Capítulo 13

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     Conversamos tanto que nem vimos a hora passar. Nenhum dos dois queria dormir e perder esse tempo precioso que a vida tinha nos dado novamente. Conversamos sobre de tudo um pouco, Gustavo contou várias coisas sobre os últimos anos, assim como eu. Lá pelas tantas, ele resolveu buscar café para ele enquanto eu velava o sonho da Dulce.

– Irmãzinha. Não vai embora! Irmãzinha... – Dulce choramingou se mexendo. Meu coração estava apertado com tudo isso. Ela realmente era apegada a essa "irmãzinha".

– Minha carinha de anjo. – Tentei acordá-la. – Dulce! – Vi seus olhos abrindo.

– Mamãe, você ainda está aqui. – Ela disse surpresa ao me ver.

– É claro que estou, minha filha. Nunca mais vou te deixar. – Ela fechou os olhinhos e pensei que tivesse dormido de novo.

– A irmãzinha Cecília foi embora. – Ela abriu os olhos novamente.

– Eu sei, minha carinha de anjo. – Alisei seu cabelo tentando consolá-la.

– Ela me deixou. Será que nunca mais vai voltar? – Ela perguntou triste.

– Eu não sei te dizer. Mas se ela foi embora, é porque ela precisava pensar na vida dela um pouquinho, Dulce. Deve ter sido difícil pra ela. Eu não acho que ela foi embora pra sempre. – Dei um beijo em sua cabeça.

– Pelo menos você está aqui, mamãe. Eu não sei se meu coração aguentaria outra pessoa que eu amo indo embora. Você e a irmãzinha Cecília são as duas mulheres femininas que eu mais amo no mundo. – Sorri para ela.

– Volte a dormir, minha carinha de anjo. Ainda é noite. – Ajeitei seu cobertor e dei um beijo na sua testa.

– Vem dormir aqui comigo, mamãe. – Ela pediu manhosa e eu me ajeitei com ela na cama. Sorri quando ela rastejou pra cima de mim. – Seu colo é quentinho, mamãe. Senti falta do seu cheiro de mamãe. – Ela disse com o rostinho escondido em meu pescoço.

Me atrevi a cantar baixinho uma música de ninar que não sabia que conhecia. Ela dormiu quase imediatamente. Algum tempo depois, Gustavo nos encontrou assim.

– O que houve? – Ele perguntou nos olhando.

– Ela teve um sonho com a Cecilia, mas agora dormiu de novo. – Ele deu um beijo na cabeça dela e depois na minha sentando perto da gente.

Fechei os olhos para descansar um pouco e não sei que horas aconteceu, mas a próxima coisa que eu lembro é da Dulce me chamando. Acordei e já era dia.

– Eu quero ir embora, mamãe. – Ela disse exatamente do mesmo jeito que foi dormir, em cima de mim. Procurei Gustavo pelo quarto, mas ele não estava.

– Vamos esperar seu pai chegar, ham? Ele deve ter ido conversar com o médico. Agora, cadê meu beijo de bom dia? – Dulce agarrou meu rosto e deu um beijo em cada uma das minhas bochechas me abraçando.

– Bom dia, mamãe. – Ela sorriu e voltou a se aconchegar em meu colo.

– Bom dia, minha carinha de anjo. Vamos lavar o rosto e escovar o dentes? – Cutuquei sua barriga ajudando-a a levantar da cama e a levei até o banheiro.

– Sabe, mamãe, eu estive pensando... – Ela disse enquanto lava as mãos.

– A essa hora? – Respondi brincando e ela deu uma risadinha.

– Minha cabeça nunca para de funcionar, mamãe. – Ela disse com cara de sapeca. – Mas então, se você voltou, você e o papi ainda são casados? – Ela parou me encarando.

– Eu acho que sim, minha carinha de anjo, não entendo dessa coisa de lei, por quê? – Estranhei sua pergunta.

– Porque agora ele não pode mais casar com ninguém, né? Ele ia se casar com a Nicole, mas eu não gostava dela. Eu queria que ele se casasse com alguém que fosse parecida com você, como a irmãzinha Cecília que cuida de mim desde quando entrei no internato. – Ela disse inocente.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora