Capítulo 1

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Teresa

Acordei com a cabeça pesada. Não fazia ideia de onde estava e muito menos como vim parar aqui. Sentia meu corpo inteiro preso por algo que eu não conseguia identificar e algo em meu nariz me impedindo de respirar sozinha. Era angustiante. Abri os olhos e fechei-os automaticamente incomodada com o brilho excessivo da claridade. Vasculhei pela minha mente o que poderia ter acontecido, mas nada vinha. Era como se tivessem apagado tudo. Respirei devagar e novamente tentei abrir os olhos, tentando me acostumar com a luz e olhando tudo ao meu redor. Hospital. Eu estava em um hospital, ou pelo menos, em um quarto hospitalar, mas por quê?

1.236 segundos se passaram desde o momento em que acordei e percebi que estava sozinha no quarto. Como eu sei? Eu contei. Eu deveria chamar alguém, não é? Mas, eu não sei porque não fiz. Talvez tivesse medo de quem poderia aparecer quando mostrasse que estava acordada, então resolvi esperar. Esperar contando. O que mais eu poderia fazer para passar o tempo? Não queria dormir de novo. Ouvi o barulho da porta se abrindo e fechei os olhos novamente. Rápido. Ouvi atentamente e percebi que tinham dois ritmos de passadas, eram duas pessoas. Senti que uma andava até o meu lado direito, mexendo no meu braço contendo a agulha, provavelmente com o soro. Tentei ficar ao máximo imóvel, mas a mão gelada da pessoa me pegou de surpresa e senti como um espasmo no braço.

– Doutor! Ela mexeu o braço! – Uma voz doce de mulher chamou a minha atenção. Pelo menos, uma daquelas pessoas era o médico.

– Você tem certeza? – A outra voz mais grave, de um homem, falou do meu lado esquerdo.

– Sim! Eu senti. – A mulher falou, mais uma vez, ao meu lado.

Eu poderia continuar fingindo, mas não, precisava saber o que tinha acontecido comigo e porquê estava aqui, então abri os olhos e olhei diretamente para o médico. Ele era alto e tinha os cabelos pretos e olhos verdes. Me lembrava alguém, mas eu não tinha certeza quem. Olhei para o outro lado e vi a mulher de voz doce. Era, na verdade, uma senhora, provavelmente na casa dos seus quarenta ou cinquenta anos e com os olhos pretos iguais aos seus cabelos. Ela sorriu para mim e senti uma força enorme de sorrir de volta para aqueles olhos que refletiam um carinho que eu não sabia de onde vinha.

– Olá. Como está se sentindo? Consegue falar? – Virei novamente a cabeça para o médico que estava olhando atentamente para mim.

– Sinto sede. – Disse e então percebi o quanto minha voz estava grossa, como se tivesse algodão preso na minha garganta.

– Vou buscar água para ela. – A mulher, que descobri ser a enfermeira, falou imediatamente e vai até uma mesinha que tinha mais no canto do quarto.

– Onde estou? – Perguntei baixinho sentindo minha garganta arranhar, enquanto o médico checava meus sinais vitais.

– Em um hospital. – Isso era óbvio. Me segurei para não revirar os olhos para ele, mas não consegui deixar de levantar a sobrancelha o questionando. Ele deu um sorriso suave. – Você não lembra do que aconteceu? – A enfermeira voltou com um copo de plástico com água e me entregou.

– Não. – Falei depois que bebi a água. Sério, eu não lembrava de nada.

– Você sofreu um acidente grave e bateu a cabeça muito forte. – Ele disse enquanto colocava aquela luz irritante nos meus olhos. Pisquei incomodada. Assim que ele disse isso, coloquei minha mão livre na cabeça. – Qual a última coisa que você lembra? – Ele me perguntou outra vez.

– Não lembro de nada. – Tentei vasculhar pela minha mente e nada vinha. Comecei a ficar preocupada. O médico olhou para a enfermeira e seu semblante era sério.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora