Estados Unidos, Scarborough
18km, 11 miles
7:55 PMPoint Of View: Camila Underwood
Meus olhos se encheram de água depois que me encarei pelo espelho. Eu vejo uma aparência cansada e é notável a falta de fibras. Antes que eu mesma percebesse estava com a cabeça baixa jogando para fora o pouco que tenho no estômago. Não é água e muito menos comida, apenas um líquido pastoso de cor clara que nem mesmo quatro anos de estudos foram suficientes para responder o porquê e o que acontecia com o meu corpo.
Ao término, lavei meu rosto com a água gelada que vinha da pequena pia de alumínio, na verdade, o banheiro em si é pequeno. A linha azul não é a das melhores.
Me olhei pela última vez pelo espelho, respirei fundo e resolvi que já era hora de me despedir do banheiro. Como enfermeira eu deveria estar ajudando o pessoal com os viajantes no trem, depois do que aconteceu muitos estão bem assustados — o que é bem normal.
Abri a porta para sair e acabei me deparando com o Justin. Ele estava encostado no batente da porta em minha espera.
- Já está melhor? - Ele perguntou. Sua afeição aparentava estar preocupada mas também séria, como sempre.
Concordei em resposta.
- É aquela coisa.. mas já estou muito melhor. - Sorri fraco.
Justin assentiu e em seguida me entregou a garrafa de água que estava em mãos.
- Você precisa mais do que eu. - Disse. -Quando chegarmos em Nova York, vamos achar o seu remédio. - Concluiu afastando-se do batente.
Agradeci abaixando a cabeça.
Soltei o ar e me afastei do banheiro.
Eu preciso saber como a Alana está, ela e o irmão precisam de ajuda. Justin me encarou por alguns segundos e disse que estaria na cabine com o condutor do trem, concordei e com calma fui até o vagão onde eles se encontram.
Agora meu pé está muito melhor, ainda dói um pouco mas não me impede de caminhar. Sorri fraco para algumas pessoas enquanto me dirigia até as poltronas do Cameron e da Alana, quando me aproximei eles conversavam entre si.
- Olá, como estão? - Tentei parecer o melhor possível. Não quero assustar a Alana ou qualquer outra pessoa, nossa situação é crítica e eu sei que pode piorar muito mais.
Pelas afeições eu sinto o pessoal daqui estarem bem desanimados e temem pelo pior, o que houve na estação foi um choque, ninguém imaginaria.
- Estamos bem. Obrigado pela preocupação Camila. - Cameron sorriu.
Retribui o sorriso satisfeita com a sua resposta.
- Logo, logo chegaremos em Portland e vocês acharão um lugar bem seguro, livre de zumbis e bem confortável. - Sentei-me sobre o braço de uma poltrona atrás de mim.
Assim eu espero.
- As coisas seriam bem diferentes se você e seus amigos não estivessem aqui, todos nós teríamos morrido lá na estação. - Cameron segurou uma expressão séria enquanto falava. Concordei em silêncio. É lamentável a perda de tantas pessoas. - Muito obrigado mesmo, ainda existe muita gente boa no mundo.
- Eu não vejo a hora de tudo isso acabar. - Observei a Alana pensativa.
Fui tirada dos meus pensamentos depois de ouvir a voz da Lauren. Olhei para o lado e lá vinha ela com uma cara não muito boa. Ela me puxou para o lado e soltou um "temos um problema" bem baixo no meu ouvido.
Afastei-me dela meio receosa.
- No vagão nove. - Ela disse. - Uma garota está passando muito mal. Você é enfermeira, pode saber o que está acontecendo com ela. - Lauren tentou não chamar a atenção dos presentes.
Concordei e então pedi licença ao Cameron e juntas saímos de lá.
Chegando no vagão já era perceptível a garota. Ela estava no chão se contorcendo, ao seu lado estava o Chris que tentava acalma-la. Me aproximei dela e pedi para que o Chris e a Lauren retirassem o pessoal do vagão, a garota estava realmente muito mal.
Levei minha mão até sua testa e senti o quão ela estava quente, indaguei que fosse febre.
- O que você está sentindo? - Perguntei a menina, que não parava de se mexer e gemer.
Ela estava muito pálida e com a boca seca. Eu realmente não entendia o que se passava com ela, uma virose resultaria na febre e justificaria o fato dela estar tão pálida e aparentemente fraca, mas o que me deixa cofusa são as veias do seu rosto estarem tão dilatadas, em algumas pessoas é bem normal mas nesse caso está muito estranho, hoje não fez sol e ela parece ser muito nova para passar por problemas como este.
- O homem que esteve com ela disse que ela estava muito bem até uma hora atrás, ela ficou assim do nada. - Lauren se aproximou.
- Drogas, talvez? - Neguei em resposta para o Chris, drogas não fariam isso. Parece ser alguma doença.
Abri sua blusa para dar liberdade ao seu corpo e notei que o resto do seu corpo também estavam com as veias dilatadas e bem transparentes. A menina parou de se mexer e ficou em completo silêncio, quando toquei novamente seu rosto ele estava completamente gelando. Soltei um grito afastando-me dela depois de ver as suas íris se escurecerem e desaparecer deixando seus olhos totalmente brancos.
Oh não..
Ela se levantou e começou a encarar a Lauren, o Chris e eu em silêncio. Engoli em seco torcendo para não ser o que eu estava pensando.
Continua..
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Hurt! Attack Zombie
FanfictionHORROR STORY | Esta é a história de duas almas feridas que lutam para superar os seus infernos pessoais num mundo destruído. Em um dia, Camila era apenas uma enfermeira cuja vida girava em torno de um hospital e de seus fantasmas pessoais. E no ou...