Capítulo 43

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      As horas voaram e Rosana começou a me apressar para ir para casa. Eu não entendi porque a pressa, mas ela disse que era porque Juju estava sozinha com o Emilio e tinha medo dos dois terem colocado fogo na casa. Sorri ao imaginar que seria exatamente assim daqui a alguns anos quando Dulce Maria estivesse maior e seu irmãozinho ou irmãzinha tivesse a mesma idade que o Emilio. Eles teriam seis anos de diferença. Depois de Rosana me presentear com um sapatinho branco dizendo que seria o primeiro presentinho do bebê, voltamos para casa cansadas. Pelo menos, eu estava. Cansada e com fome. Parecia que aqueles enjoos era somente um aviso do que estava crescendo dentro de mim. Cheguei em casa e o silêncio reinava. Pelo visto, Dulce Maria e Gustavo ainda não tinham chegado e Silvestre e Franciele deviam estar nos fundos. Fechei a porta de casa e o que eu escutei me assustou como um inferno.

– Oi. – Escutei perto de mim e me virei rápido demais para a voz encontrando o Gustavo parado bem a minha frente.

– Gustavo! O que você está fazendo aqui? E o que é tudo isso? – Segui em direção a sala vendo a mesa posta para um jantar a dois.

– Quis te fazer uma surpresa. – Olhei para ele com raiva e o vi com as mãos dentro dos bolsos da calça incerto.

– Você planejou tudo isso? Onde está Dulce Maria? – Cruzei os braços incrédula.

– Está com a Rosana. – Ele me olhou com o olhar de cachorro que caiu da mudança.

– O que? Como ela chegou até lá? A Rosana sabia disso? – Não acreditei que a Rosana estava por dentro de tudo e não me disse nada. Então era isso a pressa dela pra voltarmos logo para casa.

– Eu pedi a ela. Implorei, Teresa. Pedi para ela me ajudar a fazer isso pra você e não se preocupe, ela falou um monte pra mim, mas resolveu me ajudar. Até a Dulce Maria sabe e não se importou de ficar lá essa noite só para que os pais pudessem conversar. – Ele se aproximou de mim. – Eu fiz tudo isso pra você porque eu te amo. – Eu não ia chorar agora. Esses hormônios estavam começando a me matar. – Eu preparei um jantar pra gente, como antigamente, que fazíamos isso sem motivo nenhum, quando era só nós dois. Eu quero estar com você essa noite, nem que seja para comermos em silêncio se é isso que você quer, mas se não, eu só te peço que você me escute, só essa noite, Teresa. E então, amanhã a gente pode se divorciar, se for essa a sua vontade. – Ele disse desesperado e eu tive uma vontade enorme de abraçá-lo. As lágrimas pinicaram meus olhos e eu respirei fundo.

– Tudo bem. – Falei baixinho e ele abriu um sorriso que era dirigido só para mim. – O que você fez? O cheiro está... queimando! – Disse assustada.

– Meu Deus, a comida! – Gustavo correu para a cozinha e eu fui atrás. O cheiro de salsa verde invadiu as minhas narinas e a única coisa que eu consegui fazer foi correr para a pia e despejar tudo o que tinha comido durante todo o dia. Gustavo desligou o fogão e se virou para mim, segurando meu cabelo enquanto eu botava as tripas para fora. – O que foi isso? – Ele perguntou preocupado alisando minhas costas.

– Tira essa comida daqui! O que foi que você fez? – Meu estômago doia agora e eu vi Gustavo jogando a comida fora.

– Era pra ser a sua preferida, Chilaquiles. Será que eu não consigo nem fazer uma comida direito? – Ele disse e sua voz parecia frustrada.

– Não, Gustavo, não é sua culpa. Eu realmente não estou muito bem ultimamente. – Disse sentindo pena dele.

– Por que você não foi ao médico? – Ele me entregou um copo com água.

– Não achei que precisava, mas eu prometo que amanhã eu vou, tudo bem? – Coloquei a mão no seu braço e apertei. – Por que você não prepara aquela salada que só você sabe fazer enquanto eu vou lá em cima escovar os dentes? Eu desço em um minuto. – Ele sorriu como um menino e me deu um beijo na bochecha.

A volta de TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora