Capítulo 38

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Gustavo

Estava agoniado por todo esse gelo que a Teresa estava me dando. Ela não me deixava nem entrar no quarto de tanta raiva que sentia e eu não podia fazer nada. Queria estar com ela quando soube que tinha acordado com aquela dor de cabeça de novo, se eu pudesse, ficaria ali na porta do quarto, sentado no chão, esperando que ela me desse a chance de me explicar. Até sentia a Dulce Maria diferente comigo, minha pobre menina, não queria escolher nenhum lado dos pais e acabou ficando nesse fogo cruzado. Nunca passamos por isso, sempre discutíamos e uma hora depois já estávamos em paz, mas infelizmente não éramos os mesmos, não é?

– Eu odeio você, Nicole. – Disse com raiva dela e de mim mesmo por deixar que ela, mais uma vez, atrapalhasse a minha vida. Era para ter ouvido o Gabriel e deixado para ver as alianças no outro dia. Assim eu não teria me encontrado com a Nicole na praça.

Não aguentei ficar em casa o dia todo sem fazer nada, precisava respirar um pouco e fazer a Teresa se sentir confortável o suficiente para sair do quarto. Eu sabia que ela estava indisposta, mas também, a minha presença a incomodava e eu não queria que ela se sentisse pior. Então chamei a Dulce para ir na casa da Estefânia, para que ela também pudesse se distrair um pouco antes de voltar pro colégio.

– Mas papi, a mamãe vai ficar sozinha. – Ela disse incerta se deveria ir ou não.

– A mamãe precisa descansar, minha filha. Quando a gente voltar, você vai ver que ela já vai estar melhor. – Disse a ela.

– Tem certeza? – Ela disse desconfiada.

– Vai lá falar com ela, você vai ver que ela não vai se incomodar de você ir ver sua tia. – Vi Dulce indo em direção ao meu quarto para falar com a mãe e pouco tempo depois voltar correndo falando que a gente podia ir. Eu sabia que a Teresa ia fazer a menina ir comigo, ela também precisava de um pouco de paz. Dulce estava bastante pegajosa hoje. Fui lá perguntar se ela queria alguma coisa e claro, me botou para correr então, segui com Dulce para a casa de Estefânia.

– Ué, cadê a Teresa? – Estefânia perguntou curiosa quando chegamos na casa dela.

– A mamãe ficou em casa, titia. Ela não está se sentindo bem, acho que foi porque brigou com o papi. – Dulce disse inocente e senti Estefânia me olhar perguntando se era verdade aquilo.

– Ela está com aquela dor de cabeça de novo. – Disse simples.

– E por que vocês brigaram? – Estefânia me perguntou e eu olhei para Dulce depois olhando para ela de novo.

– Nada demais. – Omiti. – Você poderia ir até lá depois? Queria saber como ela está, ela não me deixa chegar perto. – Vi Dulce correr pros braços do Victor quando ele desceu as escadas. – Estou com medo dela se sentir mal de novo e não ter ninguém lá além dos empregados. – Pedi a ela.

– Vou lá daqui a pouco. Só vou ficar um pouquinho com a Dulce e vou. – Balancei a cabeça concordando e fiquei aliviado. Não queria contar para Estefânia o que tinha acontecido pra que Dulce não ouvisse.

Quando Estefânia saiu, finalmente pude conversar com o Victor de homem para homem. Contei a ele sobre o que tinha acontecido só ocultando a parte da mulher ser a Nicole para a Dulce não ouvir o nome dela. Era errado eu esconder isso da minha família, principalmente porque sabia que eles iriam ficar "do lado da Teresa", mas desabafar com alguém que quase não viveu na mesma época do "dragão Nicole" me aliviava mais.

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Teresa

      Depois que Dulce Maria e Gustavo saíram, finalmente pude deixar minhas lágrimas rolarem. Estava sendo difícil não transparecer a tristeza perto deles, mas até agora eu tinha conseguido, até essa maldita dor de cabeça começar de novo. Os médicos disseram que eu não poderia ter estresses e olha eu aqui tendo o pior da minha vida. Eles me receitaram um remédio para ajudar a aliviar a dor, mas me deixava grogue o suficiente para que eu dormisse um dia inteiro. Quando pensei em descer para colocar a cara no sol, escutei umas batidas na porta e achei que era a Fran vindo mais uma vez me checar.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora