CORPO A CORPO

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JUSTIN BIEBER:

Está caindo uma chuva torrencial do lado de fora, é tanto que as vezes me faz pensar que nunca irá parar.

Eu observava quieto e pensativo as gotas de água descerem furiosas do céu e desaparecerem no asfalto e em meio às tantas poças de água espalhadas pela rua.

É uma noite fria e solitária igualmente as outras, só que dessa vez há algo um pouco diferente, algo que ainda não sei o quê é.

Suspiro pesadamente e cansado.

Despercebidos os meus olhos correram em direção ao segundo andar da casa, eu inclinei um pouco a cabeça e encontrei sentada sobre a sacada de um dos quartos uma Camila quieta, triste e aparentemente angustiada. Ela não me notou ali e eu agradeci por isso, assim eu poderia observá-la por mais tempo sem que os nossos olhos se encontrassem e eu me sentisse estranho ou idiota por fazer aquilo.

Notar os seus traços finos e delicados tão cabisbaixos fez com que o meu coração se apertasse por dentro, eu não gostava de vê-la triste.

Eu gostaria de poder mudar aquilo..

Após desviar o meu olhar eu suspirei cansado mais uma vez e então resolvi entrar de volta para casa, fazia bastante frio e esperar ali que a chuva parasse era tolice, tão quanto a perda de tempo.

Do lado de dentro da casa as coisas pareciam até que agradáveis, mas claro, na medida do possível. Todos já haviam ido para o seus quartos descansar já fazia um bom tempo, isso fez com que o velho imóvel dos Stuart's retornasse ao silêncio e a falta de vida de antes.

Eu caminhava sobre aquela sala rústica mobiliada a moda antiga acompanhando os sons causados pelo assoalho debaixo de mim, debaixo da pouca iluminação de todas aquelas velas e sentindo-me um pouco apreensivo por algo que eu mal sabia se estaria por vir.

É melancólico.

Numa das estantes velhas e esquecidas da sala de estar eu encontrei uma garrafa de whisky completamente cheia e lacrada. Encontrava-se empoeirada assim como o restante dos pertencentes da casa e parecia nunca ao menos ter sido apreciada, exatamente por estar largada num canto qualquer e ao menos ter sido tocada, não há nada mais escrito nela além de "Faroeiro 1946", a embalagem é simples e de muito mal gosto, não precisou ser feito muito para que eu sentisse vontade de aprecia-la no início daquela madrugada chuvosa e cheia de mistérios.

Segurando firmemente a garrafa de whisky eu caminhei até o balcão da cozinha e usei o meu canivete para abri-la, coloquei também sobre o balcão um copo de cristal qualquer e coloquei-me a observar a pequena dupla. Eu odiava pensar tanto.

Os meus olhos correram em direção ao segundo andar da casa e em especial a sacada aonde a Camila ainda deveria estar, era como se eu tivesse um tipo de visão especial que me fizesse olhar por trás das paredes. Eu me sentia mal por ela e pensava muito em tudo o quê veio acontecendo, e em especial ao que ouvi mais cedo da Haizel.

Camila e eu temos problemas, esses problemas que nos afastam e que fazem da gente os nossos próprios cativos. Eu odeio comparações, mas sinto que somos completamente iguais em certas circunstâncias, talvez seja por isso que o "destino" tenha nos unido.

Não que eu acredite nessas baboseiras...

Um passo para trás foi o suficiente, eu retirei de dentro do armário mais um daqueles copos medianos de cristais, e juntamente da garrafa de whisky e daqueles frágeis copos caminhei em direção à sala de estar e comecei a subir as escadas. Camila e eu não precisamos passar por isso sozinhos enquanto temos um ao outro.

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