Capítulo 5

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Teresa

Estava com uma sensação estranha no peito o dia todo. Não sabia o que estava acontecendo comigo, não tinha tido mais lembranças, desde quando o Marcelo foi embora, dias atrás, mas sentia um calor no coração, não de uma forma ruim. Uma sensação que fazia meu estômago vibrar, me sentia inquieta por algum motivo que não sabia dizer.

– Helena, o que houve? – Linda me perguntou.

– Nada. – Respondi simples.

– Você está inquieta hoje. – Ela disse prestando atenção em mim.

– Só estou querendo ir para casa logo. – Passei a mão no cabelo desembaraçando uma mecha.

– Vamos comigo até a recepção para você andar um pouco. – Linda me puxou e pegou Pablo, um garotinho de dois anos, no colo. Fomos até o térreo do hospital brincando com ele, que estava um pouco enjoado de uma virose que tinha pego alguns dias atrás. Se para nós era chato, imagina para uma criança nessa idade? Ele resmungava quando seu narizinho escorria, o que era o quase o tempo todo. Quando descemos, chegamos até a recepcionista, Maria, que estava conversando com uma colega.

– Ele era lindo. – Ouvi-a dizer. – Um deus grego daqueles que você poderia passar o dia inteiro admirando e não se cansaria. – Sorri quando a vi se abanando. Ah, Maria, ela ficava na recepção observando os homens bonitos que passavam por lá. E depois comentava com a gente qual seria o nosso ideal. – Ele combinava com você, Helena. – Ela disse assim que cheguei mais perto dela.

– O que? – Respondi surpresa. – Maria, já falei que não precisa se preocupar comigo. Não estou procurando ninguém agora. – Ela me olhou e colocou a língua pra fora pra mim. Sorri. Estava me sentindo um pouco melhor ali, mas aquele calor no peito não tinha sumido. Não sabia o que era. Será que eu estava pegando a mesma virose que o Pablinho? Fiquei conversando com Linda e não via quem passava por ali. Também não me importava muito, deixei de ficar paranóica e olhar fixamente para cada pessoa que entrava naquele hospital esperando que alguém me reconhecesse de alguma forma. Era assustador.

Continuei na recepção, quando ouvi um burburinho das meninas ali. Apostava uma nota que era aquele bonitão que chegou mais cedo e tinha saído com o Dr. Paulo pro seu consultório. Quando pensei em me virar para olhá-lo, Pablo puxou meu cabelo me pedindo colo. Sua carinha demonstrava que logo, logo iria dormir, então peguei-o e ele imediatamente colocou a cabeça em meu ombro. Resolvi voltar para o andar da creche e caminhei até o elevador. No último minuto, lembrei daquele homem que as meninas estavam falando e virei para olhá-lo. Ele andava em direção à saída e eu só pude ver suas costas. Seu ombro largo, postura esbelta. Grande o suficiente para que, a mulher que o abraçasse, se perdesse dentro daqueles braços. Realmente, de costas ele era bem apresentável. Entrei no elevador e segurei Pablo mais apertado. Dei uma última olhada no homem e as portas do elevador se fecharam.

-

Eu estava nervosa. Hoje era o dia mais importante da minha vida. Estava ansiosa para encontrá-lo. Desde o dia anterior que não o via, queria olhar para aqueles olhos e sentir o seu cheiro. Era a mulher mais feliz do mundo porque ia me casar com o homem da minha vida. Eu sabia que ele foi feito para mim e eu feita para ele. Amaria-o até o último dia de minha vida. Até meu último suspiro.

– Posso entrar? – Alguém me perguntou enquanto batia na porta do meu quarto.

– Pode, está aberta! – Falei enquanto continuava me olhando no espelho emocionada demais para ver quem estava entrando.

– Você está tão linda! – A pessoa me disse emocionada. Eu sorri. Estava mesmo. Não vou negar. Eu estava me sentindo a mais bela de todas as mulheres. Vestida de branco para me casar. Meu cabelo estava preso em um coque e tinha alguns detalhes nas laterais. O vestido era branco neve de alças largas com um corpete e a saia era mais solta a partir da minha cintura. Minha maquiagem era leve, nunca usei maquiagem pesada, odiava. E ainda mais que o casamento era durante o dia em um lugar aberto. – Já estão todos aqui. Só esperando a noiva. – A mulher me disse sorrindo. Ela estava vestida de uma cor só. Um azul turquesa dos pés à cabeça, literalmente, com sua peruca que realçava seu sorriso.

– Estou nervosa! – Falei mexendo na saia do vestido que já estava arrumada.

– Eu sei. É seu casamento! Estou tão feliz que finalmente vou ver o meu primo se casando com a mulher dos seus sonhos. – Ela disse mexendo as mãos sorrindo. – Mas vamos? Está na hora. Seu futuro marido está para furar o chão de tão nervoso. – Nós duas rimos e saímos daquele quarto.

Estava na hora. Segui para onde estavam todos os convidados. O nervosismo tomou conta de mim e eu fiquei com medo de tropeçar. Eu não podia cair. Ia ser a maior vergonha. Quando cheguei no início do corredor que tinha que caminhar, avistei-o lá na ponta. Ele estava inquieto. Dava pra notar. Quando nossos olhos se encontraram, parecia que tudo ao nosso redor não existia mais.

Uma corrente elétrica passou pelo meu corpo que me deu o impulso de caminhar até ele. Não consegui tirar os olhos dele até chegar onde ele estava. Ele segurou a minha mão e me deu um beijo na testa. Nós dois nos viramos para o padre e a cerimônia começou.

– Teresa, você aceita meu irmão como seu legítimo esposo para amá-lo e respeitá-lo até que a morte os separe? – O Padre perguntou sorrindo.

– Sim. – Respondi e minha voz saiu firme. Era a maior certeza da minha vida. Olhei para aquele que seria o meu marido e ele sorria para mim.

– Eu te amo, Teresa. – Ele sussurrou.

Acordei assustada e com uma pressão enorme no peito. Lágrimas caíram dos meus olhos sem que eu pudesse impedi-las. Então esse era o meu nome? Teresa? Era o meu casamento. Eu tinha certeza. E agora também tinha um nome. Teresa.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora