Capítulo 26

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– Madre, será que eu posso entrar? – Cecilia bateu na porta da sala da Madre Superiora no internato.

– Cecilia! – Madre disse ao ouvi-la chamar na porta. – Que bom que você veio nos fazer uma visita! – Ela se levantou de sua cadeira e as duas se abraçaram.

– Não podia deixar de vir aqui ver a senhora. – Cecilia sorriu saindo do abraço.

– Você está tão diferente. Tão bonita. – Madre disse emocionada olhando Cecilia dos pés a cabeça.

– Ah, Madre, assim eu fico sem jeito. – Cecilia colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha envergonhada.

– Mas o que devo a sua visita? Você está bem? – Madre perguntou e elas se sentaram.

– Ah, estou levando ainda, sabe? É difícil, mas estou recebendo muita ajuda da Fátima. – Cecilia sorriu para ela.

– E você já sabe o que vai fazer? – Ela encarou Cecilia.

– Ainda não, Madre, estou procurando um emprego pra ajudar nas despesas de casa. – A Madre ficou pensativa nesse momento. – Madre, será que eu posso ver a Dulce? – Cecilia perguntou sem jeito.

– Cecilia, eu já soube que você foi até a casa do senhor Gustavo fim de semana passado tentar falar com a menina e ela não quis. – Ela disse duro para a ex noviça.

– Como a senhora soube? – Cecilia disse espantada.

– O senhor Gustavo veio aqui e me disse. E ainda me disse sobre a esposa. – Ela continuava séria.

– Sim, Madre. – Cecilia abaixou a cabeça.

– Olha, eu sei que tem algum sentimento pelo senhor Gustavo aí dentro, Cecilia, mas agora ele está casado novamente. – A Madre tentou consolar Cecilia. Ela mais do que ninguém sabia que desde o dia que Cecília tinha conhecido Gustavo Lários, algo dentro dela tinha mudado. E a consequência disso foi Cecília abandonar o hábito.

– Não precisa me dizer, Madre. Eu já sei que agora ele é um homem impossível. Eu fui até lá tentar me desculpar pelo dano que causei a minha pequena. E é por isso que estou aquí, queria poder falar com ela. – Cecilia disse triste.

– Tudo bem, Cecilia. Vou pedir para chamarem Dulce Maria e a irmã Fabiana. Ela vai ficar feliz em te ver. – A Madre ligou para a recepção do colégio pedindo para que buscassem as duas. Enquanto procuravam por Dulce Maria e Fabiana, Madre e Cecilia conversavam sobre a nova vida dela. – Cecilia, por que você não vem dar aula aqui? Você é professora, não vejo problema em continuar dando aulas as meninas. – Madre a incentivou.

– É sério, Madre? Eu ia adorar! Iria continuar vendo todo mundo e a Dulce Maria! – Cecilia disse empolgada.

– Claro, Cecilia. Você faz falta pra essas meninas aqui. – As duas continuaram combinando sobre a ideia de Cecília dar aula no internato e logo Fabiana chegou com Dulce Maria.

– Cecilia! – Fabiana correu para abraçar Cecilia forte. – Saudades de você! – As duas se emocionaram.

– Eu também, Fabiana. – Cecilia disse olhando para Dulce Maria. – Oi, pequena. Vim aqui falar com você e te ver. – Ela disse se aproximando devagar de Dulce.

– Eu não quero falar com você e nem te ver! – Dulce Maria gritou e saiu chorando da sala da Madre espantando as três que estavam ali presentes. Cecilia chorou com a rejeição da Dulce e a Madre pediu para que ela ficasse calma.

– Como posso ficar calma se a minha pequena não quer me ver, Madre? – Cecilia chorava magoada.

– Eu vou atrás dela. – Fabiana saiu da sala da Madre procurando por Dulce Maria em todo o colégio não a encontrando em lugar nenhum. – Onde essa menina se meteu? – Fabiana pensou alto. – Já sei! Na sala de música! – Fabiana chegou até a sala e encontrou Dulce Maria encolhida debaixo do móvel que guardava as cifras de músicas. – Pequena! – Ela disse baixinho escutando Dulce chorar.

– Eu não quero vê-la, irmã Fabiana. Não quero. – Dulce choramingou no lugarzinho.

– Não faz assim, pequena, ela gosta tanto de você. – Fabiana se ajoelhou perto dela.

– Eu quero a minha mãezinha, irmã Fabiana. Pede pra minha mãezinha vir aqui, por favor? – Dulce fungou e a olhou com os olhinhos tristes.

– Eu não tenho como ligar pra ela, pequena. Só a Madre. – Fabiana respondeu com pesar.

– Então pede pra Madre ligar, por favor irmãzinha, pede pra ela vir aqui. Eu quero a minha mãezinha. – Dulce suplicou.

– Tudo bem, Dulce, vamos até lá pedir a Madre. – Fabiana ficou em pé.

– Não. Eu quero ficar aqui. A Cecilia está lá e eu não quero vê-la. Vou ficar aqui até minha mãezinha chegar. – Dulce se encolheu ainda mais debaixo do móvel e Fabiana ficou com pena dela. Ela voltou pra sala da Madre.

– Achou ela? – Madre perguntou preocupada.

– Sim. Está na sala de música. Mas não quer sair de lá. Ela pediu, implorou pela mãe. – Fabiana disse sentida.

– Tudo isso é culpa minha. Olha o que estou fazendo com a minha pequena. – Cecilia disse se sentindo culpada.

– Eu vou ligar pro senhor Gustavo vir até aqui. Essas birras da Dulce Maria estão passando dos limites. – Madre disse brava discando o número do Gustavo.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora