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-Acho melhor da próxima vez que não tivermos algo útil para apostar, não apostarmos nada. - O Guilhermo disse passando a mão na cabeça.

-O Téo disse a mesma coisa. -Olhei para ele. -Acredita que ele saiu todo putinho só porque eu disse que você ia me contar a menina que você gosta?

-Acredito Elena e acredito muito. -Seu tom de voz ficou sério e meu corpo todo estremeceu quando ele falou o meu nome.

-Por quê? -Ele me olhou com uma cara de tipo "Sério que você não sabe?" e foi ai que comecei a sacar tudo que eu nunca havia sacado...

-Porra Elena, de novo... A menina é você. Ontem, hoje e amanhã também.

-Guilhermo eu...

-Deixa eu falar. Sempre foi você. Desde o primeiro dia de aula que você ficou rindo do meu sotaque e me ajudou com tudo na escola. Quando você saiu para me mostrar o Rio toda feliz e sorridente. Quando você dedicou semanas da sua vida ao Arthur na época que ele estava no hospital. Quando você me ajudou a enfrentar o meu medo ridículo de palhaço. Quando você ia para minha casa toda triste e eu conseguia tirar sorrisos de você. Você é incrível Elena e foi impossível eu não me apaixonar. Seu jeito de cuidar das pessoas e de se importar com o bem estar de todo mundo é tão lindo. Você coloca o bem estar dos seus amigos na frente do seu e faz  o possível e o impossível pelo bem  de todos, mesmo que isso custe a sua felicidade. -Ele parou de falar. Minha garganta a cada segundo se fechava mais e eu tinha vontade de sair gritando, chorando e correndo pela rua. Isso não pode estar acontecendo.

O Guilhermo olhou para baixo e respirou fundo. Não me importei se ele iria continuar falando ou não. Uma raiva passou a circular pela minha corrente sanguínea e eu simplesmente explodi.

-Você um dia me disse que não iria contar para a garota que você estava afim pelo bem dela. Quando isso mudou? Quando você ficou tão insensível a ponto de não ligar mais pelo que iria ficar martelando na minha cabeça depois? Você só pensou em você e em se livrar de um fardo que você estava carregando, tendo que esconder isso de todos os seus amigos, pois todos eles são amigos do meu namorado. -Se falei gritando ou não eu não sei. Só sei que o Guilhermo me olhou com uma cara, que se eu não estivesse tão irada, teria me dado muita pena.

-Todo mundo sabe Elena. -Ele falou. E pela ênfase que ele deu em "todo" isso incluía o Teo. 

Puta merda.

-Eu não sei o que te falar Guilhermo. Só sei de uma coisa... -Me levantei limpando o meu vestido. Olhei para ele. -Você foi muito egoísta nessa sua decisão. Não só em resolver me contar, mas também em deixar todos os nossos amigos nessa saia justa, só porque você não sabe esconder seus sentimentos. -Saí andando. Pude ouvir o Guilhermo chamar o meu nome e até gritar repetidas vezes, mas ignorei todas elas. 

Apressei o passo e aproveitei a coragem momentânea e fui para a casa do Téo. Preciso dizer para ele o quanto ele estragou a minha festa de formatura  com aquele piti dele. Preciso que ele saiba que ele nunca vai conseguir se redimir por isso.

Sabia que os pais dele não estavam em casa e por isso bati na porta e apertei a campainha igual uma doida. Demorou alguns minutos até que ele atendesse, mas não desisti, ele tinha que estar em casa. Ouvi alguém gritar do lado de dentro e parei de bater na porta. 

-Oi meu amor. -Ele disse trombando nas palavras...

Completamente bêbado. 

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