Capítulo 56: Chance única

3K 356 634
                                    

Draco

Hermione ligou para a recepcionista do Ministro logo após decidirmos que eu viria sozinho, marcou uma reunião, concordamos que se a ideia é "fazer um acordo" deveria se parecer com algo mais formal, aparecer de surpresa não me pareceu algo muito formal por isso acabamos marcando. Não demorou muito tempo para que Rufus a confirmasse, mas deve ter dado tempo o suficiente para ele aumentar consideravelmente o número de seguranças na sua sala porque da última vez que estivesse aqui não me lembro de ter encontrado tantos assim.

- Estão todos me ouvindo? - Pergunto discretamente, cobrindo a boca com a manga do sobretudo para que os seguranças não se questionem sobre o porquê de eu estar falando sozinho.

- Alto e claro. - Harry é quem responde, e pelo barulho de reclamação no fundo tenho quase certeza de que Hermione ia responder e o moreno passou desesperadamente na frente.

- Vou entrar. - Uma última respirada profunda, é agora ou nunca.

A recepcionista pede aos seguranças que me acompanhem até dentro da sala do Ministro, o qual já se encontra sentado na sua mesa. O escritório de Rufus não é bem como eu esperava, pela bagunça parece que tem passado mais tempo aqui dentro do que o necessário. Tem caixas e papéis espalhados por todos os lados, seus livros que deveriam estar organizados nas estantes estão desordenados pelo sofá, a única parte parcialmente arrumada é a sua mesa, por uma dedução rápida deve ter sido a única parte que ele se deu o trabalho de arrumar.

Rufus está virado para a enorme janela atrás de si, o segurança alto e capaz de derrubar dois pessoas com um único soco é quem chama a sua atenção para que se vire em nossa direção. O Ministro assim como a sala também não está em seu melhor estado, as roupas estão arrumadas, assim como o cabelo, mas as olheiras embaixo dos seus olhos são bem aparentes, do mesmo modo que o arroxeado na sua boca que indica que ele anda fumando... significativamente.

- Senhor Malfoy, tenho que ser franco ao dizer que não esperava uma visita sua. - Por outro lado o tom de voz que carrega uma falsa simpatia continua o mesmo, da mesma forma que o sorriso forçado.

- Ministro, tenho que ser franco ao dizer que não esperava lhe visitar, mas motivos maiores do que eu me trouxeram aqui. - Aproximo-me da mesa para aceitar o cumprimento que ele me oferece.

- Bom, ao que devo a honra?

- Espero não estar sendo inconivente, nem abusando da sua boa vontade, contudo me sinto na obrigação de dizer que o assunto que aqui me trouxe é um pouco pessoal... para você, então se aceitar uma sugestão eu diria que seria uma boa ideia dispensar esses seguranças. - Falsa simpatia também é uma habilidade que eu domino muito bem.

O Ministro me olha com os olhos semicerrados, claramente refletindo se vale ou não a pena dispensar os seguranças, o que poderia ser tão pessoal para ele que valeria o risco de ficar sozinho com o filho do Comensal da Morte que ele mais odeia? Mantenho o sorriso forçado no meu rosto, a expressão impassível, nenhuma brecha para que ele perceba o assunto, a sua curiosidade é uma das minhas armas nesse momento.

- Está bem. - Depois de longos segundos Rufus acaba concordando, dando a ordem de retirada com um aceno de mão, deixando-nos finalmente sozinhos. - Agora que já resolvemos esse empecilho vou perguntar novamente, ao que devo a honra?

- Ministro, o que o senhor acha sobre segredos? Acha que eles podem se manter secretos eternamente? - Em outra situação agora eu cruzaria as pernas, entrelaçaria as mãos e jogaria a cabeça para trás, a primeira parte desse gesto conjunto é meio impossível na atual circunstância, porém me contento em fazer o resto.

- É uma pergunta bem peculiar, senhor Malfoy.

- É apenas um questionamento que me ocorreu, gostaria de saber a sua opinião sobre ele.

Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora