A minha cabeça doía. Podia ouvir um zumbido ao lado. Onde eu estava? Tentei forçar os olhos a abrirem, mas eles estavam pesados. Pisquei várias vezes até que finalmente podia enxergar. Estava no hospital de novo. Olhei para o lado e Mônica estava sentada dormindo.
– Mônica? – Falei baixinho e ela imeditamente acordou.
– Minha menina! Que susto você me deu. – Ela disse vindo ao meu lado.
– O que aconteceu? – Perguntei sem entender.
– Você desmaiou. E eu te trouxe para cá. – Fui atingida com imagens do que estava fazendo antes. Eu no quarto com toda a minha vida descoberta. Comecei a lembrar de tudo e aquela vontade de chorar voltou, mas engoli o choro. Precisava ter forças para enfrentar o que viria a frente. – Está melhor? – Mônica me perguntou passando a mão no meu rosto.
– Eu lembrei, Mônica. – Disse a ela com convicção.
– De tudo? – Ela me olhou surpresa.
– Não. Quero dizer, ainda falta boa parte do passado, mas eu lembrei do meu acidente. Do dia que era pra eu ter morrido. Eu lembro. – Contei para ela o que eu descobri antes de desmaiar, sobre o acidente, Gustavo e a minha filha, Dulce Maria.
– Não posso acreditar, menina! – Mônica me disse com um choro contido, mas de alegria.
– Ela é linda, Mônica. – Respondi sorrindo. – Tem uma carinha de anjo que se você vir, vai se derreter. – Falei emocionada. – Seu aniversário de seis anos foi final de semana passado. Estou tão triste que nem lembrava o aniversário dela. Que tipo de mãe eu sou? – Falei desesperada e cobri o meu rosto com as minhas mãos.
– O tipo de mãe que faz qualquer coisa por seu filho. Não fique pensando nas coisas que você perdeu, minha menina, pense que agora você sabe. Você lembra dela e você vai voltar para ela. – Ela apertou a minha mão com carinho.
– Será que ela já me esqueceu? Ela era tão pequena, Mônica, não sei como vou chegar para ela e dizer que não morri. – Sentia o desespero tomar conta de mim.
– Um filho nunca esquece de sua mãe, assim como uma mãe nunca esquece de seu filho. Ela saberá que é você. – Mônica me tranquilizou. – E o que pensa em fazer agora? – Ela me perguntou e eu fiquei em silêncio, na verdade, eu não sabia. Aliás, eu sabia. No meu coração, eu sabia o que fazer. Já não podia mais esperar um minuto para ver a minha filha de novo. Tocar nela, abraçá-la, beijá-la.
– Eu vou voltar para Doce Horizonte. – Disse decidida.
– Você tem certeza disso? Não quer esperar mais um pouco? – Ela perguntou surpresa.
– Não, Mônica, não posso esperar mais nem um minuto. Preciso voltar, preciso ver a minha família e eles precisam saber que estou viva. – Respirei fundo certa do que queria fazer.
– Mas e se você passar mal de novo? Como vai chegar lá se não conhece nada? – Ela disse preocupada.
– Eu tenho certeza que no momento em que chegar em Doce Horizonte, eu vou saber para onde ir. – Olhei para ela e ela estava com uma carinha de preocupação. – Mônica, eu sei que você se preocupa comigo. Sei que você guarda um carinho muito grande por mim desde o dia que me conheceu e, acredite, sem você, eu não saberia nem para onde ir. – Sorri para ela e segurei a sua mão. – Mas está na hora de eu andar com os meus próprios pés. Está na hora de eu voltar para onde eu pertenço. – Vi lágrimas rolarem pelo seu rosto e a puxei para um abraço.
– Eu sei, minha menina, mas é que é difícil. Eu já me acostumei com você, a cuidar de você. – Ela disse me apertando.
– E eu aprecio imensamente tudo o que fez por mim. E eu prometo que não vou te esquecer. Você sempre será como uma mãe para mim e eu vou voltar para te ver. – Nos soltamos do abraço e ela sorriu.
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A volta de Teresa
FanfictionE se o acidente de asa delta da Teresa não tivesse sido fatal? Se ela tivesse sido dada como morta mas, na verdade, não foi o seu corpo que foi enterrado naquele dia? Por um acaso do destino, Teresa sobreviveu ao acidente que mudou o rumo da sua vid...