Capitulo 123

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NICOLE: Você acha que o Marco vai nos odiar por mantê-lo aqui?

RYAN: David disse que foi ele mesmo quem ligou pedindo ajuda. Então, mesmo se ele quisesse morrer quando tomou o remédio, para evitar, eu imagino, ter que enfrentar a situação em que ele se encontra actualmente, ou seja, um mundo de dor e tristeza sem os pais ao lado dele... Parece que ele sentiu um desejo de viver na ultima hora ou pelo menos alguma esperança?


Ele coloca a mão no meu braço.


RYAN: Não importa o que aconteça, nós não somos culpados de nada disso. Não quero que você pense assim, por favor.


Eu cerro o meu punho apesar das suas palavras tranquilas.


NICOLE: Quando ele acordar, ainda precisa lidar com a situação do pai.


Ryan não responde, o que me preocupa.


NICOLE: Você acha que esse será o caso?


Ele balança a cabeça. Meu coração se aperta antes mesmo de ouvir a sua resposta...


RYAN: Francamente, eu não sei. Podemos visitar o pai dele, se você quiser? Hoje de manhã foi Caroline quem cuidou dele. Ontem, foi Daryl. Eu apenas validei as suas prescrições. Podemos ver as actualizações mais recentes no computador do quarto dele, e também podemos examiná-lo juntos, se você quiser? Afinal, está quase na hora de visitá-lo novamente para examinarmos a situação actual.

NICOLE: Sim, sim, por favor.


Enquanto caminhamos em direcção ao quarto em que o pai de Marco está, uma duvida surge inesperadamente na minha cabeça.

Eu olho para Ryan, caminhando ao meu lado em silencio. Ele vira a cabeça de repente para mim e nossos olhos se encontram. Ele percebe que eu estava olhando para ele.

Eu viro a cabeça imediatamente para tentar disfarçar a minha preocupação, mas ele diz, com uma voz confiante, em meio ao seu meio sorriso habitual.


RYAN: Você quer me perguntar alguma coisa. Você está claramente sem jeito, imagino que deve ser algo pessoal. Se houver algo que você quer saber, pode me perguntar.


Mais uma vez, me sinto bem mais confiante com as suas poucas palavras, como se tudo fosse simples entre nós, como se nenhum problema fosse grave o suficiente para evitarmos falar sobre.

Eu decido continuar...


NICOLE: O que manteve você vivo? Quando seus pais morreram naquele acidente de carro... E além disso, quando...


Eu hesito, mordendo o meu lábio inferior, mas agora eu já falei demais... Ele já deve ter percebido onde quero chegar, o que está me preocupando.


NICOLE: Quando a história do erro médico veio à tona... O que ajudou você a levar de manhã e voltar a viver normalmente?

RYAN: Ah, essa é uma boa pergunta. Acho que prefiro responder depois, tudo bem? Venha tomar um chá na minha casa depois do trabalho e podemos conversar melhor.


Ele deve ter percebido a minha expressão de culpa e preocupação. Não sei ao certo como lidar com esses dois sentimentos, mas ele levanta a mão rapidamente e acrescenta...


RYAN: Falar sobre isso não é problema para mim, não se preocupe. Não me incomoda conversar com você. Mas vamos dizer que o corredor do hospital não é o melhor lugar para conversarmos sobre esse tipo de assunto.


Eu concordo com a cabeça.


NICOLE: Sim, claro, eu entendo.

Amor nas UrgênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora