Capitulo 109

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Um pensamento de repente cruza a minha mente.

Eu penso no que Daryl me contou sobre a sua infância, seus pais biológicos, que não quiseram cuidar do próprio filho, sua mãe adoptiva que faleceu, a separação com o pai adoptivo...


NICOLE: Talvez Daryl esteja agindo instintivamente... O que Daryl sabe mais do que os outros médicos daqui?

RYAN: Daryl lhe contou sobre a situação da sua família?


Eu não esperava essa pergunta.


NICOLE: Sim, hoje de manhã. Eu concluo que você também sabe?


Ryan concorda com a cabeça. Seu meio sorriso sequer alcança os olhos, apenas o canto de seus lábios.


RYAN: Daryl e eu fomos colegas de quarto durante alguns anos.

NICOLE: Sério?


Isso me surpreende.

Mesmo que Daryl já tenha me dito que eles eram bons amigos quando eram mais jovens, eu não esperava que eles fossem tão próximos assim.


RYAN: Então, eu sei muitas coisas sobre ele. Acho que sabia seria o temos mais preciso, já que nós nos afastamos com o passar do tempo.


Sua voz demonstra uma certa tristeza, quase imperceptível, mas eu notei em seu tom.


NICOLE: Eu sinto muito.


Parece que foi Daryl o responsável por esse afastamento. Agora eu confirmo o que ele falou comigo mais cedo, a ansiedade permanente de Ryan depois do seu erro médico.

Parece exactamente difícil para ele, até porque também foi nessa época que Ryan perdeu os pais...  Talvez Daryl não tenha gostado de relembrar a sua própria situação?

Talvez um de seus mecanismos de defesa tenha sido fugir do que o machuca? Às vezes eu tenho dificuldades para entendê-lo, apesar das informações que ele me passa.

A voz de Ryan de repente me tira dos meus pensamentos.


RYAN: Você ainda precisa de mim, Nicole?

NICOLE: Hm, não, desculpe! Eu vou conversar um pouco com a Doris.

RYAN: Ok.


Eu entro no escritório dos residentes, onde encontro Doris. Ela está sentada na sua mesa com um prato e um livro.


NICOLE: Ah, a refeição já foi servida?


Doris me olha por cima do seu prato.


DORIS: Sim, está tudo na sala de descanso.

NICOLE: Legal! Estou com tanta fome que eu comeria um boi inteiro. Você não quer vir comer com a gente?


Com o garfo, ela segura o livro aberto na mesa, ao lado do prato.


DORIS: Não, estou estudando um pouco.

NICOLE: Sobre o quê?

DORIS: Anestesia e analgesia.

NICOLE: Você nunca faz uma pausa?

DORIS: Eu não gosto de perder tempo.


Eu percebo no tom de voz que ela não está afim de papo. Eu decido mudar de assunto, educadamente.


NICOLE: Está indo tudo bem com o Ryan?

DORIS: Maravilhosamente. Ele é gentil e sério, para não mencionar muito paciente, muito pedagógico. E tenho a sensação de ter aprendido muitas coisas com ele apenas esta manhã.

NICOLE: Sabia que Daryl me disse que você o impressiona bastante?


Ela parece surpresa e até um pouco desestabilizada.


DORIS: Não se sinta obrigada a tentar me animar para o que me espera a partir de amanhã.

NICOLE: Não, não é isso, ele realmente falou bem de você.

DORIS: Hmmm.


Ela dá uma garfada em seu macarrão. Obviamente, a conversa acabou...


NICOLE: E o senhor asiático, ele vai sobreviver?


Ela engole a comida antes de responder.

Amor nas UrgênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora