Ele me abraçou.
-Eu tinha 7 anos. -Falei olhando para o mar. -Era um domingo. Eu e a Carol estávamos felizes porque no dia anterior, nossa mãe tinha nos dado uma boneca com a nossa cara. Quando acordei, meu pai estava sentando no sofá da sala, chorando. Foi horrível ver ele daquele jeito. Perguntei o que tinha acontecido, ele sem jeito me disse que a minha mãe, que eu tanto amei, tinha ido viajar por muito tempo. Quando fiz 8 anos, ele sabia que não podia mais omitir fatos. Ele contou tudo para mim e para a Carol. Minha mãe tinha conhecido um argentino, mais novo que ela e engravidou dele e o trabalho dela, só ajudou em ficar mudando de cidade várias e várias vezes. Eu chorei muito. Sofri mais que a Carol. O Arthur, meu pai e a mãe do Arthur eram minha família. Foi o que me fez superar. Arthur todo dia ia lá em casa me animar e me fazia sair. Vira e mexe eu estava na casa dele e tia Valesca fazia bolos para mim. Eu chorei por anos e mais anos. Queria a presença de uma mãe. -Abracei o Guilhermo e ele me abraçou mais forte, me passando uma sensação de conforto e segurança.
-Você não tem a sua mãe, mas tem todos os seus amigos, seu pai, sua irmã e até a Valesca que te amam muito. Sei que isso não muda o fato da falta que ela faz, mas pessoas te amam.
-Eu já superei isso! Foi só o choque de vê-la. -Me soltei do Guilhermo e limpei as minhas lágrimas. -Vamos voltar? -Sorri para ele e o puxei de volta para a boate, sem aceitar reclamações da parte dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Por que você ?
RomanceElena, uma menina que muda completamente suas amizades. Antes, amiga de apenas um menino que por sinal era apaixonada, Arthur, que a trocou pela namorada. Agora, se juntou com os amigos da irmã, Carol, e um aluno novo, Guilhermo. Será que daí pode s...