Capítulo 59

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      Faltando poucos dias para o Natal, a nossa casa já estava decorada para o dia. As coisas não tinham melhorado entre Teresa e eu e cada vez mais sentia que nada que eu fizesse podia mudar a situação. Me sentia frustrado ao saber que minha esposa estava passando por um problema e não me deixava ajudá-la. Dulce Maria passava mais tempo na casa de Estefânia do que na sua própria casa justamente para que não visse a mãe naquele estado.

– Pelo amor de Deus, Teresa! Eu não aguento mais! – Falei alto. – Você está trancada nesse quarto há semanas. Você precisa reagir. Eu não sei mais o que fazer para que Dulce Maria não ache que a mãe não gosta mais dela. – Passei a mão no meu cabelo nervoso.

– O que você quer que eu faça? Eu simplesmente não consigo, Gustavo. Não consigo sair daqui. Me dói tudo. – Pela primeira vez a vi chorando depois que saiu do hospital, mas não me atrevi a chegar perto dela com medo de mais uma rejeição.

– Você precisa sair desse luto, Teresa. Se não for por você, por mim, que seja pela sua filha. Dulce está em casa agora, ela está vendo você. Sabe o que ela me disse? – Teresa negou de cabeça baixa. – Que sente falta de você cantando pra ela quando ia dormir. Você nem sequer está indo dar boa noite pra ela. – Ela chorava em silêncio e me partia o coração. – Pensa no que você está fazendo. Eu também perdi o meu filho, mas continuo sendo pai e você continua sendo mãe. – Saí do quarto a deixando sozinha e escutei a campainha tocar.

– Será que eu posso falar com o Gustavo? – Escutei a voz do mau caráter do Flávio Escobar falando com Silvestre.

– O que você está fazendo aqui, Flávio? – Perguntei ríspido enquanto descia as escadas.

– Eu preciso falar com você, Gustavo. – Ele disse parado no meio da sala.

– Com licença. – Silvestre disse e saiu.

– Nós não temos nada para falar, por favor, se retire da minha casa. – Ainda estava irritado por causa da discussão com Teresa e a presença dele não estava me ajudando.

– O assunto que eu tenho para falar é muito importante e envolve o acidente da sua esposa. – Ele me encarou sério.

– O que você sabe sobre isso? – Questionei-o.

– Eu sei mais do que você pensa. Sei também que não foi um acidente. – Flávio disse sério.

– O que você quer dizer? – Olhei para ele confuso.

– Que eu sei quem foi que atropelou a sua esposa e matou seu filho. – Me espantei com o que disse.

– O que você quer, Flávio, vá direto ao assunto. – Disse irritado.

– Aqui está a prova do que o que estou falando é verdade. Mas, eu quero algo em troca. – Ele mostrou um gravador me deixando intrigado.

– Dinheiro. – Respondi meio óbvio.

– Uma boa quantia para eu sumir de Doce Horizonte. – Ele me chantageou.

– Quanto? – Perguntei impaciente..

– 250 mil reais. – Flávio disse e eu parei o encarando.

– Isso é muito. – Disse assustado.

– Ora, Gustavo, isso é pouco para o que tem aqui nesse gravador. Não é muito para quem perdeu um filho. – Flávio pressionou e eu passei a mão no cabelo pensando.

– Eu vou precisar saber o que realmente está gravado aí. Eu não confio em você, Flávio. – Voltei a ficar sério.

– Não tenho nada a perder com isso. – Flávio deu de ombros e apertou o play do gravador.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora