Capitulo 56

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Após realizarmos vários testes e confirmarmos o estado de saúde da mãe, nós vamos até a sala de espera, para conversar com a família.


RYAN: Boa noite, eu sou o Doutor Ryan, e esta é Nicole, minha estagiária. Nós recebemos a Senhora Lidia Fevre após a sua passagem pela ala de emergência...


Um jovem com cerca de dezasseis anos, um olhar triste no rosto, corre em nossa direcção.


FILHO PACIENTE: Ela vai ficar bem? Eu quero vê-la! Eles a enviaram para cá porque no ponto socorro não havia mais nada a fazer, mas aqui ela ficará bem, certo?

MARIDO PACIENTE: Marco...


Um homem com os seus quarenta e poucos anos tenta colocar o braço sobre os ombros do jovem. O rapaz tira o braço violentamente.


FILHO PACIENTE: Me deixe em paz! Eu estou falando com os médicos! Você não sabe de nada!


Acho que tudo isso é culpa do sofrimento... O pai se afasta novamente, com a cabeça abaixada.


RYAN: Marco, certo? Infelizmente, uma artéria estourou no cérebro dela. O dano cerebral foi intenso, quando ela chegou ao ponto socorro, não podemos fazer nada para ajudá-la.


O adolescente responde agressivamente.


FILHO PACIENTE: Eu não acredito em você! Porque ela foi transferida para cá, se já não havia nada que vocês pudessem fazer?

MARIDO PACIENTE: Marco, veja bem...

FILHO PACIENTE: Eu já disse para você sair de perto!


Ryan fez um gesto para o pai se afastar, seus olhos estão vermelhos. Eu sinto pena do homem, que deve estar sofrendo pela perda e pela rejeição...


RYAN: Porque é na unidade de reanimação que nós fazemos uma ultima averiguação. Sua mãe teve morte cerebral, o que significa que ela não acordará mais. O cérebro dela está morto, mas seu coração continua batendo.

FILHO PACIENTE: Então, ela ainda está viva?


Sinto como se eu estivesse novamente com o Sam...


RYAN: Eu sei que é um pouco difícil de entender, mas o coração está apenas bombeando sangue através do corpo. O que faz com que alguém esteja vivo é o cérebro, se o cérebro morre, a pessoa morre também. Quando o cérebro morre, a pessoa perde a consciência, as funções motoras, as memórias. Mesmo que o sangue continue circulando pelo corpo. O corpo dela é como um barco sem capitão, entende?

FILHO PACIENTE: Eu... acho que sim.


Seus olhos estão cheios de lágrimas, que deslizam pelas bochechas avermelhadas. O pai pega o jovem novamente nos seus braços, desta vez, ele aceita. Ele chora até soluçar.


FILHO PACIENTE: Eu posso... vê-la? Mesmo que... ela não esteja... consciente?

RYAN: É claro.


A voz de Ryan é extremamente gentil.


RYAN: Venha comigo.


Eu me inclino e pego uma caixa de lenços sobre a mesa.


NICOLE: Aqui, pegue um.


Marco levanta o rosto e me olha, suas lágrimas escorrem até a sua camiseta.


FILHO PACIENTE: Não precisa, eu não estou chorando.

NICOLE: Certo...


Ele empurra a caixa de lenços com a mão e se levanta, tremendo, com o seu pai o acompanhando lado a lado.


FILHO PACIENTE: Mãe!


Com um grito, o jovem se liberta dos braços do pai e corre até a cama da mãe. Ele se joga em cima dela, com o rosto em seu pescoço, desesperado.


FILHO PACIENTE: Mãe! Mãe...


Eu não consigo olhar, eu viro o rosto e abaixo a cabeça, sinto como se o momento fosse de família. A dor chega a ser insuportável.

Amor nas UrgênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora