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3 meses depois

É, já estamos em Agosto. As férias vieram e foram embora e eu não tive nenhuma notícia boa que me alegrasse. Se não fosse o Téo, meus amigos e meu pai, não sei o que seria de mim.
Minhas notas foram de 10 para 7 bem rápido. Meu pai brigou comigo mas viu que eu não estava bem psicologicamente e nada que ele fizesse mudaria isso.
Um pouco antes das férias de julho, tia Valesca veio a falecer, era o que faltava para eu ficar péssima. Chorei por dias e ainda choro. Meus dias são resumidos em choro. Pela minha tia e pelo Arthur.
Mas antes da tia Valesca morrer, ela assinou um papel que tornava meu pai o responsável legal do Arthur. Ela não confiava o filho a nenhum parente dela e como meu pai sempre foi muito próximo dela, ela achou ser melhor para todos.
O Téo, coitado, está sempre comigo. Não tenho agido como uma boa namorada. Na verdade, não tenho sido namorada. Às vezes damos alguns beijinhos, mas nada muito além. Já perguntei várias vezes se ele queria dar um tempo até tudo se ajeitar, ou se ele queria terminar comigo, mas a resposta dele sempre era não.
Todos os dias no horário de visita, pelo menos um amigo meu ou amigos dele vão lá ficar com ele. O médico disse que seria bom para o Arthur receber visitas.
A Lara me atormenta quase sempre no colégio querendo saber do Arthur e vive fazendo piadinhas com tia Valesca.
-A Lara está vindo. -Guilhermo disse. Eu e ele estávamos voltando para a sala com o povo, mas nos perdemos no caminho. -Fica calma. -Ele botou as mãos nos meus braços.
-Eu quero ver o meu namorado. -Ela falou parando na minha frente.
-Não enche, Lara. -Falei sem nenhum ânimo.
-Cara, agora que aquela velha morreu, eu nunca vou poder vê-lo lá.
-O garota, escuta aqui... -O Guilhermo botou a mão na minha boca.
-Se você quiser eu trago notícias dele para você, mas não acho que seja ele sua preocupação, ou é? -Em uma das minhas conversas com o Guilhermo, acabei falando sobre a herança.
Apesar do Téo ser meu namorado, ele era muito desajeitado para conversas mais profundas, inteligentes e racionais. Diferente do Guilhermo que sempre me entendia e me dava conselhos. Posso até dizer que quem está me ajudando a passar por tudo isso sem desmoronar é ele.
A Lara saiu irritada da nossa frente. Voltamos para a aula e sentei no meu lugar. Recebi a notícia que o professor havia faltado e teríamos uma aula vaga. Meus amigos resolveram ficar na sala.
Eles conversavam sobre alguma coisa que eu não prestava atenção.
-Elena! -Igor falou me cutucando.
-O que? -Falei sem ânimo.
-Seu aniversário é em três dias. -Paulo falou. -Podemos sair para comemorar. Quer fazer alguma coisa?
-Não, valeu. -Foi tudo o que disse. Sei que eles tentavam de tudo para me animar, mas a única coisa que me animaria seria o Arthur acordar daquele maldito coma.
-Sabe o que eu realmente quero? -Falei levantando. -Eu quero que o Arthur saia daquele maldito coma. Eu quero voltar a me estranhar com ele na escola. Eu quero voltar pro dia que eu, a Carol, o Téo e ele ficávamos discutindo na piscina. Eu quero ouvir aquela voz ridícula dele. Eu quero o Arthur. -Coloquei a mão no rosto e comecei a chorar. Senti alguém me abraçar. Pelo cheiro soube que era a Carol. A abracei de volta.
-Ele vai acordar, Elena. Temos fé. -Ela afundou a mão no meu cabelo e começou a chorar também. Quando viu que não conseguia mais me consolar, foi abraçar o Pedro e o Téo veio me abraçar.
-Essa maratona de fase ruim vai passar. Logo você vai estar com ele de novo. -Ele sussurrou em meu ouvido. Os meus amigos ficaram quietos na sala. Todos respeitaram a minha dor e isso fazia com que eu os amasse mais ainda.
Uma hora de aula passou e o próximo professor entrou na sala.

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