Teresa
– O que você está procurando tanto aí? – Gustavo perguntou me vendo mexer frenética na minha bolsa enquanto ele estacionava o carro na garagem de nossa casa. Finalmente estávamos em casa depois de uma semana de atividades intensas da nossa lua de mel.
– A minha corrente com as bonequinhas, lembra? Não acho. Pensei que tivesse colocado na bolsa. – Respondi pensando que tinha deixado no hotel.
– Procura direitinho, eu vi você guardando aí. – Ele disse já virado para mim e eu tirei todas as coisas de dentro da bolsa entregando a ele.
– Achei! – Disse tirando a corrente do bolsinho de dentro. – Uau, você está atento mesmo. – Sorri para ele enquanto ele me devolvia as coisas.
– Eu não tiro os olhos de você. – Gustavo me respondeu convencido com um sorriso brincando nos lábios. Estreitei os olhos para ele enquanto colocava a corrente no pescoço. Dei um selinho nele e nós saímos do carro. Pegamos nossas malas e seguimos para o elevador.
– Não vejo a hora de ver a minha carinha de anjo e amassá-la em meus braços. – Suspirei encostada no ombro de Gustavo enquanto subíamos para a cobertura.
– Você gostou da nossa semana? – Ele perguntou baixinho mesmo só estando nós dois no elevador.
– Sim. Muito! – Olhei para ele esperando que ele visse em meus olhos a verdade que sim, essa semana só nossa foi maravilhosa. – Estávamos precisando de um tempinho só nosso. – Voltei a apoiar minha cabeça em seu ombro e entrelacei nossas mãos. Gustavo deu um beijo em minha cabeça e logo o som de elevador avisou que tínhamos chegado.
– Agora sim, casa! Preparada para voltar à realidade? – Ele me perguntou segurando a maçaneta da porta.
– Você não imagina o quanto. – Sorri e nós entramos em casa, ainda com a sintonia de nossa lua de mel.
– Olá família! – Gustavo disse alegre assim que passamos do limiar da porta, mas ao entrarmos, encontramos Estefânia, Victor e o delegado Peixoto um tanto quanto sério na sala. – O que aconteceu? – Ele perguntou e nossa atmosfera feliz se dissipou instantaneamente.
– Onde está Dulce Maria? – Perguntei já começando a entrar em pânico ao ver as caras preocupadas deles ao nos olhar, imaginando que teria acontecido alguma coisa com a minha filha.
– Primeiro, bem vindos de volta. Segundo, se acalmem. – Estefânia disse com cautela.
– Onde está Dulce Maria? – Perguntei séria novamente entrando na sala e olhando pro delegado.
– Está tudo bem com a Dulce, Teresa, ela ainda está na escola. O Gabriel foi buscá-la. O delegado Peixoto está aqui por outro motivo. – Victor disse e eu senti meu coração bater de novo tranquilo. Passei a mão no rosto e Gustavo me segurou pela cintura.
– O que aconteceu? – Ele perguntou ao delegado.
– Eu vim aqui dar uma notícia para vocês. Sobre a Nicole. – Ele disse com calma e eu senti meu corpo inteiro endurecer só com a menção desse nome. Gustavo segurou minha mão e apertou.
– Nada do que venha dela nos interessa, delegado. – Ele disse ríspido.
– Eu acho que isso vai interessar sim. A polícia estava atrás dela desde que descobrimos que foi ela que causou o acidente da Teresa. – Ele me olhou e eu senti um tremor com a lembrança. – Ela tinha sumido, mas conseguimos saber o paradeiro dela. Nós fomos atrás dela com um mandado de prisão e ela tentou fugir. Na perseguição, ela sofreu um grave acidente e não resistiu. – O delegado parou de falar e tomou fôlego. – Gustavo, Teresa... Nicole morreu. – Ele terminou e eu soltei um soluço que veio acompanhado de um choro que por tanto tempo guardei. Segurei meu rosto com as duas mãos e Gustavo me abraçou apertado. Me escondi no seu peito e chorei sentindo um alívio inundar o meu sistema. Era errado se alegrar com a morte de um ser humano, mas eu não conseguia parar de pensar que estávamos livres das ameaças da Nicole.
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A volta de Teresa
Hayran KurguE se o acidente de asa delta da Teresa não tivesse sido fatal? Se ela tivesse sido dada como morta mas, na verdade, não foi o seu corpo que foi enterrado naquele dia? Por um acaso do destino, Teresa sobreviveu ao acidente que mudou o rumo da sua vid...