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-Carol, minha filha. -Ela tentou transmitir alguma emoção com aquela voz dela, mas falhou no momento que ela falou "Carol". 

Bufei e olhei para o meu pai. Tenho certeza que minha cara foi de uma menininha mimada que não quer aceitar a nova namorada do pai, mas a minha intensão não era essa. Tinha intensão de rejeitar a minha própria mãe, ou seja lá o que a mulher, que está parada diante de mim, seja. 

-Elena! O meu nome é Elena. -Gritei. Respirei fundo antes de continuar a falar. -O que você faz aqui?-Ela deu de ombros. -Pai, o que essa mulher faz aqui?

-Ela não tem onde ficar... Nem ela, nem o...

-Mãeeeee, anda logo. -Uma voz masculina soou de alguma parte da casa.

-Você está brincando, né? -Falei dando uma risada irônica. -Essa mulher te traiu, fez um filho em outro e quando foi embora levou metade do seu dinheiro. -Falei olhando para o meu pai. 

Eu deveria estar feliz pela minha mãe está em casa? Eu deveria me sentir filha dela? Ou contrário de todos os sentimentos que eu sentia pelo meu pai, por ela, eu só sentia ódio, desgosto e raiva, muita, mas muita, raiva. 

-Tenta entender, Elena... 

-Cala a tua boca! -Interrompi a minha mãe com uma arrogância na voz que nem eu sei de onde surgiu. -Você pode ir atrás do seu filho e me deixar falar com o meu pai? -Ela assentiu olhando para o chão. Por uma fração de segundo vacilei com sua expressão de derrota, mas logo me recompus.

Ela saiu da sala e foi para sei lá onde atrás do filho dela. Olhei a cena atentamente.

-O que ela faz aqui? -Falei sussurrando.

-O argentino largou ela com o filho e ele tem leucemia em fase terminal. Ela chegou aqui chorando horrores e, de verdade Elena, ela estava desesperada. Eu sei, e ela também sabe, que ela errou com você e com a sua irmã, mas ela está tentando acertar com alguém. Isso é bom, não é? -Meu pai falou com cauteloso e medindo cada palavra, pois sabia que se desse um deslize eu perceberia. 

Apesar de tudo que aconteceu no passado, sei que a minha mãe é o amor da vida do meu pai. Eles tiveram uma história de amor linda e intensa antes de todo o rolo vir a acontecer. Eu lembro de uma cena que vi quando tinha poucos anos de idade, uns 3 anos antes da minha mãe abandonar a família.  Vi, meus pais jantando a luz de velas na sala de jantar, mas não era só isso, a forma que os dois se olhavam apaixonadamente e como o corpo de um respondia a um pequeno gesto do corpo do outro. Isso tudo acontecia de uma forma que nunca aconteceu comigo e com o Téo. Todo aquele amor e aquela conecção... Dava para ver e sentir o amor que um sentia pelo outro.......... 

Até que tudo começou a desmoronar e ela fugiu. 

Pensei no menininho, apenas uma criança, sofrendo de uma doença tão séria. Ele é apenas um menininho.  O filho da minha mãe. Meu meio-irmão. Senti um aperto repentino no coração e toda a raiva saiu do meu corpo. A única coisa que me restava era acreditar no que meu pai me falou. 

-Se não acredita, espera até ver o menino. -Meu pai sussurrou no meu ouvido. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando afastar toda a tristeza que me consumiu.

-O que você vai contar para a Carol? Você sabe que ela não é mão maleável. -Falei mudando o foco do assunto. 

-Na hora eu resolvo... -Meu pai deu um sorrisinho amarelo hiper, mega forçado. 


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