97.

2.2K 125 4
                                    


-Are you dating? (Vocês estão namorando?) -A mãe do Guilhermo perguntou enquanto comíamos. Graças a Deus eu sempre fui uma menina muito aplicada nas aulas de inglês da escola e até fiz uns cursos online e sabia me comunicar bem. O Guilhermo e eu nos olhamos, mas foi ele quem respondeu à mãe.

-No. We are just friends. (Não, somos apenas amigos.) 

-Oh, sorry! -A mãe dele se desculpou por ter errado o palpite. Terminamos de comer e fui para o quarto, deixando o Gui curtir a mãe dele. 

Liguei para o meu pai apenas para jogar conversa fora. 

-Oi pai, tudo bem? -Ele hesitou em responder.

-Oi meu amor. Está tudo indo. Seu meio-irmão tem andado muito fraco ultimamente. -Ele falou com uma certa tristeza na voz. Apesar da minha mãe ter nos abandonado para ter outra família com outro cara, meu pai nunca escondeu que ela foi o grande amor da vida dela e quando ela apareceu com o Arthur, ele não fez questão de manter distância. Muito pelo contrário, ele deu um brecha para a minha mãe e o Arthur se aproximarem dele, mas sempre deixou claro para minha mãe que, por mais que ela quizesse voltar para ele, isso nunca iria acontecer. -

-Sério pai? -Respirei fundo. Em pouco tempo eu aprendi amar aquele menino e não queria que nada de ruim acontecesse com ele, embora eu já sabia o final que aquela hitória iria levar. -Ele está acordado? Posso falar com ele? 

-Acho que... Ele está aqui do meu lado, vou passar para ele. Beijo filha, te amo. 

-Ok pai. Também te amo. 

-Oi Elena! -Ele todo animadinho, o mais animado que conseguiu. 

-Oi pequeno. Tudo bem? -Ele teve uma crise de tosse antes de responder.

-Estou sim e você? Sabia que a mamãe todo dia me dá balinhas coloridas para comer? Só que eu não entendo, ela não deixa eu mastigar, quer sempre que eu engula com água. -Senti um aperto no peito e uma tremenda vontade de chorar. 

-Eu estou bem. Ah, eu conheço essas balinhas. Meu pai fez eu tomar muito quanto eu era menor e ele também nunca deixava eu mastigar, sempre tinha que engolir. Com o tempo você vai perceber que essa é a graça dessas balas. 

-É, pode ser... Quando você volta? Seu pai disse que a gente pode ir na sorveteria quando você voltar. 

-Volto daqui a cinco dias. -Cada dia estava mais perto da minha dispidida, mas pensar nisso fez com que eu me sentisse egoísta. Tenho duas pessoas na minha vida que estão a beira da morte e eu estou preocupada com a falta que vou sentir do Guilhermo, mas sabendo que ele vai estar bem, logo ali na Itália. -E vou levar um presente para você. 

-O que é? -Ele disse animado, mas sua animação foi tomada por outro ataque de tosse. 

-Se eu falar, deixa de ser surpresa.

-Você disse que era um presente e não uma surpresa.

-Ok, você venceu. Vou levar um carangueijo dentro de uma garrafa e um fitro dos sonhos para você nunca mais ter pesadelos. -A parada do carangueijo foi pensada, lembro que um dia ele me contou que foi pescar carangueijo com o pai dele e que ele gostaria muito de um em casa. 

-Que legal! Vou passar horas olhando para o carangueijo. -Ele disse e riu do que falou. Um sorriso brotou em meu rosto ao ouvir sua risada. 

Depois de trocarmos mais algumas palavras, houve um silêncio total do outro lado da linha, até que ouvi um grito... Grito da minha mãe.

Por que você ? Onde histórias criam vida. Descubra agora