Draco
Blásio se coloca ao meu lado enquanto caminhamos para o Salão Comunal. Estamos sozinhos porque Pansy, por ser a monitora-chefe, está à frente da fila, e Goyle parece que se perdeu no meu caminho como de costume.
- Potter está babando em você. - Comenta, me fazendo saltar os olhos por alguém ter percebido a atenção diferente e inusitada que Potter anda me dando, porque sim, é completamente inusitado esse novo comportamento dele.
- Ele quer ser o Salvador de tudo e todas as pessoas, apenas está tentando fazer com que eu também o ache tão bom quanto os outros acham. - Explico, dando de ombros.
Minha frase possui certa verdade, acredito que Potter só está se aproximando para poder acariciar seu belo ego, sabendo que todos, inclusive um Malfoy, são capazes de adorá-lo, de endeusá-lo. Pena que isso não vai acontecer, nunca vou adorar Harry Potter.
- E por que ele estaria tentando te fazer pensar assim? - Blásio pergunta, arqueando uma das sobrancelhas. Sei que está tentando me encurralar em suas perguntas, me forçando a dar a resposta que ele quer. É assim que Zabini funciona.
- Porque eu sou a pessoa menos provável capaz de demonstrar qualquer afeição pelo Testa Rachada, então se ele conseguisse fazer eu não o detestar, seria uma grande realização, não é? - Respondo, e dessa vez me pego pensando se realmente sou assim tão improvável de ter alguma afeição por Potter, porque de alguma forma lembrar de seus olhos verdes me olhando tirar a roupa, ou de seu olhar encantado ao me ver sorrir, me geram uma sensação diferente do comum, do que estou acostumado a sentir perto dele, não é ódio, nem raiva e muito menos desconforto, é uma sensação de... calma?
O que me deixa mais chocado é que não estou achando ruim.
- E você é realmente incapaz de ter algum sentimento por ele? - Zabini rebate, me pegando de surpresa.
Mexo no anel no meu dedo, ficando sem palavras durante alguns minutos, mas logo recupero o controle da situação, agindo como se não tivesse nenhuma dúvida sobre seu questionamento. Por mais que, na verdade, eu tenha várias.
- Claro que sou capaz de demonstrar sentimentos por ele... - Blásio me olha abismado, e eu rio contidamente da sua expressão. - Consigo demonstrar tranquilamente que o odeio com todas as minhas forças.
- Você não presta, Malfoy. - Fala, dando risada de forma bem menos contida.
- E qual é a surpresa disso? - Retruco, arqueando uma das sobrancelhas, soltando um riso fraco e malicioso que o faz corar levemente antes de rir e me dar um soco sutil no ombro.
- Se você quer que eu seja sincero...
- Não quero não, dispenso. - Replico, vendo-o revirar os olhos e ignorar completamente minha resposta.
- Que bom que você concorda comigo. - Eu ia dizer que não concordei, mas seria tempo perdido porque ele vai falar o que quer de qualquer jeito. - Potter não está tentando fazer você gostar dele porque quer acariciar o ego, apesar de que ele realmente tem um ego bem alto.
- O que você está querendo dizer, Blásio?
- Potter está finalmente caindo em si sobre os sentimentos dele, sentimentos os quais você deveria se tocar também. - Antes que eu possa responder qualquer coisa para sua afirmação confusa e sem sentido, todos os alunos param para prestar atenção em Pansy, que passa a senha do dia da nossa comunal, "Exploding Bonbons". Aparentemente todas nossas senhas esse ano serão relacionadas com alimentos mágicos.
Assim que chegamos as Masmorras fico impressionado ao ver que a porta de entrada foi redecorada. Na sua frente agora existe uma parede com grades para realmente representar masmorras.
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...