Capítulo 22

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Cecília

– Cecilia, eu acho que isso confirma tudo o que a Teresa disse. Dulce Maria ainda tá chateada com você e eu acho que você deve dar um tempo a ela. Por mim, você nunca mais chegaria perto dela, mas minha filha tem o coração mais puro que existe nesse mundo e sei que vai te perdoar um dia. Então, para não machucá-la, você precisa dar esse tempo a ela. Agora que ela já viu que você voltou, talvez as coisas melhorem um pouco. Mas eu peço que você vá embora agora, essa noite já teve emoção demais. – Gustavo me disse sério e eu sabia que ele tinha razão.

Não era o momento ainda, mas ver a minha pequena me rejeitando doía meu coração. Não sabia se doía mais isso ou o fato de que a Teresa não tinha morrido e agora estava de volta e minha chance com o Gustavo tinha ido embora para sempre. Eu sabia que ele amava a esposa e nunca me veria com outros olhos. Queria chorar ali mesmo, mas não podia fazer isso na frente dele.

– Eu entendo. – Disse tentando não chorar mais. – Eu quero pedir perdão pelo que fiz a Dulce. Eu não queria magoá-la. Mas o senhor tem razão, ela é uma criança e deve estar confusa, principalmente agora que a mãe voltou. – Forcei um sorriso que deve ter saído como uma careta. – Mas eu também vou fazer de tudo para que a minha pequena me perdoe e volte a falar comigo. – Segui em direção à porta.  – Tchau, senhor Gustavo. Tenha uma boa noite pro senhor e pra dona Teresa. – O vi pela última vez parado ao lado da porta.

– Pode ter certeza que eu terei. – Ele disse e eu não era nenhuma boba de não saber ler nas entrelinhas. Hoje pude comprovar que ele era um homem impossível e o que eu sentia por ele tinha que ser esquecido.

      Saí da casa Lários desolada. Primeiro por saber que Dulce Maria não queria falar comigo, me ignorando completamente; segundo por ter demorado tanto para aceitar que estava apaixonada por Gustavo e que agora eu o tinha perdido. Sabia que em algum momento ficaria feliz que a minha pequena tinha sua mãe de volta, mas hoje, no fundo do meu coração, desejava que Teresa não tivesse voltado. Eu achava que estava pronta para se tornar a segunda mãe da Dulce Maria.

– Cecilia! O que aconteceu? – Fátima perguntou preocupada quando me viu chegando. – O senhor Gustavo brigou com você? – Ela me amparou enquanto limpava as lágrimas teimosas.

– Onde está a Verônica? – Perguntei não a vendo na sala.

– Estou aqui. O que aconteceu? – Ela apareceu tomada banho. Não consegui controlar o choro e me sentei no sofá. Fátima me entregou um copo de água enquanto contava o que tinha acontecido na casa da Dulce.

– E então, Dulce desceu e não olhou para mim. Eu pensei que ela estivesse no colégio. – Fátima me abraçou.

– Espera, Cecilia. Você está dizendo que a mãe da Dulce não morreu? – Verônica me perguntou incrédula.

– Sim. Ela estava lá. Eu nunca a vi, além das fotos que Dulce Maria me mostrava, mas era ela. E ela é muito bonita, por sinal. – Disse limpando meu rosto.

– Então era ela no escritório naquele dia. Eu nunca a vi, então não a reconheci. E mais que ela deu um nome falso. – Verônica disse pensativa.

– Cecilia, dê tempo ao tempo. Seu Gustavo está chateado com o que aconteceu com a filha, mas vai passar. Dulce é uma menina preciosa, vai te perdoar. – Fátima voltou o foco da conversa.

Nós três continuamos a conversa e Fátima e Verônica me consolaram, mas logo fomos para nossas respectivas camas refletindo sobre o que acabamos de conversar. Foi um dia muito exaustivo. Custei a dormir revivendo todo o momento anterior e a culpa me corroía por causa de tudo o que aconteceu. Depois que se pareceu uma eternidade, o cansaço me venceu e eu dormi.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora