– Primo, acho melhor a gente ir. Preciso ver Alice, ela ficou o dia todo com a Solange. Você quer que eu leve a Dulce? – Estefânia me perguntou.
– Eu quero ficar aqui. – Dulce pediu pra mim com as mãos unidas.
– Aqui não é lugar pra você, Dulce. E além do mais, a mamãe deve dormir por algumas horas. Vá pra casa com sua tia e amanhã, eu prometo que você vem ver a mamãe, tudo bem? – Coloquei-a no chão e ela fez uma carinha de manha.
– Você vai ficar aqui? – Ela me perguntou.
– Sim. Vou cuidar da mamãe e do seu irmão. – Sorri para ela. Ela se deu por vencida e nos despedimos.
Voltei pro quarto de Teresa e, como era de se esperar, ela ainda estava dormindo. Me ajeitei na poltrona ao lado da cama dela e fechei os olhos por um segundo. O cansaço já estava batendo. Aproveitei que Teresa estava dormindo e meu filho bem cuidado e dormi um pouco. Acordei de súbito e vi imediatamente um par de olhos castanhos me observando. Não tinha ideia de quanto tempo dormi.
– Olá, dorminhoco. – Teresa sorriu para mim.
– Quanto tempo dormi? – Me ajeitei na poltrona sentindo uma dor nas costas.
– Um monte. Você devia estar bastante cansado mesmo, não acordou nem quando a enfermeira veio aqui me ver. – Teresa disse se afastando um pouco na cama. – Venha aqui. – Ela chamou e eu olhei pra janela vendo o céu começar a clarear.
– Vou te machucar. – Respondi ainda sentado. A vi fazendo beicinho e suspirei. Eu não resistia ao beicinho. Levantei da poltrona e me sentei ao seu lado.
– A enfermeira falou que já, já traz o nosso filho pra eu amamentá-lo. Ela disse que ele é um comilão. – Teresa disse divertida e eu sorri.
– Você descansou? – Alisei seu rosto dando um beijo nela.
– Um pouco sim. Cadê a Dulce? – Ela perguntou deitando a cabeça em meu ombro.
– Veio ontem, mas você estava dormindo. Estefânia vai trazê-la mais tarde. – Senti sua cabeça balançar e nós ficamos em silêncio por um momento. Ainda sentia meu corpo cansado.
– Quero ver a minha carinha de anjo. – Escutei seu suspiro e vimos a porta do quarto abrir devagar com uma enfermeira trazendo nosso filho no bercinho.
– E eu acho que tem alguém querendo te ver. – Levantei da cama sorrindo para meu filho que estava igual um pacotinho todo embrulhado.
– Alguém precisa comer, mamãe. – A enfermeira disse e eu peguei meu filho no colo. Teresa se ajeitou na cama e eu o entreguei. Ela colocou ele para mamar e a enfermeira nos deixou à sós depois que viu que o bebê tinha pego o peito da mãe sem cerimônia.
– Precisamos de um nome para ele. – Ela disse baixinho enquanto ninava nosso filho em seu colo.
– Você escolhe. – Alisei a cabeça dele sentado na cama ao lado dela.
– Eu gosto de Benício ou Benjamin. – Ela me olhou serena com seus olhos castanhos iluminados. Sorri para os nomes.
– Seja bem vindo ao mundo, Benício. – Falei o nome que mais gostei baixinho para nosso filho que se mexeu no colo dela fazendo um ruídozinho.
– Acho que ele gostou. – Teresa disse sorrindo. Benício abriu os olhos por um momento ao ouvir o som da voz da mãe e fechou rápido. Seus olhos eram duas bolas de chocolate.
– Ele tem seus olhos. – Admirei a cena dela amamentando nosso filho.
– Agora estamos quites. A Dulce tem seus olhos e Benício tem os meus. – Teresa disse sorrindo e eu dou um beijei nela.
– Obrigado por esse presente. – Sussurrei perto dela e ficamos vendo nosso filho comer.
Depois que Benício comeu e voltou a dormir, não demorou muito para Estefânia aparecer no quarto com uma Dulce Maria agitada.
– Mamãe! – Ela disse alto. Teresa e eu falamos um "xiii" ao mesmo tempo vendo se Benício tinha acordado e ela tapou a boca com as duas mãos. – Desculpa. – Ela sussurrou chegando perto da cama da mãe. Coloquei-a sentada na cama e ela abraçou Teresa.
