Teresa
– O que ela fez? – Gustavo perguntou para a Madre. Olhei para Dulce Maria que permaneceu calada.
– Além de sumir durante horas, deixando de assistir aula, desobedeceu as minhas ordens e o pior, agrediu uma das alunas. Aqui não é ringue para lutas ou coisas do tipo, aqui se exige respeito e educação e Dulce Maria ultimamente está indo contra esses dois princípios do colégio. – A Madre Superiora disse seriamente a nós.
– Como assim, agrediu? – Perguntei surpresa. Minha filha não era desse tipo.
– Ela empurrou a menina e ela bateu com a cabeça na parede deixando um galo no lugar da pancada. – A Madre me respondeu.
– Mas a Frida... – Dulce falou pela primeira vez desde que entramos na sala tentando se justificar.
– Silêncio! – Gustavo exigiu e ela se calou abaixando a cabeça chorando em silêncio.
– Senhores, eu não sei o que está acontecendo na casa de vocês, mas eu peço que os senhores tomem uma atitude com relação ao comportamento de Dulce Maria ou então eu terei que tomar medidas drásticas. – A Madre disse levantando da cadeira e se apoiando na mesa.
– Nós vamos conversar com ela, Madre. – Disse séria e Dulce nos olhou.
– Eu espero, senhora Lários. E espero também que esses dias façam a Dulce Maria refletir. Quando ela voltar, eu quero que ela se desculpe com a colega de sala. Eu tenho certeza que os pais dessa menina estarão aqui daqui a pouco e eu terei que lutar para convencê-los de não pedirem a expulsão da filha de vocês. – A Madre voltou a sentar na cadeira.
– Vamos Dulce Maria, quando chegarmos em casa, vamos conversar muito sério. – Gustavo disse sério e Dulce Maria saiu da cadeira que estava sentada andando na nossa frente de cabeça baixa.
No caminho para casa, eu estava tentando controlar a irritação misturada com compaixão por aquela situação. Os hormônios estavam me deixando a flor da pele e ouvir Dulce fungando no banco de trás do carro não estava ajudando.
– Engula o choro! Ninguém bateu em você. – Exigi sem olhar para ela porque era capaz de chorar também.
– Mas eu só me defendi. – Dulce Maria tentou se explicar mais uma vez.
– Nós vamos conversar quando chegarmos em casa. – Gustavo disse baixo e o seu tom de voz fez Dulce Maria calar a boca. Sabia que ia levar uma bronca enorme e não podia se defender. Vi pelo retrovisor que ela fechou os olhos tentando segurar o choro e quando chegamos em casa, correu direto para as escadas, mas a mão grande de Gustavo a segurou pelo braço parando-a no meio do caminho. – Nem pensar! Senta no sofá agora. – Gustavo mandou trazendo-a com ele e eu me sentei também.
– Que história é essa de você sair brigando com colega na escola, Dulce Maria? Foi isso que a gente te ensinou? A desobedecer sua diretora? – Falei rígida com ela.
– Mãezinha... Ela que começou. A Frida e a Bárbara sempre implicam comigo. – Dulce disse choramingando e me olhou.
– E você acha que bater é certo? Quantas vezes eu vou ter que te falar que brigar não leva a nada? Se elas implicam com você, você deve falar com a sua professora. É pra isso que elas servem. – Respondi ainda irritada com ela.
– Não é de hoje que você se mete em confusão com essas meninas, Dulce Maria, você ainda não aprendeu a não se meter com elas? Quantas vezes vamos ter que colocar você de castigo? – Gustavo cruzou os braços em pé na nossa frente.
– Mas elas disseram que vocês iam me esquecer, por causa do bebê. Eu fugi delas porque não queria acreditar, mas elas têm razão, vocês só brigam comigo agora, não me amam mais, tudo é esse bebê. Tudo! – Dulce levantou correndo em direção as escadas.
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A volta de Teresa
FanficE se o acidente de asa delta da Teresa não tivesse sido fatal? Se ela tivesse sido dada como morta mas, na verdade, não foi o seu corpo que foi enterrado naquele dia? Por um acaso do destino, Teresa sobreviveu ao acidente que mudou o rumo da sua vid...