VOCÊ NÃO É REAL!

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Continuação

- Ande logo com isso. - Justin firmou a voz ao falar, ele parecia impaciente — como sempre.

Virei-me para a porta e fiquei encarando-a por alguns segundos. O meu coração quase saltou depois de a campainha ser tocada novamente.

Soltei o ar pela boca e então fui até o olho mágico. De início eu não vi nada, mas mais um pouco a baixo avistei uma cabeça, foi quando percebi que era uma garotinha. Ela é loirinha e tem tranças no cabelo, usa um vestido rosa e meias longas. Já pelos olhos e a deformação do rosto eu percebi ser um zumbi.

Foi então que a reconheci.

- É a Kim.. - Demonstrei desânimo na voz.

As vezes eu me esqueço de que todos que conheço estão mortos e andando por aí sem consciência alguma.

É tão.. triste.

Retornei a obseva-la pelo olho mágico, ela parecia esperar por algo ou por alguém. Seria eu? Em uma das mãos ela segurava o urso de pelúcia — Brutus — que há meses atrás eu havia lhe dado. Ela amou tanto o presente que até mesmo para a escola não deixava de levá-lo. Eu amava a Kim, ela era como uma filha para mim. A gente se dava muito bem.

E agora ela está aqui, desta forma..

- Por que não convida ela para entrar? Quem sabe tomar um cafezinho. Oferece o seu braço, ela vai adorar. - Ouvi Justin dizer. Torci o nariz e me virei para ele que subia as escadas. Muito engraçado. - Talvez ela se lembre de você e volte a ser uma humana. Quem sabe? Não é você a protetora dos zumbis?

Instantaneamente, eu quis revirar os olhos.

Imbecil.

Resolvi não responder ao seu deboche, não valheria a pena.

Me encolhi depois de ver a Kim olhar bem em minha direção, e assim ela ficou. Eu passei cerca de um minuto ali fitando-a me esforçando o máximo para saber o por quê de ela estar ali. Será que ainda há alguma lembrança entre eles? Talvez não estejam completamente mortos.

Eu queria tanto saber.

Esses zumbis sempre serão um mistério.

Antes de que a melancolia tomasse conta de mim, afastei-me da porta. Uma hora ela vai ter que sair dali. Quanto menos eu pensar, menos vou me sentir mal. Eu tenho muitas dúvidas, e sei que não há respostas para nenhuma delas, não posso deixar que isso me consuma.

E então, subi até o meu quarto a procura de roupas limpas e uma toalha, eu precisava de um banho urgente.
[...]

Manti os meus olhos fechados enquanto deslizava o meu corpo para dentro da banheira. Eu nunca fui fã de banheiras, depois de um acidente no qual quase morri afogada quando menor resolvi evita-las, mas hoje foi totalmente preciso. Eu mal consigo manter-me em pé, sem sentir as minhas pernas tremerem e desabar, não só as minhas pernas mas como meu corpo inteiro doí.

É como se eu tivesse feito uma série gigantesca de exercícios pesados sem parar por um segundo.

Joguei a minha cabeça para trás e soltei o ar que segurava, a temperatura da água me proporcionou uma onda de prazer absurda. Senti ali os meus problemas irem embora. Dei graças a Deus quando senti o meu corpo relaxar por inteiro.

Glorifico de pé o criador do chuveiro elétrico.

Usei as minhas duas mãos para jogar a água quente em meu rosto, em seguida, me deitei de volta sentindo vontade de nunca mais sair dali.

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