Capítulo 63

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Gustavo

– O que você acha da gente fazer uma viagem? – Perguntei a Teresa quando ela voltou pro quarto depois de colocar Dulce Maria na cama. O jantar na casa de Estefânia tinha esgotado as energias dela.

– O que? – Ela parou me encarando.

– Uma viagem. Eu, você e Dulce Maria. – Disse simplesmente.

– Gustavo, Dulce Maria está na escola e você trabalhando, como iremos viajar? – Ela se ajeitou na cama.

– Uma viagem de fim de semana, amor. Eu acho que nós merecemos, não? Além do mais, Cristóvão pode assumir meu lugar enquanto eu estiver fora e Dulce Maria só faltará um dia, no máximo. Vamos? – Perguntei com expectativa.

– Pra onde você quer ir? – Ela me perguntou levantando a sobrancelha.

– Talvez pra praia? Faz tempo que não vamos. – Dei de ombros.

– Hum... Faz tempo que não vamos mesmo. Quando você quer ir? – Teresa se aproximou de mim deitando a cabeça em meu peito.

– Quando tudo estiver pronto, te direi a data. – Ela acenou uma vez e se acomodou em meus braços. Alisei seu braço até que a vi ressonando e logo adormeci.

      A verdade era que eu tinha tido uma ideia e um motivo maior para essa nossa viagem. Há algum tempo, pedi que Teresa se casasse comigo mais uma vez e ela aceitou, mas, com tanta coisa acontecendo nos últimos meses, tive que guardar essa ideia e, agora que tudo parecia estar se encaixando, o momento seria o certo. Nos casaríamos na praia e seria uma surpresa para Teresa, mas eu precisava de ajuda. E quem melhor que a minha prima?

– Não acredito, Gustavo! A Teresa vai amar! – Estefânia disse animada quando contei o que queria fazer.

– Eu espero que sim. Ela deve ter esquecido depois de tudo o que aconteceu, mas agora é a hora e eu preciso da sua ajuda. – Disse a ela.

– Pode deixar comigo que eu vou preparar do jeitinho que sei que Teresa gosta. Só preciso que você me diga onde e quando e eu organizarei tudo. – Estefânia disse e continuamos conversando sobre o casamento. Quando tudo ficou pronto, comida, decoração, lugar e convidados, novamente toquei no assunto da viagem a Teresa e ela prontamente aceitou.

– Achei até que tinha sonhado com essa conversa, você nunca mais falou sobre isso. – Ela me disse divertida.

– Eu disse que quando estivesse tudo pronto, eu te diria. – Balancei as sobrancelhas e sorri.

– Tudo pronto? Tudo o que? – Ela perguntou estranhando.

– Ué, o meu trabalho, o hotel, essas coisas... – Disfarcei. – Vamos amanhã, tudo bem? Já falei com a Madre e Dulce Maria não vai pro colégio, pra gente aproveitar o tempo lá. – Ela acenou concordando.

– Então, vou arrumar as coisas dela e já volto. – Teresa disse saindo do quarto e eu sorri sozinho. Tudo estava dando certo e no sábado ela teria uma grande surpresa.

      Na sexta, saímos cedinho de casa para o litoral. Dulce Maria estava com a bateria carregada no 220V durante todo o caminho e isso me alegrava e contagiava Teresa. As duas tagarelavam e cantavam o todo tempo e, vocês acham que eu me incomodava? De jeito nenhum, entrava até na onda de karaokê.

– Papi, você canta horrível. Deixa só a mamãe cantar que a voz dela é linda. – Dulce Maria se queixou e Teresa deu uma gargalhada tão alta, que deu quase um grito no meio. Ela fechou os olhos rindo durante uns minutos e vi lágrimas rolarem pela bochecha.

– Minha carinha de anjo, eu não te aguento! – Teresa disse ainda sem conseguir controlar o riso.

– A gente põe filho no mundo pra depois ser escorraçado desse jeito, fica aí com a mamãe que o papai vai ficar calado agora. – Disse emburrado.

