Capítulo 30

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      Acordei quando o Dr. André me chamou pelo ombro. Nem sequer tinha percebido que tinha adormecido sentado na cadeira ao lado da cama de Teresa.

– Desculpa, dormi sem querer. – Me levantei dando passagem para ele.

– Não tem problema, você devia estar cansado. Eu vim aqui dar uma olhada nela e saber se você precisa de alguma coisa. – Dr André disse compreensivo.

– André, me diz a verdade, ela corre algum risco? – Perguntei preocupado.

– Gustavo, eu não sei como foi o tratamento dela ou com quem foi, mas pelos exames, não há com que se preocupar agora. Ela só precisa tomar cuidado com o estresse. – Ele me disse sincero.

Continuamos conversando por mais um tempo, mas logo saímos para tomar um café para contar a ele toda a história, deixando Teresa dormindo. Voltei em pouco tempo para seu quarto e encontrei um homem perto da cama dela.

– Quem é você? – Perguntei parado na porta. – Saia de perto da minha esposa. – Respondi sério e o homem recuou pra longe.

– Calma, cara. – Ele disse levantando as mãos. – Eu só vim ver a Helena. Você deve ser o Gustavo. Prazer, eu sou o Marcelo. – Ele estendeu a mão pra mim, mas não apertei e ele a guardou sem graça.

– Então é você o amigo dela. E o nome dela é Teresa. – Caminhei para perto da cama de Teresa ficando entre ela e ele.

– Eu sei, eu sei. Mas eu a conheci como Helena. E ela não se importa se eu chamá-la assim. – Marcelo deu de ombros olhando para Teresa.

– Como você descobriu que ela estava aqui? – Perguntei cruzando os braços.

– Eu trabalho aqui. E sua família não é tão desconhecida assim para não gerar fofoca pelos corredores. Eu só vim vê-la na paz. Faz tempo que não nos falamos. Se eu contar pra minha tia que eu vi a menina dela no hospital, acho que ela tem uma parada cardíaca. – Ele disse sem tirar os olhos dela.

– Quão próximo você era da Teresa quando ela morava na casa da sua tia? – Essa dúvida estava na minha cabeça desde o primeiro dia que encontrei com a Teresa.

– Nah, a gente se viu poucas vezes, mas nos tornamos amigos. Eu não vou mentir que tentei algo mais, ela é uma mulher que não passa despercebida pelos lugares. –  Fechei meu punho pra conter o ciúme. – Mas ela estava focada em lembrar de sua vida e voltar pra casa. Ela deixou claro para mim que não haveria nada entre nós, então, viramos amigos. – Ele deu de ombros. – Olha, eu sei que você pode não gostar de mim, a Helena... Teresa me contou, mas não se preocupe, eu aprendi a considerá-la como uma irmã por causa da minha tia Moni. – Balancei a cabeça aceitando seu discurso, eu sentia sua sinceridade. Estendi a mão para ele e nos cumprimentamos. Ele perguntou o que tinha acontecido e eu expliquei o que o Dr. Sales me disse. Eu via o carinho e a preocupação nos olhos dele.

– Me conta mais sobre a vida da Teresa quando ela morava com a sua tia. – Nos sentamos no sofá do quarto.

– Ah, a minha tia adora a Helena. Ela a tratava como uma filha. Desde que chegou no hospital, minha tia cuidou sempre dela e depois, a Helena foi morar com ela. – Ele me disse.

– Ela me disse que foi você quem descobriu toda a história do acidente. – Lembrei dos papéis que a Teresa tinha me mostrado logo quando reapareceu.

– Sim, foi um trabalho duro, mas vejo que valeu a pena. A Helena merece ser feliz. – Sorri olhando para a Teresa.

– É estranho ouvir chamarem ela de Helena. – Confessei a ele.

– Foi a minha tia que deu esse nome a ela, assim que ela acordou sem memória. – Marcelo sorriu e eu acenei. Ele logo foi embora pedindo para que a Teresa não deixasse de manter contato com ele e eu voltei a sentar ao lado de Teresa, sem conseguir dormir. Em pouco tempo, percebi o dia amanhecendo.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora