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O Rafael é uma das pessoas mais incríveis e maravilhosas que eu já conheci. Ele já me deu ótimos conselhos e me ajudou em momentos que mais ninguém podia me ajudar. Rimos juntos, nos divertimos e, principalmente, vivemos juntos. Nossa amizade não é a longa data, mas o que são números pertos de sentimentos? Eu amo o Rafael e sei que ele me ama. Tudo que eu queria era poder ouvir isso da boca do meu amigo.

A Celeste não parou de chorar um segundo e assim que chegamos ao hospital, ela e a Milena tiveram que passar, também, pela emergência. A Celeste por estar com falta de ar de tanto chorar e a Milena ainda continuava em choque. O caso do Rafa foi mais grave e precisou de cirurgia, mas logo após a cirurgia, ele foi levado para a UTI.

O Caio, Igor e Paulo ficaram no parque aquático para conversar, não muito amigavelmente, com o menino que causou o acidente do Rafa. Em questão a isso, não posso comentar muito, pois não sei o que aconteceu, teremos que esperar o Rafael acordar para contar. Ele vai acordar!

Me encarreguei de ligar para os pais do Rafa e, tenho que dizer, foi a pior coisa que já tive que fazer na vida. A mãe assim que recebeu a notícia começou a chorar e a gritar o marido desesperadamente. Uma hora dessas eles já estão a caminho do hospital. Depois dos pais do Rafa, liguei para todos os nossos pais para avisar do ocorrido. Meu pai quis logo comprar a passagem de volta, mas disse que não sairia de Natal sem o meu amigo.

-Parentes da Milen...

-Somos nós. –A Carol falou apressada se levantando da cadeira desconfortável da sala de espera.

-O que vocês são da paciente? –A médica perguntou impaciente.

-Ami...

-Eu sou o irmão mais velho dela. –O Pedro mentiu. Os lemas dos hospitais eram claros e objetivos "somente parentes".

-Agora ela está melhor, mas o choque, pelo que uma das gêmeas ali me contaram, foi muito forte e ela poderá ter problemas para assimilar o ocorrido e voltar ao estado normal. Ela está dormindo, mas podem ir vê-la... Um de cada vez. –Ela disse olhando para a prancheta. Fiquei com uma vontade de dar com aquela maldita prancheta na cara dela só pela indiferença que ela tratou a minha amiga. Sei que médicos trabalham com gente o tempo todo, mas não é preciso perder a humanidade e tratar a pessoa como se só fosse um objeto para ela ganhar dinheiro.

-Eu vou! –O Arthur falou rápido. Segurei ele pelos ombros.

-Vai dar tudo certo. Os três vão ficar bem. Não se preocupe com nada aqui, cuide da sua garota. –Sorri para ele e o deixei ir.

-Parentes da Celest... –Outra médica apareceu. Essa parecia ser mais simpática.

-Somos nós. –Dessa vez eu me prontifiquei a falar.

-Cadê os pais dela?

-Estão no Rio de Janeiro, viemos passar férias aqui e muitos acidentes aconteceram.

-Fiquei sabendo. Sinto muito pelos amigos de vocês. –Diferente da outra médica, ela não se deu ao trabalho de perguntar se éramos parentes, estava na cara que não éramos. –A Celeste está no quarto no terceiro andar no quarto 310 e quer ver todos vocês. –A médica disse sorrindo.

-Obrigada doutora... A Senhora tem notícias do Rafael? Acho que ele está na UTI.

-Não, mas assim que tiver passo no quarto da Celeste e digo para vocês.

-Seria ótimo se não mencionasse o nome dele na frente dela.

-Pode deixar. –A médica disse com um sorriso triste no rosto.

O Guilhermo estendeu a mão para mim e eu segurei. A Carol segurou a do Pedro e fomos para o quarto 310 no terceiro andar.

-Oi... –A Carol disse após entrar no quarto. –Como você está?

-Estou bem na medida do possível... E o Rafael? –Nos entreolhamos.

-Ele está na UTI e isso é tudo que sabemos. –O Guilhermo disse meio cabisbaixo.

-Sei que é um péssimo momento, mas preciso contar uma coisa. –A Celeste disse tentando esboçar um sorriso.

-Pode falar. –Falei. 

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