– Não, papi! Eu tô brincando, pode cantar com a gente sim. – Ela disse rindo e eu fingi um beicinho chateado. Teresa alisou minha bochecha se divertindo e voltou a cantar outra música aleatória junto com Dulce Maria.

      Nossa viagem até o litoral não demorou muito e logo chegamos assim, empolgados com o fim de semana. Nem Dulce Maria nem Teresa sabiam dos meus planos e eu estava ansioso pra ver as reações delas. Estefânia já tinha vindo aqui pra organizar todo o local e já estava tudo pronto. Amanhã cedo, ela chegaria com toda a nossa família e só a nossa família para o casamento que seria no final da tarde. Depois, Dulce Maria ficaria com a tia e voltaria para a cidade com ela enquanto Teresa e eu curtiríamos a semana no resort como lua de mel.

– Amor, que lugar lindo! – Teresa disse encantada vendo a paisagem do hotel.

– Que bom que gostou. – Sorri para ela.

– A Dulce vai brincar tanto naquele parquinho, já estou até vendo. – Ela disse divertida e me olhou. Seus olhos brilhavam com a luz do Sol e seu cabelo balançava junto com o vento. Me tirou o fôlego essa imagem e eu a puxei para um beijo. Teresa envolveu seus braços ao redor do meu pescoço e eu alisei suas costas.

– MAMÃE! PAPI! Quero ir pro mar. – Dulce Maria chegou correndo e paramos nosso beijo. – Ops! Foi mal. – Ela se desculpou quando nos viu e nós rimos.

      Levamos Dulce Maria para a praia e nós dois passamos o dia inteirinho brincando com ela. Nossa menina não se continha em alegria e Teresa também. Resolvi que era a hora de contar para a minha filha sobre meus planos e, quando Teresa foi tomar banho para irmos jantar, puxei Dulce para o canto e contei tudo.

– Não acredito, papi! A mamãe vai amar a surpresa! – Ela disse animada.

– Mas você não pode contar nada, tá? É um segredo nosso. Amanhã a sua tia chega e começamos a organizar tudo, tá bom? – Ela balançou a cabeça confirmando e nós fizemos um "high five".

– O que vocês estão cochichando aí? – Teresa perguntou desconfiada parada no meio do quarto.

– Estávamos falando sobre o dia de hoje. – Inventei algo e ela me encarou, depois olhou para Dulce Maria como se analisando nossas caras.

– É, mamãe. Agora eu vou tomar banho pra gente ir jantar. Estou com fome. – Dulce saiu correndo pro banheiro e Teresa foi em direção a mala pra trocar de roupa.

– Não sei não. Vocês estão muito estranhos. – Ela disse e eu a abracei por trás dando um beijo no seu cabelo.

– Não se preocupe, amor. Estamos aqui pra relaxar. – Beijei seu pescoço e segurei a sua toalha a afrouxando.

– Gustavo! A Dulce Maria... – Ela falou mas parou quando atravessei minhas mãos pelo seu corpo nu.

– Você é tão linda. Eu amo o seu cheiro. – Falei em seu ouvido e ela suspirou enquanto tocava suavemente sua intimidade e ela me deu mais espaço.

– Amor... – Ela encostou a cabeça no meu ombro e eu continuei as carícias ouvindo-a suspirar de olhos fechados.

– Quero fazer amor com você. – Teresa gemeu enquanto eu a sentir ficar mais úmida em minhas mãos.

– Não podemos... – Ela disse com dificuldade.

– Mais tarde. – Avisei e me soltei dela quando ouvi o barulho do chuveiro desligando. Teresa se recompôs rápido, ajeitando a toalha e voltou a trocar de roupa antes da nossa filha aparecer no quarto. – Agora é minha vez. – Disse as duas como se nada tivesse acontecido e fui pro banheiro tomar meu banho enquanto Teresa e Dulce se ajeitavam para jantarmos.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora