ENVOLVIMENTOS

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Continuação.

Vamos ignorar a parte que ele foi totalmente grosseiro e me expulsou mais de uma vez de lá.

- Eu não sei se si lembra, mas eu sou a enfermeira aqui. Deixa eu te ajudar, pode infeccionar e ficar pior. - Observei Justin enquanto falava.

Ele segurava o braço com uma mão e com a outra procurava alguma coisa dentro da caixa de primeiro socorros.

Em meio a toda bagunça com os zumbis e o jatinho ele acabou levando um tiro do Chris — sem querer claro — mas o problema aqui é que esse cabeça dura não quer me deixar ajudá-lo.

- Foi de raspão, eu estou legal. - Justin trocou um único olhar comigo pelo espelho. A sua voz saiu baixa, mas mais ainda impaciente.

Não o respondi, apenas continuei fitando-o com os braços cruzados. Está para nascer homem mais teimoso.

Depois de perceber que eu não sairia dali e que não conseguiria cuidar do braço e dos outros ferimentos sozinho, Justin se virou para mim parecendo aceitar a minha ajuda. Ele bufou alto e balbuciou algumas palavras com o semblante insatisfeito, retirou sua blusa e se encostou na pequena pia logo atrás.

É incrível a quantidade de tatuagens que ele tem, no peito e nos braços. Enquanto limpava o sangue eu observei cada uma com certa curiosidade, apesar de não ter coragem de fazer até mesmo uma simples inicial eu acho tatuagens super bonitas e interessantes, principalmente o significados delas.

Eu desviei meu olhar do Justin depois de perceber que ele notou o quanto examinava suas tatuagens.

Depois que terminei de limpar o sangue, fiz o mais perfeito e bem feito curativo. O ferimento não era tão sério mas também não tão monótono, se Justin mante-lo protegido e não ocupar muito o braço, ele vai ficar bem logo. Um sutura resolveu tudinho.

- Morreu? - Reprimi sorriso sarcástico que viria.

Em resposta, Justin virou seu rosto para o lado tentando me ignorar.

- Você é tão chata.. - Murmurou ainda com o rosto virado para o lado. - Eu teria feito sozinho. - Disse.

Revirei os olhos como resposta.

Eu percebi..

Mau agradecido.

- Você é tatuador, não é? - Perguntei a ele, ainda distraída. Talvez possa ser apenas um palpite. Joguei o restante de Merthiolate no algodão e comecei a passar sobre os pequenos ferimentos em seu braço. - O seu sobrenome estava num outdoor anunciando o maior Estúdio de tatuagem de Nova York. - Eu demorei bastante para perceber isso.

Justin respirou fundo e depois soltou o ar, ele parecia pensar.

- Eu sou o dono da Kingman's.. e sim sou tatuador. - Ele pareceu não dar muita importância no falar. Eu tentei não parecer surpresa mas falhei, Justin é o maior tatuador dos Estados Unidos e eu não tinha idéia. - Não é a única coisa que faço, também sou músico e tenho uma rede de lojas ligada a música.

- Isso é legal, achei diferente. - Demonstrei animação. - Está vendo? Não foi tão difícil falar um pouquinho sobre você. A gente está juntos nessa. E sabe? você não precisa me tratar como uma completa estranha sempre.

- Eu não quero me envolver, entende? - Justin pareceu ficar arrependido depois de dizer estas palavras, eu percebi.

Talvez eu tenha ficado um pouco surpresa, mas não deveria, afinal suas atitudes condiz com alguém que não queira criar laços. Acho que hoje mais do que nunca, o medo se apagar a alguém é real. É normal sentirmos medo.

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