Capitulo 18

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MARK: Nicole! Venha, rápido, temos a primeira admissão do dia! O doutor Ryan está esperando por você!


Eu me assusto. Perdida em meus pensamentos, não prestei atenção ao que estava acontecendo ao meu redor.


NICOLE: Ah, sim, estou indo!


Eu me arrumo e corro até o quarto onde Simon entrou após me chamar. Não sei porquê, mas tenho a impressão de que será um dia agitado.


NICOLE: O que houve?

RYAN: Intoxicação aguda de álcool em um jovem de dezassete anos.

NICOLE: Qual é o nível de álcool no sangue?

RYAN: Cinco gramas.


Eu arregalo meus olhos.


NICOLE: Cinco gramas? Isso é muito!

RYAN: De acordo com os bombeiros, um amigo dele os chamou porque ele não respondia mais às suas mensagens... e disse que foi uma aposta. Ele ingeriu várias garrafas de álcool sozinho para ganhar a aposta.

NICOLE: Com quatro gramas, o risco de morte é considerável, se me lembro bem, neste caso... Isso é pura irresponsabilidade!

RYAN: Sim! O álcool interrompe a circulação entre os neurónios. Seu cérebro já não está mais funcionando correctamente. Vamos fazer um teste de glicose no sangue, rápido.


A enfermeira assistente inicia o procedimento.


RYAN: Mark, verifique se ele está no sistema. Nicole, se suas mãos estiverem limpas, me passe o laringoscópio?

NICOLE: Aqui está!

RYAN: Obrigado.


Eu sorrio.


RYAN: Uma equipa de emergência não estava disponível para acompanhar os bombeiros, então, vamos intubá-lo aqui.


Mark resmunga atrás de mim.


MARK: Se ele passar por essa, espero que ele aprenda a lição!

NICOLE: Ele está em coma alcoólico, então?

RYAN: Sim, precisamos coloca-lo no respirador e esperar. Há risco de insuficiência respiratória, epilepsia. Vamos examiná-lo com atenção.

NICOLE: Depois?

RYAN: Depois, teremos que esperar até ele acordar e, enquanto isso, diminuir o nível de álcool no sangue. Um tubo de ventilação, por favor...


Passo o tubo para Ryan que, com um olhar concentrado, insere na garganta do jovem.


MARK: Morrer por uma aposta tão estúpida, que babaca!


Eu fico surpresa com o fervor em sua voz.


RYAN: Mark...

MARK: Desculpe doutor, não consegui evitar. Quando eu vejo as pessoas colocando as suas vidas em risco, assim, por razões tão bobas... Razões que fazem as pessoas perderem a noção do que é certo e errado, seguro ou perigoso! Isso me deixa furioso!


Ryan respira fundo atrás da mascara cirúrgica.


RYAN: Eu sei, mas nosso trabalho não é julgar os pacientes. Nós não sabemos nada sobre a vida desse garoto, sobre o que o levou a fazer isso. Mesmo que seja apenas irresponsabilidade, isso não muda nada, nós tratamos todos da mesma maneira, incluindo os tolos. Mantê-lo vivo provavelmente lhe dará a oportunidade de mudar seu comportamento.


Ele olha seriamente para Mark.


RYAN: Além disso, devemos deixar nossos dramas pessoais fora do hospital, se possível. Nossos pacientes não têm nada a ver com isso.


Sinto na voz de Ryan muita bondade e preocupação com os pacientes.

De repente, Mark reage ao ouvir essas palavras.


MARK: Ah, é mesmo, doutor?


Seu tom é irónico, como se o objectivo fosse atacar o Ryan. Atrás da máscara cirúrgica, o rosto de Ryan fica tenso por um breve momento, como se ele tivesse sido atingido.

No entanto, ele se recompõe quase que imediatamente, mas não diz nada. Logo depois, Mark balança a cabeça, e depois olha para baixo.

Amor nas UrgênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora