Capítulo 39

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Gustavo

      Levei Dulce Maria pro colégio pensando no que Teresa queria conversar comigo. Às vezes, ela era tão imprevisível... Eu achava que era a pessoa que a conhecia mais, mas ela me surpreendia todos os dias e isso me deixava ainda mais apaixonado por ela, por saber que ela era capaz de me surpreender com os mínimos detalhes.

      Cheguei e a casa estava em silêncio, não sei porque, mas senti algo estranho, uma sensação não tão legal de quando eu saí. Subi para meu quarto e bati na porta. Ouvi Teresa permitir a entrada e entrei. Ela estava sentada na poltrona de frente a nossa cama e ao lado dela tinha uma mala. Seu semblante estava sereno e meu coração começou a bater rápido demais, até minhas mãos suavam.

– Que bom que você chegou. – Ela disse e seu semblante continuava o mesmo. Ok, quando eu disse que ela era imprevisível, aqui estava a prova.

– Que malas são essas? – Perguntei com medo da resposta.

– São suas. – Ela disse como se estivesse falando sobre o tempo. Como se isso não fosse algo sério.

– Teresa... – Tentei falar, mas ela levantou a mão me parando.

– Gustavo, eu quero que você me responda uma coisa. – Ela me olhou e eu esperei. – A mulher que você estava beijando... Era a Nicole? – Fiquei em choque. Como ela sabia? Eu não tinha dito para ninguém.

– C-como você descobriu? – Perguntei gaguejando sem pensar. Inútil. As mulheres sempre descobrem o que querem.

– Não importa. Na verdade, eu não sabia, mas você acabou de me confirmar. – Droga. Estúpido.

– Teresa, por favor, me deixa explicar como tudo aconteceu. – Ela negou com a cabeça.

– Eu sei que ela foi especial para você porque ela te ajudou a superar a minha perda. – Ela disse e vi seus olhos brilharem de lágrimas não derramadas. – Eu não te culpo, mas só acho que você deveria ter sido homem o suficiente para não descer tão baixo assim. – Sua voz era baixa e fria.

– Teresa, pelo amor de Deus, ela que me beijou! – Esbravejei pelo quarto.

– Ela não te beijou sozinha. Eu vi, Gustavo. – A vi se levantar e ir para longe. – Essa discussão acabou, não vamos chegar a lugar nenhum. Eu só peço que você vá embora dessa casa. Dulce Maria agora está no colégio e quando ela voltar, vamos dizer a ela que os pais estão separados. – Teresa disse séria.

– Eu não vou me separar de você. – Disse firme e com raiva.

– Eu já tomei a minha decisão. – Ela voltou a ter aquela serenidade que me assustava. – Depois do casamento da Estefânia, eu vou pedir o divórcio. Não quero estragar o momento mais importante da minha melhor amiga com os nossos problemas. – Ela suspirou. – Agora, por favor, você já pode ir. – A vi se trancar no banheiro e eu não podia mais fazer nada. A única coisa que podia fazer é pegar a minha mala e sair daquele quarto, mas não ia desistir tão fácil.

Não ia deixar ninguém se meter no meu casamento com Teresa. Lágrimas caíram incontroláveis do meu rosto e saí de casa pensando em ir para casa do Victor ou do Cristóvão, talvez, mas não queria aparecer tão derrotado, então decidi ir para um hotel, o mesmo que a Teresa ficou quando voltou. E, além do hotel, pedi exatamente o mesmo quarto que ela estava, porque eu sabia de tudo o que tinha acontecido ali e seria o meu refúgio. Eu ia provar pra Teresa que ela era a única mulher que eu amava.

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      A semana passou e Teresa e Gustavo não se falaram mais. No domingo, quando Teresa mandou ele ir embora de casa, ela caiu na cama e chorou. Muito. Sentia seus olhos inchados de chorar e a dor na cabeça que não dava nenhuma trégua. Resolveu tomar aquele remédio prescrito pelo médico para aliviar a dor e, sem jantar, caiu num sono profundo agradecendo internamente por poder livrar, pelo menos por algumas horas, da dor da traição.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora