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Laboratórios S.C5, FlóridaIsobel pediu pela vigésima vez, que "por Deus" Camila largasse o seu pobre pescoço. Ela grunhia alto. Sufocada, sentia as suas forças esvaírem.
Engasgada com o seu próprio ódio, Camila afastou-se, não por ter pena, não por já não desejar mais ver Isobel pagando pelo mal que lhe fez, mas por estar exausta e tão fora de si como nunca esteve. Precisava ouvi-la e saber o por quê daquilo. A bebê que tanto amou e aguardou agora está ali sem vida. E antes de que tome qualquer outra atitude impensada precisa saber.
Com os seus olhos negros e faiscantes, afastavam-se da loira. Sentia fortes dores na cabeça, algo preso em sua garganta impedia de que as suas lágrimas escorressem. Precisava chorar e colocar toda a sua amargura para fora. Cega de ódio, apertava os punhos, esforçando-se ao máximo para voltar a sanidade. Ainda tem que sair deste maldito laboratório e salvar a vida de Haizel, antes de que o pior aconteça a ela, não saberia lidar se perdesse mais alguém ou que mais alguém sofresse por sua causa.
- E-Eu, eu sinto muito, Cam..
Trêmula, Isobel tomou coragem para dizer. O murmúrio teria saído falho dos teus lábios, Camila os ouviu apesar de ainda aparentemente estar atônita, não deixou que a loira prosseguisse, não queria ouvi-la, então apressou-se em calá-la.
- Cala a boca. - Rosnou, faltando pouco para deixar as suas presas a mostra. Sentia nojo e grande revolta no coração. - Você não tem esse direito. Não tem o direito de sentir muito. Você e ninguém! Não pode sentir o que eu estou sentido, não você. É a pessoa menos indicada para sentir algo, matou a minha filha e ajudou com que me jogasse nesse inferno, não foi? Então cala a maldita boca! - Gritou por fim, deixando algumas lágrimas escaparem.
Então engoliu em seco, sabendo que não faltaria muito para desabar.
Está doendo, está doendo muito! É um sentimento indescritível, e que deseja poder nunca mais senti-lo na vida, não o aguentaria.
Isobel também engoliu em seco. Com as mãos ainda pressionadas em volta do seu pescoço, como se protegesse-o "de todo mal" — ou para ser mais exata, das garras impiedosas de Camila — com os olhos marejados e avermelhados, encolheu-se, temerosa.
Camila deu-na as costas. Com as mãos cobrindo o seu rosto pálido por inteiro caminhou para um direção qualquer sentindo grande aflição em seu coração. Queria gritar, surtar e chorar alto. Sente grande raiva de si própria, tão mais quanto sente do Louis Tomlinson. Se tivesse protegido Alice com unhas e dentes, assim como uma mamãe leoa faz, talvez a menina poderia estar viva agora, se não tivesse acreditado cegamente no marido como acreditava, talvez a menininha pudesse ter tido uma segunda chance, e se não tivesse sido tão burra, tão inocente, tão.. A Alice não teria o fim trágico e impiedoso que teve.
Um soluço escapou dos teus pequenos e pálidos lábios.
Sente tanto.
Sente culpa.
Mesmo sabendo que nada e ninguém poderia parar Louis Tomlinson e a sua ganância.
Curvou a cabeça em rendição e fechou os olhos.
- O meu bebê também morreu. - A voz trêmula e chorosa de Isobel soou entre todas aquelas paredes. Camila ouviu-a, inevitavelmente sentiu-se curiosa, mesmo que estivesse prestes a gritar qualquer ofensa à aquela mulher. Ela não o fez, porquê no fundo, queria ouvi-la.
A grande verdade sobre a Camila é essa, não importa o quanto de ódio impregne-se em seu coração, quanta magoa, rancor.. No fundo, sempre será uma mulher boa e sensível à dores alheias. O seu pai Thomás, sempre gostou de assemelha-la a uma pedra preciosa, algo que o mundo ruim que conhecera não merecia, e no final das contas, o Sr: Underwood estava totalmente certo. Porque não importa o quão clichê pareça, no final das contas, o bem, o amor e a verdade, sempre vencerá.
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Hurt! Attack Zombie
FanfictionHORROR STORY | Esta é a história de duas almas feridas que lutam para superar os seus infernos pessoais num mundo destruído. Em um dia, Camila era apenas uma enfermeira cuja vida girava em torno de um hospital e de seus fantasmas pessoais. E no ou...