Capítulo 73

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– Ela dormiu? – Perguntei já deitado na cama quando vi Teresa aparecer no quarto.

– Sim. Demorou, mas dormiu. – Observei-a seguir pro banheiro e esperei que ela voltasse pro quarto.

– Essa casa parece nunca ficar em paz por muito tempo. – Suspirei enquanto Teresa se ajeitava para deitar na cama.

– Sei que vai ser difícil no começo, mas eu sinto que a Dulce Maria vai fazer meu pai deixar de ser cabeça dura e pedir desculpas. – Ela se aproximou de mim e deitou a cabeça no meu peito.

– Seu Adolfo Rezende já provou mais de uma vez que não é de dar o braço a torcer. – Respondi a ela.

– Ainda não perdi a esperança, pode até demorar, mas sei que no final, a felicidade vai reinar na nossa família e isso, incluindo o meu pai também. Ele e a Dulce Maria vão se divertir muito juntos, você vai ver. – Ela me deu um sorriso esperançoso e eu alisei seu rosto.

– Eu amo esse seu positivismo, sabia? É impossível ficar triste perto de você. – Dei um beijo em sua testa.

– Ah, é que a minha felicidade transborda, se espalha e contamina as pessoas. – Ela disse convencida levantando os braços no alto.

– Eu achava que nunca mais iria ter essa sensação de felicidade, de sempre ver uma luz no fim do túnel. – Teresa alisou minha barriga e levantou se sentando.

– A nossa felicidade está dentro de nós, Gustavo. Eu só peço que você faça aquilo que o seu coração mandar. – Ela colocou a mão no meu peito. – Não brigue com o pai. Deixe que as nossas atitudes, o nosso amor, falem por si só. E se ainda assim, ele não quiser estar com a gente e conviver com a Dulce Maria, será uma escolha dele. – Teresa disse determinada e eu me sentei na cama de frente a ela.

– Do seu lado, eu tenho equilíbrio e é mais fácil pensar antes de agir. Eu vou fazer o que você diz. – Ela me presenteeou com um sorriso doce e nós voltamos a nos deitar na cama abraçados. Os próximos dias seriam difíceis, mas com ela ao meu lado, eu teria forças pra enfrentar qualquer coisa, inclusive Adolfo Rezende.

Quase não consegui pregar o olho a noite inteira pensando na ligação do Adolfo. Eu queria me encontrar logo com ele para que pudéssemos resolver tudo de uma vez e também, porque sentia que Teresa estava nervosa com a visita dele a Doce Horizonte. Ela mais do que ninguém queria que tudo se resolvesse e que finalmente o pai dela pudesse estar por perto. Teresa poderia não dizer em voz alta, mas sabia que ela o amava e sentia falta dele.

– Você não dormiu, não foi? – Escutei a voz de Teresa baixa e olhei para ela que me encarava com seus olhos sonolentos.

– Não consegui. – Suspirei. Estava tão perdido nos meus pensamentos que não percebi que ela tinha acordado. – Fiquei pensando em como contaria a ele que você está viva. – Teresa se sentou na cama.

– Vai ser uma notícia inesperada e chocante. Por favor, tenha cuidado. Eu não sei como ele vai receber. – Ela disse preocupada.

– Não se preocupe, meu amor. Vazo ruim não quebra. O senhor Adolfo é duro na queda. – Respondi a ela.

– Converse com ele e quando vir uma oportunidade, você conta. Eu também não quero me esconder dele. Não fiz nada de errado. – Ela disse e eu vi a Teresa valente de quando nos conhecemos.

– Tudo bem. É melhor ir acordar Dulce Maria antes que se atrase. Depois que eu deixá-la no colégio, vou procurar o Adolfo. – Disse decidido e ela acenou concordando.

– E agora, cadê o meu bom dia? – Ela perguntou sapeca e eu sorri para ela. Puxei-a para mim e dei um selinho nela.

– Bom dia, meu amor. – Teresa me presenteeou com um sorriso que sabia que era reservado apenas para mim e toda insegurança e maus pensamentos da noite anterior foram embora.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora