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-Estou grávida. –Ela disse sem olhar para alguém em particular.

Se estivéssemos em condições melhores, eu teria discutido com ela e a Carol também. Um filho é muita responsabilidade e mal acabamos a escola, ainda temos mais alguns longos anos de faculdades. Poderia ter falado do que deveriam ter feito e do que não deveriam ter feito, nossa conversa seria longa e chata, e por fim, acabaria em uma grande briga que a Milena também participaria. Mas com as condições presentes, o máximo que conseguíamos era ficar feliz por sermos "titios e titias". Felizes por ver a Celeste e o Rafael selando o amor deles com uma nova vida.

-Parabéns Cê! –Falei indo abraça-la e todos fizeram a mesma coisa.

-Cadê o resto dos meninos? A Milena está bem? –E o momento de alegria e felicidade durou pouco. A realidade dura e cruel nos chamava de volta.

-Os meninos estão no parque aquático com os policiais atrás do cara que empurrou o Rafa e pela última mensagem que o Igor mandou, acho que acharam ele. A Milena está em observação. Ela viu tudo que aconteceu e o choque ainda não passou. O Arthur está com ela.

-Vão dar notícias quando souberem do Rafael? –Ela perguntou. Eu podia sentir o pânico na voz dela. O medo de perde-lo. Compartilhávamos do mesmo medo naquele momento, a única diferença era ela tinha medo de perder o namorado e nós um amigo incrível.

Uma batida na porta impediu que respondêssemos. Era a médica legal.

-Posso falar com vocês um instantinho? –Ela olhou para a Celeste e sorriu.

-Pode falar aqui. –A Celeste falou.

-Nada disso. Você precisa descansar e, além do mais só quero que seus amigos assinem uma papelada e a outra amiga de vocês acordou e quer vê-los também. –Espero, mas espero de verdade, que a Celeste não tenha percebido que tudo que a médica falou, desde o "Você precisa descansar" , foi uma completa mentira. O Guilhermo tinha percebido isso e enrijeceu o corpo. A Carol e o Pedro olhavam atentamente para a médica.

-Bom, tudo bem então. Mas quero saber caso tenham notícias do Rafael. –A médica balançou a cabeça e saiu do quarto, acompanhada por mim e meus amigos.

-E então doutora? –O Pedro perguntou. Tinha um ar de dor e medo em cada palavra pronunciada. Em cada átomo presente em nossos corpos o medo estava presente...

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