– Oi, minha carinha de anjo. – Teresa segurou a cabeça de Dulce e beijou seu cabelo.
– Mamãe, esse é o meu irmão mesmo? – Ela perguntou olhando pro bebê no berço. – Ele tem cara de joelho. – Ela fez careta e demos risada.
– Mas é porque ele só tem algumas horinhas de vida, bonequinha, depois ele vai ficar bonito como você. – Estefânia disse olhando pra ela.
– Qual o nome dele? Já escolheram? – Ela perguntou e eu peguei Benício no colo.
– Dulce, diga oi para o seu irmão, Benício. – Cheguei perto dela e o entreguei a Teresa. Dulce olhou o irmão de pertinho e beijou a cabeça dele docemente.
– Bem vindo, Beni. – Ela sussurrou e Benício se mexeu. Vi Teresa sorrir com o apelido que Dulce tinha dado.
– Vou precisar de você pra cuidar do Beni, minha carinha de anjo. Você me ajuda? – Teresa disse olhando pra ela que não tirava os olhos do irmão.
– Sim, mamãe. Eu vou ser sua assistente número um. Quero dizer, dois, porque eu vou deixar pro papi trocar a fralda dele. – Ela fez careta tampando o nariz e sorrimos dela.
No terceiro dia, Teresa já tinha tido alta para ir para casa. Eu não via a hora de poder sair daquele hospital e levar nosso filho para nossa casa. As semanas seguintes foram intensas com um recém nascido e uma criança de sete anos. Teresa quase não descansava, mas era visível a sua felicidade quando amamentava nosso Beni, como Dulce Maria o chamava.
– Mamãe, o Beni acordou! – Escutei a voz alta de Dulce Maria chegando nas escadas enquanto estávamos na sala conversando com o pai da Teresa que veio do Mato Grosso do Sul para conhecer o neto. Adolfo estava radiante por poder, dessa vez, conviver desde o início com ele. Logo em seguida, escutamos o choro de Benício vindo da babá eletrônica.
– Obrigada por avisar, minha carinha de anjo. – Teresa se levantou para ir buscá-lo.
– Não, sente-se. Eu vou vê-lo. – Puxei-a para que se sentasse novamente e fui atrás do meu filho. O que eu podia fazer para dar um descanso para Teresa, eu fazia. Teve um dia que ela estava tão cansada que não ouviu o choro do Benício e muito menos quando eu o coloquei para mamar. Sorte que ela estava dormindo em uma posição favorável pra deixá-lo comer em paz. Ela sequer se mexeu. Dormia como uma pedra.
Cheguei no quarto e Benício estava inquieto. Teresa tinha acabado de amamentá-lo, então não poderia ser fome o que o fez acordar. Peguei-o no colo e logo senti o cheiro de que ele precisava trocar a fralda. Esse moleque fazia umas obras que só podia ter vocação pra ser engenheiro, sinceramente. Depois de ter aprendido, ou reaprendido a trocar a fralda e dar banho no meu filho, eu já estava craque em fazer isso sem precisar da Teresa supervisionando.
– Pronto, papai, você já está limpo de novo. – Sorri para ele que se acalmou e eu coloquei-o no colo ninando.
– A gente caprichou, não é? – Escutei a voz de Teresa na porta do quarto e sorri. Claro que ela teria que vir ver o nosso filho. – Nosso Benício é todo um príncipe, igual ao pai. – Ela sorriu vindo em nossa direção e permaneceu junto a mim, enquanto Benício voltava a dormir.
– O nosso pequeno chegou pra completar a nossa família. – Admirei-o dormindo em meus braços, mas logo coloquei-o de volta no berço. Teresa me puxou para um beijo e ficamos ali velando o sono dele.
– Eu te amo, Gustavo. – Ela disse baixinho e alisou minha barba com a ponta do seu dedo. Beijei-a novamente e ela me puxou para sairmos do quarto e deixarmos nosso filho dormir em paz.
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A volta de Teresa
FanfictionE se o acidente de asa delta da Teresa não tivesse sido fatal? Se ela tivesse sido dada como morta mas, na verdade, não foi o seu corpo que foi enterrado naquele dia? Por um acaso do destino, Teresa sobreviveu ao acidente que mudou o rumo da sua vid...