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-Eu não consigo, Elena. Eu penso em tudo que vocês se tornaram para mim e minha coragem de ir embora simplesmente acaba. Quando eu estou com os meninos, eu sinto que estou em casa, sinto que aqui é minha casa. quando jogo futebol com os moleques, sinto que é aquela diversão que eu quero ter daqui um ano. Quando eu estou com você e as outras meninas, sinto que é com vocês que posso me abrir e pedir dicas de conselhos amorosos e sinto que, assim como os outros meninos, tenho que cuidar de vocês. -Eu queria muito chorar. Queria derramar todas as lágrimas que eu lutava em segurar, mas não poderia desabar na frente do Guilhermo. Eu estando mal, sei que ele está pior que eu. Em todos os meus amigos eu vejo um ponto diferente, algo único, que o diferencia de todos os outros. O Guilhermo, ele me entende no sentido mais profundo da palavra. Ele entende as minhas loucuras e minhas tristezas e melhor, ele sabe o que falar para me confortar. 

-Sei que você vai voltar para a Italia, mas é uma coisa que você tem mesmo que fazer? -Olhei bem fundo nos olhos dele e toda a certeza que ele tinha de voltar para casa, fugiu. -Eu não estou dizendo que deve ficar, mas você acaba a escola esse ano e logo você vai estar indo embora da casa dos seus pais, por que não adiantar esse momento? 

-Eu não posso. -Ele olhou para baixo. -Eu tenho que voltar para casa. Eu e minha mãe, traçamos juntos o meu futuro. Minha faculdade, estágio, emprego e até onde eu vou morar. Não posso desaponta-la, mas ao mesmo tempo, não quero ir.

-Sei que é uma escolha dificil, Gui, mas sei que você vai ser capaz de toma-la e sei, também, que embora você não admita, aqui... -Coloquei minha mão direita, cautelozamente, em seu peito esquerdo. -Bem aqui, você já tomou essa decisão. 

Ele me puxou para um abraço. 

Desfizemos o abraço lentamente e nossos rostos ficaram bem próximos. Nossos olhos estavam fechados e nossas respirações sincronizadas. Meu coração batia acelerado e se eu me concentrasse bem, conseguiria ouvi-lo. Minhas mãos suavam e uma ansiedade repentina tomou conta do meu corpo.

Nenhum de nós aproximava ou recuava o rosto, apenas ficamos ali, respirando o mesmo ar e calculando o próximo movimento. 


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