Capítulo 60

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Teresa

Finalmente o Natal chegou e a casa estava toda decorada. Tão bonita. Me fascinava ver todas as cores da nossa árvore gigante no canto da sala e os enfeites que a minha carinha de anjo prontamente colocou.

– Mãezinha, você gostou da nossa árvore? – Dulce me perguntou um pouco receosa. Me doía ver que afastei tanto minha menina de mim nas últimas semanas.

– Sim, minha carinha de anjo. Está linda. – Sorri para ela.

– E por que você está chorando? – Ela me olhou confusa e eu me aproximei dela.

– É que é o primeiro Natal depois que voltei, meu amor. São lágrimas de felicidade. – Acariciei seu rostinho.

– Eu quero te dar uma coisa. – Ela me disse fazendo suspense.

– O que, meu amor? – Me sentei no sofá para ficar na altura dela.

– Isso. – Ela me mostrou uma folha que estava escondida atrás dela e vi que tinha um desenho. – Eu desenhei ontem. Não escrevi cartinha do Papai Noel dessa vez, mamãe. – Olhei para o papel e senti meu coração acelerar. – É você, o papi, eu e o meu irmãozinho. – Ela me explicou.

– Onde está seu irmão? – Perguntei o procurando na imagem.

– Aqui, mamãe. – Dulce apontou pra o desenho de um anjo perto das nuvens. – Ele agora é um anjo e está com Papai do Céu cuidando da gente. – As lágrimas rolaram pelo meu rosto sem meu consentimento.

– Ah, minha carinha de anjo, muito obrigada. – Abracei minha filha apertado.

– Eu queria que você melhorasse, mamãe, pra voltar a ser minha mãezinha de antes. Foi isso que pedi pro Papai Noel. Que ele me trouxesse você de novo. – Dulce disse agarrada a mim e eu chorei pensando no quanto a machuquei durante todo esse tempo.

– Eu prometo, meu amor, que a mamãe vai melhorar. Eu nunca vou deixar você, minha carinha de anjo, eu te amo muito. – Dei vários beijos em sua bochecha e ela retribuiu.

– Está tudo bem por aqui? – Escutei a voz baixa de Gustavo atrás de nós e me virei para ele. Nossos olhares se encontraram e dei um sorriso aguado para ele.

– Vem abraçar a mamãe também, papi, ela está precisando de um abraço bem forte. – Dulce disse e senti os braços fortes do Gustavo me envolvendo e finalmente percebi que os amo mais que qualquer coisa na minha vida e faria qualquer coisa por eles.

– Eu amo você. – Ele sussurrou em meu ouvido e me aconcheguei em seus braços.

– Obrigada. – Mexi meus lábios para ele e ele me apertou mais.

– Eu poderia ficar aqui pra sempre, mas a nossa família está chegando e vocês já estão prontas? – Ele se soltou de nós.

– Sim piririm! – Dulce e eu falamos ao mesmo tempo. Ela pulou do sofá alegre e eu sorri. Na mesma hora, a porta do apartamento se abriu revelando Estefânia, Victor e Gabriel numa conversa animada. Eu estava feliz que eles estavam aqui nesse Natal.

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Escutei passos se aproximando, mas não me virei. Estava hipnotizada pelas luzes da árvore de Natal. Senti seu calor perto de mim e eu sabia que era ele. Esperei suas mãos tocarem meu corpo, mas nada veio. Fazia tanto tempo que não nos tocávamos intimamente, desde... Não. Hoje não iria pensar nisso. Sua respiração bateu no meu pescoço livre dos cabelos que estavam presos no alto da minha cabeça e eu queria que ele me tocasse, mas não sabia como pedir. Eu o afastei tantas vezes, que ele não tinha mais iniciativa de me abraçar. Meu coração doía por isso. Por afastar o homem mais importante da minha vida de mim. Respirei fundo e me virei para ele vendo que seus olhos estavam cautelosos, o verde deles estavam escuros que quase chegavam ao preto.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora