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-Arthuuuur? Meu filho... -Minha mãe gritava. 

-Alô? Mãe? -Gritei, mas foi em vão, ninguém me escutou. Terminei a chamada e tentei ligar para todos os telefones da minha casa, mas ninguém atendia. Sentei na ponta da cama e comecei a chorar. Fiquei ali por muitos minutos, chorando, tentando ligar para casa e esperando que meus pais me ligassem. 

O Guilhermo entrou no quarto e assim que me viu triste veio até mim. 

-Ei Elena. Está tudo bem? -Ele perguntou sentando ao meu lado e me abraçando. 

-Eu estava... -Solucei. -falando com o meu irmão e do nada escutei minha mãe gritando. Eu não consigo falar com ninguém lá de casa, Guilhermo. Estou com medo. -Ele me abraçou mais forte, mas não disse nada. -E se ele morreu? -As palavras doeram em meu peito ao serem pronunciadas. 

-Ah, meu amor, fica calma. -Ele desfez o abraço e deu um beijo na minha testa. Meu celular tocou e eu dei um pulo.

-É o meu pai. -Olhei para o Guilhermo antes de atender e meu coração acelerou. Ele assentiu com a cabeça e eu atendi. -O Arthur está bem? 

-Elena... Eu não sei como... 

-Fala pai. -Quase gritei. 

-O Arthur, ele... Ele passou mal... Corremos para o hospital... O médico tentou, filha, mas ele não conseguiu... O Arthur, o seu irmão, ele faleceu. -Entrei em pânico. Larguei o celular e vi o Guilhermo pegar antes que caísse no chão. Uma falta de ar tomou conta de mim e voltei a chorar.

-... Eu tomo conta dela... Vamos chegar ai o mais rápido possível... Pode deixar, eu aviso... Até mais... -Ouvi o Guilhermo respondendo o meu pai, enquanto eu não conseguia parar de derramar lágrimas.

Lembrei dos poucos momentos que vivi com o Arthur e de suas risas quando eu ou algum amigo meu falava uma palhaçada. Ouvi suas voz hoje mais cedo, ouvi sua risada e senti a inocência dele. Queria gritar, queria abraçá-lo e beijá-lo... Mas a cima de tudo, queria poder ter mais tempo ao lado dele. 

Por que eu aceitei fazer essa viagem? Por que abandonei o meu irmão que conheci a tão pouco tempo e já consegui ama-lo? Queria estar ao seu lado nos seus últimos dias, queria que ele soubesse que eu estaria ali para ele. 

Segundos, minutos ou horas se passaram e eu só conseguia lembrar dos meus momentos com o Arthur. Não chorava mais, apenas estava quieta no meu canto, pensando. O Guilhermo por outro lado, estava a todo vapor. Ele avisou a Carol e a todos os outros, arrumou as minhas coisas e as dele, comprou nossas passagens e chamou um táxi. 

-Você não precisa ir... -Falei para o Guilhermo que terminava de arrumar minhas coisas. -Sua mãe acabou de chegar, fique com ela. 

-Eu vou. Já conversei com ela e ela vai para o Rio com a gente. -Ele fechou minha mala e todos os meus amigos entraram no meu quarto com roupas de praia e com caras tristes. 

A Carol sentou na cama e me abraçou. Ela repousou a cabeça no meu ombro e chorou. Por mais que ela tivesse resistido a nossa mãe, resistir ao pequeno Arthur foi impossível. Ele era um menino esperto, inteligente, divertido e encantador. 

Depois de alguns segundos, ela me soltou e foi a vez do Arthur, meu melhor amigo me abraçar. 

-Agora ele está em paz, Elena. -Ele sussurrou para que só eu pudesse escutar. -Ele era um menino encantador e não merecia sofrer... E agora, ele não sofre mais. -O Arthur me deu um beijo na testa. 

Todos os meus amigos me abraçaram e deram seus sentimentos para mim e para a Carol. 

-Os táxis vão chegar em menos de uma hora. Arrumem suas coisas. -Tentei

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