Gustavo
Quando Teresa subiu para chamar as crianças para jantar, me virei para olhar para minha família. Todos me olhavam esperando que eu dissesse alguma coisa.
– Como vai ser tudo agora? – Estefânia perguntou depois de um tempo.
– O que você quer dizer? – Perguntei não entendendo aonde ela queria chegar.
– Ué, Gustavo, Teresa voltou depois de três anos. Não tem como as coisas serem como eram antes. – Ela disse como se fosse óbvio e eu continuei sem entender.
– E por que não? Não é como se ela tivesse nos deixado de propósito, Estefânia. Ela perdeu a memória, como ia voltar antes? – Falei na defensiva, mas ninguém me respondeu. – Ainda nos amamos. Não é novidade pra ninguém que eu ainda pensava nela mesmo estando com a Nicole. Eu sei que é estranho, mas Teresa e eu já conversamos sobre isso. Estamos mais do que dispostos a tentarmos novamente. Pelo bem da Dulce, ela precisa da Teresa. Chega de sofrimento para minha filha. – Ouvi risadas e passos vindo de lá de cima e olhei em direção a escada no exato momento em que Teresa desceu com duas crianças, cada uma segurando sua mão e Juju atrás. Eu estava quase certo de que ela já tinha conquistado o Emilio.
– Chegamos! – Dulce gritou correndo em minha direção. Nos dirigimos a mesa já arrumada, hoje a casa estava cheia, mas não poderia estar mais do que feliz com esse jantar, a família estava completa agora. Sentar à mesa e ver Teresa no lugar onde pertencia a ela, deixava meu coração em #pas.
Olhei para ela e a vi me olhando de volta sorrindo daquele jeito que poderia derreter até a maior calota polar, que era presença permanente nos meus sonhos e que eu faria qualquer coisa para mantê-lo vivo. Peguei sua mão dando um beijo singelo nela percebendo que Dulce Maria nos observava. A mesa não cabia todos, nossa família sempre foi pequena, então pedimos para que as crianças jantassem em uma mesa improvisada, perto da nossa, mas Dulce Maria se recusou a deixar o lado da Teresa. Hoje ela estava mais carente e manhosa que nunca.
– Ninguém me deixa ficar perto de você, mãezinha. – Dulce choramingou abraçada a Teresa.
– Não, meu amor, não é isso. É que a mesa não cabe todo mundo. Mas vem, a gente se aperta e você vai jantar aqui pertinho da mamãe e do papai, ham? – As duas me olharam e eu não pude dizer não. No fim, todos se apertaram para caber as crianças a mesa, mas ninguém reclamou. Na verdade, foi ótimo terem o riso dos pequenos no meio da gente, afinal, eles eram da família também.
– Mamãe, agora que a família sabe que você não morreu, você vai morar aquí com a gente, né? Sua casa é aquí e não naquele hotel. – Dulce olhou para Teresa com expectativa.
– Claro que vai, Dulce. Essa casa é dela também. – Falei olhando para Teresa.
– Iupiii!!!! Não vejo a hora de chegar do colégio e te ver aquí, mamãe. A titia vai casar com o tio Victor e vai me deixar. – Dulce se queixou fazendo todos nós rirmos.
– Não vou te deixar nunca, pequena da tia. Lá em casa vai ter um quarto só para você. – Estefânia disse com ternura.
– E é claro que eu vou precisar da minha melhor assistente para fazer o almoço do domingo. – Victor disse e a conversa continuou. Um jantar e um monte de sobremesa depois, as horas passaram que nem percebemos.
Observava Teresa gargalhando com as histórias loucas da Rosana, que eu descobri estar namorando com o delegado Peixoto, e via o quanto ela já estava mais a vontade com a família novamente. Procurei pela Dulce Maria e percebi que tanto ela quanto Emilio já estavam ficando sonolentos, mas nenhum dos dois saiam do pé – literalmente – de Teresa.
– Teresa. – Chamei-a baixinho para não atrapalhar o restante da conversa e ela me olhou. Olhei acenando em direção à Dulce Maria e ela seguiu meu olhar entendendo o recado.
– Minha carinha de anjo, está na hora da você ir dormir. – Ela passou a mão no cabelo de Dulce.
– Não estou com sono, mamãe. – Dulce falou arrastado e na mesma hora soltou um grande bocejo.
– Está na hora do Emilio ir dormir também, antes que comece a babar nos pés da Teresa. – Rosana disse e todos nós rimos. Não foi só eu que percebi então.
– Se despeça de todos, Dulce. – Disse a ela e a vi indo em cada um dar beijo e abraço dizendo boa noite.
– Mamãe, você me põe pra dormir? – Dulce perguntou a mãe se encaixando no meio das pernas dela.
– É claro, minha carinha de anjo. – Teresa se levantou colocando Dulce no colo. – Dê boa noite ao papai. – As duas chegaram perto de mim e Dulce me deu um beijo.
– Até amanhã, papai. Te amo. – Ela agarrou meu pescoço encostando sua bochecha com a minha.
– Até amanhã, minha pequena. – Como Rosana e família iam embora naquele momento, se despediram logo de todos. A vi chegando perto da Teresa e escutei quando ela disse que "depois queria todos os detalhes". Saí de perto porque sabia que aquilo era conversa de mulher. Acabou ficando na sala Estefânia, Victor, Gabriel e eu conversando sobre a noite cheia de surpresas enquanto esperávamos a Teresa colocar a Dulce para dormir e voltar.
Ouvi a campainha tocar depois de um tempo e achei que fosse Rosana que tinha esquecido alguma coisa aqui. Até porque, estava tarde e não esperávamos ninguém. Fui atender, uma vez que tinha dispensado Silvestre e Franciele para dormirem e não acreditei em quem vi parada a minha frente quando abri a porta.
– Cecilia? O que está fazendo aqui? – Perguntei surpreso.
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A volta de Teresa
FanficE se o acidente de asa delta da Teresa não tivesse sido fatal? Se ela tivesse sido dada como morta mas, na verdade, não foi o seu corpo que foi enterrado naquele dia? Por um acaso do destino, Teresa sobreviveu ao acidente que mudou o rumo da sua vid...