Dois Opostos

Capítulo 66: Memorável

Harry

Talvez essa tenha sido a ideia mais inesperada que já tive na minha vida, ou talvez uma das, porque eu já tive muitas ideias inesperadas. Decidi trazer Draco para cá de tarde quando acordei, quando desci aquelas escadas da Casa dos Blacks e me deparei com algumas fotos de Sirius espalhadas pela mesa da cozinha, olhei ao redor procurando por Narcisa, mas não a encontrei, então me aproximei mais fotos, inicialmente fiquei com receio em vê-las, medo que ao as olhar eu me debulhasse em lágrimas, porém por algum motivo encontrei nelas mais respostas do que perguntas.

Algumas das fotos eram de Sirius e Regulos, outras de família, outras dele com Narcisa, várias com meu pai e Lupin, me demorei muito nas fotos em que meu pai estava presente, concedendo a minha mente o direito de vagar entre memórias perdidas de sua voz na minha cabeça, mas teve uma foto em especifico que me chamou muito a atenção, Lupin estava escorado contra uma parede, acredito que em Hogwarts, vestia o uniforme da Grifinória da maneira mais certinha possível, Sirius estava na frente dele, com as mãos apoiadas uma da cada lado do seu corpo, os dois se olhavam de uma forma tão intensa, tão... bonita, não parecia o mesmo olhar que ele direcionava para o meu pai, era... diferente.

Meu pai estava do lado deles fazendo uma careta pra foto, pelo jeito foi uma foto na qual os dois foram pegos desprevenidos, uma zoeira dos seus amigos, porém o que realmente me deixou perdido na foto foi o olhar deles um para o outro, o mesmo tipo de olhar que Draco e eu nos direcionamos todos os dias, que Blásio direciona para Pansy, Rony para Hermione. É um olhar de amor.

- Eles eram o casal mais bonito da escola. - Narcisa falou, nem havia percebido que ela estava ali até a ouvir falando. - Se minha opinião serve pra alguma coisa.

- Casal? - Perguntei, não conseguindo esconder o tom de surpresa na minha voz, sempre achei que Remus e Sirius se olhavam com uma intensidade surreal, mas nunca pensei por esse lado, nunca mesmo.

- Você não sabia? Sirius o pediu em namoro acho que umas cinco vezes na frente de todo mundo, foi recusado em todas as cinco, mas tenho certeza que era só porque Lupin adorava vê-lo pedindo novamente. - Não consegui deixar de rir, pensando que isso seria realmente muito a cara dos dois.

- Qual foi o melhor pedido? - Questionei, me interessando pelo assunto que até então eu nem sabia que existia.

- O melhor? - Narcisa puxou uma cadeira, se sentando na minha frente, seu olhar parecendo nostálgico. - Acho que foi um que o Potter e o Pettigrew levaram uma guitarra e uma bateria e tocaram enquanto Sirius começou a cantar, horrivelmente se for para ser sincera. Não sei o que foi melhor, o fato que Pettigrew não sabia tocar guitarra, que Sirius não sabia cantar, ou se foi quando Filch chegou e eles começaram a correr em círculos tentando fugir.

- Como Remus tinha coragem de recusar?

- O não dele era mais um sim do que não, porque Sirius virava a cara pra ele por cinco minutos, depois eles já estavam abraçados. Quase nunca se beijavam, acho que era porque James odiava ficar de vela ou algo parecido com isso.

Peguei a foto novamente, a olhando dessa vez notando ainda mais sentido nela, mais sentimento.

- Achei essas fotos em uma gaveta quando me mudei, não tinha tido coragem de olhá-las ainda...

- Elas são lindas.

- São lindas mesmo, mas eu sinto.... tantas coisas quando as vejo. - Narcisa permaneceu em silêncio por alguns minutos, até que se voltou para mim. - Eu queria te dar um conselho, Harry. Posso?

- Sou todo ouvidos.

- Sirius e Remus no fim de tudo não conseguiram viver metade do que tenho certeza que eles sonhavam, porque pelo que eu me lembro de Sirius, ele era o tipo de cara que sonhava alto. James morreu, Sirius foi preso, Pettigrew se tornou um comensal. A gente tem o costume de pensar que vai ter tempo pra viver um grande amor no futuro, que poderemos viver tudo aquilo que sonhamos, mas as vezes o tempo corre, corre depressa, e se você não corre junto com ele, acaba que vnão vive metade das coisas que queria, porque achou que teria tempo, mas não teve.