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Depois que a Carol e o Pedro saíram, o pessoal se ajeitou em um roda e ficamos conversando até umas três da manhã, quando a gente achou que precisava dormir para acordar daqui algumas poucas horas.

Acordar não foi tão difícil quanto todos nós pensamos. Exatamente às 7:23 já estávamos no hotel, tomando café da manhã. Foi quando os pombinhos apareceram.

-E ai, estão namorando ? -O Arthur perguntou, enfiando um grande pedaço de pão na boca. 

-Sim. -O Pedro falou agarrando a Carol e dando um selinho nela. 

-Pedro, eu juro que nunca te imaginei namorando. -Falei rindo. -E nem a Carol. 

-Vocês são o casal mais improvável do mundo. -A Celeste falou. 

-Já sabemos disso. -O Pedro disse. -Os meninos me falavam isso todo dia quando a gente ainda estava ficando. -Ele deu um tapana cabeça do Caio e do Guilhermo. 

Terminamos de comer e os bugres já esperavam por nós na frente do hotel. No bugre que eu estava, fui com o Guilhermo, Arthur e Milena. 

A Milena estava com medo e preferiu ir no banco da frente. Eu sentei entre entre o Gui e o Arthur. O nosso passeio durou a manhã toda e pegou uma parte da tarde. Andamos por todas as principais dunas de Natal e até tiramos foto com uma iguana. Tirando o fato do meu cabelo ter ficado duro igual a uma pedra, por causa da areia, eu gostei demais do passeio. 

Vira e mexe eu e o Guilhermo trocávamos intensos olhares. Quando o Arthur percebia, ele me olhava e sorria. Isso me fez lembrar que ele ainda não sabia dos meus beijos com o Gui e anotei em uma agenda mental que eu deveria arrumar um tempo para contar. 

Quando chegamos de novo no hotel, fomos para um restaurante maravilhoso de camarão para almoçar/jantar, já que eram 5:48 da tarde. O restaurante estava lotado e tivemos que esperar na fila. Achei que seria um ótimo momento para falar com o Arthur. Por ser um lugar público, ele não poderia me matar e nem gritar.  

-Posso falar com você? -Falei interrompedo a conversa dos meninos, que inclusive o Gui estava no meio. Não queria que ele desconfiasse que eu iria contar pra ele, mas sei que ele no fundo sabe que eu vou contar pra o Arthur. Eu conto tudo pra o Arthur.

O Arthur assentiu e fomos caminhar na rua do restaurante. 

-Elena, meu amor, enquanto você está preparando o trigo eu já to fazendo a digestão do pão. -Olhei para ele e ri da frase. Quando ele começou a fazer essas ligações malucas? 

-O Gui contou, né? -O Arthur revirou os olhos.

-Sim... Mas se ele não contasse, eu perceberia. Você disfarça muito mal. Na verdade, vocês dois... Vocês estão caindo de amor um pelo outro, mas você não assume isso. -O Arthur parou de falar e eu não respondi nada. Não gastei saliva negando e nem mudando de assunto. -Você não negou... Elena, você não negou! 

-O que foi? -Perguntei me fazendo de sonsa. 

-Você não negou. 

-Já cansei de negar, ué. Você não acredita em mim. Meu melhor amigo não acredita em mim. 

-Eu não acredito nas suas mentiras. Se fosse falasse que gosta dele, eu super iria acreditar. -Desde ontem depois do beijo, eu não consegui tirar o Guilhermo da cabeça. Eu não pensava só no nosso beijo. Eu pensava em tudo e nele por completo. Em o quanto eu amava estar perto dele e sentir seu cheiro. Lembrei de todas as vezes que ele me confortou quando eu mais precisava e de todas as vezes que ele me fez sorrir em meio a lágrimas. Eu amo a sensação de ter meu coração disparado toda vez que o vejo e amo sentir as borboletas no meu estômago quando nos beijamos. Se o que eu sinto pelo Gui não é amor, eu não sei o que é. Só sei que não quero me ver livre dessas sensações, nunca.


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