Capítulo 9

1.1K 66 10
                                    

Esses dois dias que passaram parecia que quando passava uma hora, alguém atrasava o dia em menos duas horas. Não me sentia tão nervosa assim há muito tempo. Finalmente chegou o grande dia e Mônica não saia do meu pé enquanto podia, dizendo que já estava com saudades de mim.

– Ah, minha menina, eu vou sentir tanto a sua falta. – Ela disse enquanto me ajudava a por minhas roupas numa pequena mala.

– Mas eu não vou pra sempre, Moni, eu prometo que volto, não sei quando, mas volto. – Sorri de seu drama.

– Eu sei, mas não alivia a saudade. – Ela choramingou. – Eu já combinei tudo com o Marcelo. Ele vai te buscar na rodoviária e vai te levar para a casa dele, se você quiser. – Ela disse essa ultima parte apressada.

– Obrigada por todo apoio que vocês estão me dando, de verdade. – Abracei-a apertado.

– Olha, eu tenho um dinheiro para você. Não é muito, mas vai te ajudar lá. – Ela estendeu a mão com algumas notas, mas neguei com a cabeça.

– Nem pense nisso, Mônica. Eu não quero seu dinheiro. Guarda pra alguma emergência. – Empurrei o braço dela para longe.

– Essa é uma emergência, Helena. E eu quero te ajudar. – Ela insistiu.

– Você já me ajudou mais que do que imaginei, não precisa. – Neguei mais uma vez.

– Ah, menina teimosa! – Mônica pisou duro em direção à minha bolsa jogando o dinheiro lá dentro. – Não aceito ele de volta. É seu. – Ela cruzou os braços me desafiando a discordar. Suspirei. Não ia levar a nada discutir com ela agora. Ela era cabeça dura tanto quanto eu e alguém tinha que ceder.

Como prometido, Mônica me levou até a rodoviária e nos despedimos ali.

– Prometo que eu volto para te visitar. – Disse a ela.

– Seja feliz, minha menina. E quando vir, traga a sua família. – Ela sorriu se despedindo de mim.

Foi inevitável não chorar enquanto subia no ônibus em direção à Doce Horizonte. Algumas poucas horas depois, estava desembarcando na rodoviária da cidade e lá estava o Marcelo já me esperando.

– Marcelo! – Disse alto chamando sua atenção.

– Helena! – Ele me puxou para um abraço. – Ou será que devo chamar de Teresa? – Ele brincou.

– O que preferir, Marcelo. Eu não me importo. – Dei de ombros sorrindo.

– E agora, para onde você quer ir? Tem a minha casa, mas se você quiser ir para algum hotel ou pousada, eu te levo. – Ele disse pegando a minha mala enquanto caminhávamos para a saída.

– Sabe o que é? Eu prefiro ir para a sua casa. Eu tenho algumas economias aqui, mas não é inteligente gastar metade com hotel né? – Levantei a sobrancelha divertida.

– Boa garota! – Ele deu risada.

Chegamos a casa do Marcelo. Na verdade era um pequeno apartamento no centro da cidade. Perto de prédios comerciais e ruas movimentadas. Não era surpresa ver que o ambiente era totalmente masculino.

– Parece que alguém fez faxina aqui. – Disse sorrindo.

– Você está querendo dizer que minha casa é bagunçada? – Ele disse ofendido e abri a boca pra me desculpar. – Pois se está, eu digo que é mesmo. Mas não deixaria você ficar aqui no meio dela. – Ele piscou para mim. – Agora temos menina em casa. – Eu sorri para ele.

– Prometo que não vou te atrapalhar. – O Marcelo era um cara engraçado. Sempre tentando arrancar o sorriso de quem estivesse por perto. Era bom ter um amigo como ele.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora