PRESOS A ALGEMAS, AMARRADOS A UM SENTIMENTO

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CAMILA UNDERWOOD:

- Será que você poderia caminhar um pouco mais devagar? Eu levei uma mordida aqui, está doendo. - Resmunguei enquanto seguia Justin, a dois passos atrás dele.

Não houve respostas por sua parte, o que me fez bufar frustrada.

Ele é um porre.

Faz pouco mais de meia hora que Justin e eu conseguimos escapar daquele hospital infestado de zumbis, nós ainda estamos algemados e não fazemos a menor ideia de como pegaremos todas aquelas bolsas de volta. Eu estou morrendo de dor, estou completamente faminta e não sei se conseguirei seguir adiante, não no mesmo pique que o homem focado em minha frente está.

Todos os meus ferimentos estão doendo, inclusive a maldita mordida do zumbi. E o pior de tudo é que ainda é cedo, o efeito das medicações está indo embora cada vez mais rápido e eu não sei o que irei fazer. Eu perdi duas noites de sono e fiquei acabada, eu não tenho certeza de que aguentarei mais duas outras noites.

- O efeito das medicações está passando. E você viu, os cadáveres levaram o meu sobretudo com o restante que sobrou. Eu não tenho mais nada para amenizar a dor. - Insisti.

Ignorando-me completamente, Justin prosseguiu em completo silêncio, sem demonstrar se quer algum tipo de reação.

Eu me irritei em seguida.

Parando no lugar, eu me recusei a continuar a caminhar, obrigando ao Justin a fazer o mesmo e então finalmente colocar a sua atenção em mim.

Eu sei que fiz merda e que fui muito burra e injusta com ele — e que sinceramente, a essa altura eu já me arrependo muito de ter entrado em seu caminho —, mas se Justin realmente quiser a minha ajuda, vai ter que parar de agir como um "crianção". Me tratar mal e agir indiferentemente não vai mudar coisa alguma e só irá piorar a nossa situação. Eu quero ajudar, e de alguma forma tentar me redimir, mas na situação em que me encontro será difícil. Eu estou fraca, cansada e faminta, e acredito que ele também esteja. Aquele grupo é forte e tem muitas coisas, inclusive muito poder de fogo, e não é irritado um com o outro ou cheios de ressentimentos que iremos conseguir lidar com eles.

Não é uma situação fácil, eles são perigosos e estão em maior número, Justin não está pensando direito.

- Qual é o seu problema? - Perguntei num tom sério ao vê-lo rapidamente se virar para mim com o semblante carregado, prestes a explodir.

- Qual é o meu problema? Qual é o seu problema? O que é que você quer que eu faça? Que eu me transforme num curandeiro ou que magicamente faça com que as suas malditas dores desapareçam? - Encarou-me inexpressivo. A minha vontade era de arrancar o meu braço e fugir dali, a nossa relação baseada em ódio e ressentimento não estava dando certo. Justin e eu poderíamos acabar mortos nessa. - Tudo o que eu pude fazer por você eu fiz, agora deixa de ser tão ingrata e para de reclamar a cada dez segundos.

- Você é um imbecil. - Rosnei entre dentes amarga. Eu via que com ele não havia dialogo. É um grande boçal.

Sem se importar comigo ou com o que eu pensava ou deixava de pensar sobre si, com aquele mesmo olhar vazio e feroz de sempre, Justin se virou e retornou a caminhar em passos longos e firmes, enquanto praticamente me arrastava logo atrás.

Nós nos encontrávamos na avenida Woodwalk, uma das maiores daquele lado da Virgínia. Justin procurava por sua moto, que segundo ele, a deixou escondida atrás de uma barbearia antiga entre algumas caçambas de lixo. Ele comentou entre poucas palavras que deixou a motocicleta a tantas quadras do hospital por segurança, caso houvesse mais problemas com os zumbis, e disse também que em um dos seus compartilhamentos deixou algum ítens de sobrevivência, como garrafas de água e um revólver.

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