Faltando poucos dias para o Natal, a nossa casa já estava decorada para o dia. As coisas não tinham melhorado entre Teresa e eu e cada vez mais sentia que nada que eu fizesse podia mudar a situação. Me sentia frustrado ao saber que minha esposa estava passando por um problema e não me deixava ajudá-la. Dulce Maria passava mais tempo na casa de Estefânia do que na sua própria casa justamente para que não visse a mãe naquele estado.
– Pelo amor de Deus, Teresa! Eu não aguento mais! – Falei alto. – Você está trancada nesse quarto há semanas. Você precisa reagir. Eu não sei mais o que fazer para que Dulce Maria não ache que a mãe não gosta mais dela. – Passei a mão no meu cabelo nervoso.
– O que você quer que eu faça? Eu simplesmente não consigo, Gustavo. Não consigo sair daqui. Me dói tudo. – Pela primeira vez a vi chorando depois que saiu do hospital, mas não me atrevi a chegar perto dela com medo de mais uma rejeição.
– Você precisa sair desse luto, Teresa. Se não for por você, por mim, que seja pela sua filha. Dulce está em casa agora, ela está vendo você. Sabe o que ela me disse? – Teresa negou de cabeça baixa. – Que sente falta de você cantando pra ela quando ia dormir. Você nem sequer está indo dar boa noite pra ela. – Ela chorava em silêncio e me partia o coração. – Pensa no que você está fazendo. Eu também perdi o meu filho, mas continuo sendo pai e você continua sendo mãe. – Saí do quarto a deixando sozinha e escutei a campainha tocar.
– Será que eu posso falar com o Gustavo? – Escutei a voz do mau caráter do Flávio Escobar falando com Silvestre.
– O que você está fazendo aqui, Flávio? – Perguntei ríspido enquanto descia as escadas.
– Eu preciso falar com você, Gustavo. – Ele disse parado no meio da sala.
– Com licença. – Silvestre disse e saiu.
– Nós não temos nada para falar, por favor, se retire da minha casa. – Ainda estava irritado por causa da discussão com Teresa e a presença dele não estava me ajudando.
– O assunto que eu tenho para falar é muito importante e envolve o acidente da sua esposa. – Ele me encarou sério.
– O que você sabe sobre isso? – Questionei-o.
– Eu sei mais do que você pensa. Sei também que não foi um acidente. – Flávio disse sério.
– O que você quer dizer? – Olhei para ele confuso.
– Que eu sei quem foi que atropelou a sua esposa e matou seu filho. – Me espantei com o que disse.
– O que você quer, Flávio, vá direto ao assunto. – Disse irritado.
– Aqui está a prova do que o que estou falando é verdade. Mas, eu quero algo em troca. – Ele mostrou um gravador me deixando intrigado.
– Dinheiro. – Respondi meio óbvio.
– Uma boa quantia para eu sumir de Doce Horizonte. – Ele me chantageou.
– Quanto? – Perguntei impaciente..
– 250 mil reais. – Flávio disse e eu parei o encarando.
– Isso é muito. – Disse assustado.
– Ora, Gustavo, isso é pouco para o que tem aqui nesse gravador. Não é muito para quem perdeu um filho. – Flávio pressionou e eu passei a mão no cabelo pensando.
– Eu vou precisar saber o que realmente está gravado aí. Eu não confio em você, Flávio. – Voltei a ficar sério.
– Não tenho nada a perder com isso. – Flávio deu de ombros e apertou o play do gravador.
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A volta de Teresa
FanfictionE se o acidente de asa delta da Teresa não tivesse sido fatal? Se ela tivesse sido dada como morta mas, na verdade, não foi o seu corpo que foi enterrado naquele dia? Por um acaso do destino, Teresa sobreviveu ao acidente que mudou o rumo da sua vid...