FORÇANDO AS MINHAS MÃOS

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CAMILA UNDERWOOD:

Mais três novos passos meus foram dados, e com o impulso e a força necessária, atirei o meu machado velho e enferrujado, que eu havia encontrado em meio a toda confusão com os zumbis, abandonado sobre o rodapé da porta de um quarto qualquer, contra a cabeça do cadáver que vinha em minha direção pronto para arrancar do meu rosto um pedaço bastante generoso.

Na sequência, eu troquei o machado de mão, e usando um pouco mais de força, arranquei de um outro zumbi logo atrás de mim, quase quatro dentes da sua boca. Ele desabou sobre o chão na sequência dando a mim a liberdade necessária para que eu prosseguisse ainda inteira em meio à escuridão daqueles corredores cada vez mais sinistros.

Somers surgiu ao final daquele corredor instantes depois, para o desespero ou alívio meu. Eu não tinha certeza de que teria sido para mim ou não, mas durante os poucos segundos que esteve parado ali, debaixo do alarme inútil de incêndio, em frente ao elevador e ao lado da porta do primeiro quarto do corredor, ele expressou em seu rosto e em seus olhares alarmados e cansados, infelicidade e desgosto, como se aquilo que estivesse assistindo não o tivesse agradado de jeito algum.

Pelo meu bem e por eu estar sendo literalmente caçada por um bando de zumbis "mortos de fome", eu optei por acreditar que aquele olhar seu de poucos amigos que dizia: "Era só o que me faltava", fosse para os cadáveres e não para mim. Como se ele dissesse: "Esse zumbis malditos não dão um tempo!" ao invés de: "Não acredito que essa mulher ainda está viva, e para piorar, trouxe os cadáveres consigo". Eu minha opinião soava até melhor, mais humano.

Ele, então, desapareceu num piscar de olhos.

Eu olhei para trás por curiosidade, acreditando ingenuamente que os mortos já haviam sido deixados para trás. A matemática, a física, ou seja lá que fosse, não permitiria. Os cadáveres são lentos, manipuláveis e não raciocinam de forma alguma. Logo eu, sou ágil, habilidosa e não tenho um cérebro infectado na cabeça repleto de fungos e bactérias. Exatamente tudo estava ao meu favor. Mortos-vivos podres e caindo aos pedaços movidos a nada mais que uma vontade insaciável por carne viva não poderiam alcançar tão facilmente assim alguém com pernas boas e uma ótima disposição como eu.

E mesmo que a física ou algum cientista estudioso concordasse com a minha "teoria relativa dos mortos-vivos", eu ainda estava enganada. Para a minha infelicidade eles ainda estavam lá, me perseguindo, e em número maior. Não importava o que eu fizesse, o tanto que eu corresse, eles ainda continuavam lá, cheios de apetite e sedentos para cavar fundo a minha cova.

- Eu não acredito..! - Deixei a minha frustração se transformar em palavras. Eu apertei fortemente o machado em minha mão como se eu quisesse causar nele algum tipo de dor. Eu também apertei os lábios, e em minha cabeça me obriguei a manter a calma e o controle. Surtar entre um corredor extenso e pouco iluminado, dentro de um hotel a essa altura repleto de zumbis, não estava nos meus planos.

Eu estava perdida e também bastante frustrada, não havia conseguido encontrar as coisas que estava em busca e ainda acabei me perdendo do restante do grupo, sem novidades ou informações de qualquer um deles — agora, com exceção do Chaz Somers —, mas fosse o que fosse, eu não poderia dar para trás. O restante do pessoal da fazenda vão querer me matar por eu ter tido a ideia suicida de vir para cá, quando nenhum deles nunca se quer teve essa coragem, principalmente o Shawn.

Nós já estamos aqui e eu vou me "ferrar" muito futuramente de qualquer maneira, então que a Caitlin consiga as insulinas dela e eu o meu suprimento de primeiros socorros.

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