-Te prometer tudo aquilo... Vocês são mais importantes do que qualquer amigo que eu tive na Itália. Vocês são intensos e não têm medo de mostrar quem são de verdade, é aqui que eu me sinto em casa e é aqui que eu me sinto bem.A Itália foi minha casa por muitos anos, mas sei que quando eu voltar para lá, vou ser um eterno turista.
-Gui, se você acha isso tudo, por que não fica? Eu sempre te incentivei a não pensar em ficar, mas nunca te perguntei o por quê de você querer voltar.
-Não é pelo meus pais, são meus avós por parte de mãe. Eles são muito tradicionais e já construíram minha vida toda e se bobear até escolheram a mulher que eles querem que eu case. Eu devo muito a eles por tudo que fizeram por mim, eles me criaram e me ensinaram quase tudo que sei, já que meus pais vivem pro trabalho. Eu não posso simplesmente abandona-los lá, igual todo o resto da família da minha mãe fez. Ninguém suporta meus avós e todos netos deles foram embora. China, Canadá, Irã e até Nova Guiné. Não posso fazer o que todos os outros fizeram... -Não respondi nada, apenas o beijei e foi bem na hora que a mãe dele entrou no quarto.
-Disculpa. -Ela se esforçou para falar em português. -Não sabia que tinha visita. -Ela se esforçou mais um pouco, mas o sotaque era muito forte e um pouco difícil de entender.
-Relax mom. -O Gui disse percebendo o quanto a mãe estava com dificuldade no português.
-Good morning Avelina. -Falei.
-Oi Elena. -Ela disse. -Tem mais visita na porta. -Ela completou. -Like ten people. (tipo dez pessoas).
-Ok. I'm going. -O Guilhermo fisse e saiu da cama em um pulo e eu também. Arrumei meu cabelo antes de sair do quarto.
Fomos até a sala de estar e todos os nossos amigos estavam lá. Não sei de onde eles tiraram que onze horas da manhã são horas de se chegar na casa de alguém, ainda mais de pessoas que estão quase se mudando.
-Oi pessoal. -O Guilhermo disse e foi cumprimentar um por um. Percebi que os pais dele olhavam a cena de rabo de olho lá da cozinha.
-Você não ia para casa, menina? -O Arthur perguntou me abraçando.
-Eu fui né?! Mas estava me sentindo muito sozinha lá. -Falei baixo só para o Arthur escutar. -Meu melhor amigo e minha irmã namorando e meu pai trabalhando.
-Não faz nada que possa piorar o seu sofrimento, Elena. -Foi tudo que ele disse antes de voltar a dar atenção para todos os nossos amigos.
-Galera! -O Sr. João, pai do Gui, chamou a atenção de todos. -Vamos para a piscina que eu vou fazer um churrasco para gente.
-Opa! -O Caio falou e todos nós fomos para a área da piscina, embora ninguém tenha entrado na água.
A nossa tarde voou. Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios que até os pais do Gui participaram. Eles ficaram com a gente a maior parte do dia, mas quando deu umas seis da noite eles ameaçaram nos deixar sozinhos, mas todos nós pedimos para que eles ficassem.
-E ai, essa é a hora que todo mundo faz um discurso? -O Igor perguntou quebrando o silêncio. Nos olhamos e acabamos concordando com a idéia. Os pais do Gui pareciam se divertir, ao mesmo tempo que estavam tristes pelo filho.
Durante todo o dia eu pude perceber como eles olhavam para o filho e para todos nós. Eles estavam orgulhosos do Gui ter se adaptado tão bem e aparentavam estar tristes por terem que ir embora. Dava para ver nos olhos deles o quanto eles amavam o filho e o quanto eles fariam qualquer coisa que tivesse ao alcance deles só para protegê-lo e agradá-lo. Me senti egoísta por, por um segundo, querer que ele abandonasse a família que o tanto ama, para começar uma vida, sem nenhuma base, em um país completamente novo para ele.
-Eu começo. -O Caio falou.
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Por que você ?
RomanceElena, uma menina que muda completamente suas amizades. Antes, amiga de apenas um menino que por sinal era apaixonada, Arthur, que a trocou pela namorada. Agora, se juntou com os amigos da irmã, Carol, e um aluno novo, Guilhermo. Será que daí pode s...