MEDOS

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Estados Unidos, Boston
Hurricane Park
7:21 PM

Point Of View: Camila Umderwood

Fiz um "o" com a boca depois de perceber uma maquina de algodão doce parada bem em nossa frente, eu apertei o passo e fui até ela com um sorriso no rosto.

- Mas que legal! - Demonstrei grande animação. Eu não lembro exatamente quando foi a última vez que vim aqui mas sei que faz bastante tempo, e estar aqui hoje está sendo importante para mim, principalmente pelo fato de que talvez possa ser a última vez.

Justin e eu já estamos aqui a quase uma hora apenas passeando, o engraçado foi que ele disse "apenas cinco minutos" e esse foi exatamente o tempo que demoramos para conseguir entrar aqui. O parque está bem trancado e protegido, tanto de pessoas como de zumbis, apesar de ter alguns aqui dentro — afinal, os seres humanos estão por toda parte.

Justin acha que esse é um ótimo lugar para fugir dos zumbis, é grande e os muros são altos, eu concordo plenamente.

- Hum-Hum! Nem pensar! - O loiro passou direto por mim, ele me ignorou e seguiu em frente.

Eu torci o meu nariz e resolvi ficar ali parada com os braços cruzados, enquanto observando-o caminhar despreocupadamente em direção as máquinas de refrigerante no qual procurávamos.

- Por favor.. - O meu tom transpareceu impaciente. Bufei alto por frustração, sentindo-me ignorada.

Apertei os lábios.

Justin foi até as máquinas de refrigerante e parou em frente a uma delas parecendo pensar. Coca Cola, Pepsi e Sprite, será uma escolha difícil.

- Eu não saio daqui enquanto não conseguir meu algodão doce!

Justin deu de ombros.

- Eu não estou nem aí. Se quiser até mesmo virar um monumento do parque.. a vida é sua, não é mesmo?

Arqueei uma sobrancelha.

Ele bufou.

- E você parece uma daquelas garotinhas mimadas de sete anos. - Finalmente Justin escolheu o refrigerante, ele foi até a maquina de Sprite e chutou-a com força. São cinco dólares cada lata, é isso ou a maquina não entrega de jeito algum. - Eu já fiz pipoca para você, e quase fui mordido por dois zumbis por isso. Para de ser chata e ingrata. - Justin deu mais chutes na maquina quando percebeu que ela não o entregaria o refrigerante, e é óbvio que ele não iria querer pagar.

A parte boa de viver nos dias de hoje é isto, nada mais valhe ou importa. E tudo bem se eu ir numa daquelas lojas caras de bolsas femininas de socialites e queimar uma prada por diversão.

Rolei os meus olhos e fui até ele. Eu pensei em fazermos um trato, eu quero e vou conseguir meu algodão doce. Eu até faria um, mas não entendo bulhufas de como se mexe numa maquina dessas. Eu sou uma enfermeira, hello?

Me aproximei do Justin e puxei seu braço para trás afastando-o da maquina. Ele me lançou um olhar enfurecido e ao mesmo tempo desacreditado, talvez eu não tenha sido a mais cuidadosa, e antes de que ele abrisse a boca para brigar comigo o impedi.

- Essa maquina é antiga, ou seja ela é mais forte e simples. Chutar ela só vai fazer mais barulho e chamar os zumbis.. E você pode machucar o seu tornozelo. - Falei enquanto me dirigia para o lado livre da máquina. Justin pareceu concordar esperando uma ação minha. - Eu não pagava cinco dólares antes e não vamos pagar agora. - Me abaixei e passei o meu braço por trás da maquina indo em direção a um círculo bem acima da bateria, com cuidado infiei minha mão no buraco e empurrei uma alavanca para a direita. Em seguida, a máquina soltou um barulhinho — que indicava que ela teria sido destravada — fazendo-me esboçar um breve sorriso satisfeita.

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