Capítulo 37

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Teresa

– Você tem certeza que é isso que você quer? – Escutei sua voz perto, mas não me atrevi a virar para olhá-lo.

– Eu quero que você saia de perto de mim! – Me afastei quando senti sua respiração próxima. – Eu estou cansada e não vou mudar de opinião. Já está decidido e eu não vou voltar atrás! – Segui até a porta do quarto e abri para ele. – Boa noite, Gustavo! – Disse e esperei que ele entendesse que a discussão tinha terminado.

– Eu jamais trairia você, Teresa. Eu amo só você. – Ele disse respirando fundo quando chegou na minha frente.

– Eu não me importo mais. – Virei o rosto pro outro lado e esperei ele sair.

Agora sim podia chorar por toda dor que estava sentindo no peito. Deitei na cama e senti o cheiro do travesseiro de Gustavo. Uma raiva subiu em mim e eu o arremessei do outro lado do quarto. Tudo cheirava a ele e eu não podia suportar aquilo, não iria conseguir permanecer ali, então decidi ir pro quarto da minha carinha de anjo, não me importava se a cama dela fosse pequena para nós duas, eu dormiria até sentada se fosse preciso.

Tinha certeza que não iria conseguir pregar os olhos essa noite, mas quando cheguei no quarto, Dulce Maria não estava na cama. – Onde será que está essa menina? – Estranhei quando vi o banheiro vazio. – Será que está com o pai? – Pensei em ir até o quarto de hóspedes para ver se eles estavam lá, mas não queria dar o gosto do Gustavo achar que eu estava lá por ele ou até de encontrá-lo acordado, então primeiro desci para tomar água. Me assustei ao chegar na cozinha e encontrar o Silvestre. – Silvestre. – Chamei-o baixo e ele me encarou sentado na bancada.

– Dona Teresa, me perdoe, eu não pude dormir. – Ele levantou e me olhou preocupado.

– Você ouviu, não é? – Ele ficou em silêncio e deu um pequeno aceno. – Tudo bem, Silvestre, eu que peço desculpas. Você não está aqui para ouvir a briga do seus patrões. – Abri a geladeira para pegar a água. Sentia que ele me analisava e tinha certeza que minha imagem não era uma das melhores.

– Dona Teresa, eu não estou aqui para me intrometer na vida dos meus patrões. Eu ouvi, mas não ouvi nada. Estive aqui esperando porque precisava falar com a senhora ou com o senhor Gustavo sobre a menina. – Ele me disse calmamente.

– O que aconteceu? Onde ela está? Não está no quarto. – Meu coração bateu preocupado.

– Isso mesmo que eu queria falar. A menina saiu correndo pra casa da Rosana. Parece que ela ouviu a discussão e se assustou. – Ele me disse e eu quase engasguei com a água.

– Ah, meu Deus. Minha carinha de anjo. – Passei a mão no cabelo nervosa. – Deve estar passando mil coisas na cabecinha dela. Obrigada Silvestre, eu vou lá agora mesmo buscá-la e pedir desculpas a Rosana. Você pode ir se deitar agora. – Fui em direção à porta de saída quase correndo e cheguei na casa de Rosana tocando a campainha. Quem me atendeu foi a Juju.

– Teresa! Entre. – Ela me disse apressada.

– Me desculpa chegar assim essa hora, é que eu vim... – Disse e ela me interrompeu.

– Buscar a Dulce, eu sei, não se preocupa. Ela está no meu quarto com a minha mãe. – Nessa hora Rosana apareceu.

– Teresa! Meu Deus, o que aconteceu? Dulce Maria chegou aqui chorando desesperada. – Rosana me disse preocupada.

– Gustavo e eu tivemos uma briga feia. Desculpa Rosana, não queríamos ter te acordado. Onde ela está? – Perguntei ansiosa pra ver a minha filha.

– Ela está dormindo no quarto da Juju. Mas Teresa, vocês estavam tão bem até mais cedo. – Rosana disse sem entender. – O que foi que o Gustavo fez pra vocês brigarem assim? – Ela disse me indicando onde era o quarto. Não respondi porque logo vi minha filha encolhidinha na cama da Juju.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora