CAMILA: PEDIDO DE MISERICÓRDIA ( Parte Quatro )

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[...]
Laboratórios S.C5, Flórida

Isobel pediu pela vigésima vez, que "por Deus" Camila largasse o seu pobre pescoço. Ela grunhia alto. Sufocada, sentia as suas forças esvaírem.

Engasgada com o seu próprio ódio, Camila afastou-se, não por ter pena, não por já não desejar mais ver Isobel pagando pelo mal que lhe fez, mas por estar exausta e tão fora de si como nunca esteve. Precisava ouvi-la e saber o por quê daquilo. A bebê que tanto amou e aguardou agora está ali sem vida. E antes de que tome qualquer outra atitude impensada precisa saber.

Com os seus olhos negros e faiscantes, afastavam-se da loira. Sentia fortes dores na cabeça, algo preso em sua garganta impedia de que as suas lágrimas escorressem. Precisava chorar e colocar toda a sua amargura para fora. Cega de ódio, apertava os punhos, esforçando-se ao máximo para voltar a sanidade. Ainda tem que sair deste maldito laboratório e salvar a vida de Haizel, antes de que o pior aconteça a ela, não saberia lidar se perdesse mais alguém ou que mais alguém sofresse por sua causa.

- E-Eu, eu sinto muito, Cam..

Trêmula, Isobel tomou coragem para dizer. O murmúrio teria saído falho dos teus lábios, Camila os ouviu apesar de ainda aparentemente estar atônita, não deixou que a loira prosseguisse, não queria ouvi-la, então apressou-se em calá-la.

- Cala a boca. - Rosnou, faltando pouco para deixar as suas presas a mostra. Sentia nojo e grande revolta no coração. - Você não tem esse direito. Não tem o direito de sentir muito. Você e ninguém! Não pode sentir o que eu estou sentido, não você. É a pessoa menos indicada para sentir algo, matou a minha filha e ajudou com que me jogasse nesse inferno, não foi? Então cala a maldita boca! - Gritou por fim, deixando algumas lágrimas escaparem.

Então engoliu em seco, sabendo que não faltaria muito para desabar.

Está doendo, está doendo muito! É um sentimento indescritível, e que deseja poder nunca mais senti-lo na vida, não o aguentaria.

Isobel também engoliu em seco. Com as mãos ainda pressionadas em volta do seu pescoço, como se protegesse-o "de todo mal" — ou para ser mais exata, das garras impiedosas de Camila — com os olhos marejados e avermelhados, encolheu-se, temerosa.

Camila deu-na as costas. Com as mãos cobrindo o seu rosto pálido por inteiro caminhou para um direção qualquer sentindo grande aflição em seu coração. Queria gritar, surtar e chorar alto. Sente grande raiva de si própria, tão mais quanto sente do  Louis Tomlinson. Se tivesse protegido Alice com unhas e dentes, assim como uma mamãe leoa faz, talvez a menina poderia estar viva agora, se não tivesse acreditado cegamente no marido como acreditava, talvez a menininha pudesse ter tido uma segunda chance, e se não tivesse sido tão burra, tão inocente, tão.. A Alice não teria o fim trágico e impiedoso que teve.

Um soluço escapou dos teus pequenos e pálidos lábios.

Sente tanto.

Sente culpa.

Mesmo sabendo que nada e ninguém poderia parar Louis Tomlinson e a sua ganância.

Curvou a cabeça em rendição e fechou os olhos.

- O meu bebê também morreu. - A voz trêmula e chorosa de Isobel soou entre todas aquelas paredes. Camila ouviu-a, inevitavelmente sentiu-se curiosa, mesmo que estivesse prestes a gritar qualquer ofensa à aquela mulher. Ela não o fez, porquê no fundo, queria ouvi-la.

A grande verdade sobre a Camila é essa, não importa o quanto de ódio impregne-se em seu coração, quanta magoa, rancor.. No fundo, sempre será uma mulher boa e sensível à dores alheias. O seu pai Thomás, sempre gostou de assemelha-la a uma pedra preciosa, algo que o mundo ruim que conhecera não merecia, e no final das contas, o Sr: Underwood estava totalmente certo. Porque não importa o quão clichê pareça, no final das contas, o bem, o amor e a verdade, sempre vencerá.

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